Saturday, March 19, 2005

Da corrosão do carácter

É com frequência assinalável que me interrogo o que nos leva a estimar alguém (e digo estimar para não entrar em discussões estéreis sobre o reportório emocional humano, um dia lá chegaremos). Poderia dizer que são os seus valores, a sua educação, mas estimo pessoas em quem vejo, sem a mínima dúvida ou angústia, traços de profunda desonestidade ou simples desconsideração séria e profunda para com outrem. Portanto, não é a integridade que, pelo menos para já, me move. Dá-se a coincidência de estas pessoas exercerem em mim um qualquer fascínio, porque na realidade dá-me gozo ouvi-las falar. Perdoo-lhes o mau carácter, porque até nas suas corrosões apresentam uma espécie de código de ética absolutamente instantâneo (só juntar água a ferver). Se calhar foi de ter torcido sempre pelos índios nos filmes, quando era pequena.
Poderia, então, dizer que é o interesse que aquela pessoa me merece. Mentira. Estimo pessoas absolutamente chatas e sem mudanças, cujas vidas estão sempre na mesma, não são carne nem são peixe, casam e têm filhos porque sim, como se lhes perguntassem por que razão escolhem esquerda em vez de direita, pergunta à qual respondem com um simples encolher de ombros. São uns robozinhos adoráveis. Mas prezo-os e valorizo-lhes a sua fidelidade canina. São, no entanto, as primeiras pessoas que procuro quando preciso de um ben-u-ron e estou com febre.
Poderia dizer, então, que é pela gratidão. Mas as pessoas que mais amo já me faltaram, e não as amo menos por isso. Já me morreram, e já as matei por isso, mas não as amo menos. Más línguas poderiam dizer, agora, 'pelo contrário'.
Não sei. Mas este texto que se segue explica bem o que procuro (ou não...) nas alminhas que me rodeiam.

THE INVITATION
by Oriah Mountain Dreamer

It doesn't interest me what you do for a living. I want to know what you ache for, and if you dare to dream of meeting your heart's longing.

It doesn't interest me how old you are. I want to know if you will risk looking like a fool of love, for your dream, for the adventure of being alive.

It doesn't interest me what planets are squaring your moon.

I want to know if you have touched the center of your own sorrow, if you have been onpened by life's betrayals or have become shriveled and closed from fear of further pain.

I want to know if you can sit with pain, mine or your own, without moving to hide it or fade it, or fix it.

I want to know if you can be with joy, mine or your own, if you can dance either wildness and let the ecstasy fill you to the tips of your fingers and toes without cautioning us to be careful, to be realistic, to remember the limitations of being human.

It doesn't interest me if the story you are telling me is true. I want to know if you can dissappoint another to be true to yourself; if you can bear the accusation of betrayal and not betray your own soul; if you can be faithless and therefore trustworthy.

I want to know if you can see beauty even when it's not pretty, every day, and if you can source your own life from its presence.

I want to know if you can live with failure, yours and mine, and still stand on the edge of the lake and shout to the silver of the full moon, "Yes!".

It doesn't interest me to know where you live or how much money you have. I want to know if you can get up, after the night of grief and despair, weary and bruised to the bone, and do what needs to be done to feed the children.

It doesn't interest me who you know or how you came to be here. I want to know if you will stand in the center of the fire with me and not shrink back.

It doesn't interest me where or what or with whom you have studied. I want to know what sustains you, from the inside, when all else falls away.

I want to know if you can be alone with yourself and if you truly like the company you keep in the empty moments.

3 comments:

Anonymous said...

by fiona bacana

Anonymous said...

Ah! Bem me parecia que faltava algo, mas pela escrita reconheci logo a tua caligrafia! ;)
Andreia

Anonymous said...

uau, já tenho direito ao reconhecimento estilístico...
«gostava de agradecer a todos os que me acompanharam neste caminho » LOL

fiona bacana