Saturday, March 19, 2005

Das 'Memórias das minhas putas tristes'

Não, ainda não comprei o último (e pelos vistos mesmo o último) livro de Gabriel Garcia Márquez.
Quando hoje passava por uma livraria, cenas de um filme passado há muito assaltaram-me a memória. Foi por tua culpa, Andreia. Puseste-me a pensar sobre se não teremos feito parte de um projecto qualquer no colégio, do género 'lavagem cerebral para adolescentes indulgentes'.
Mas, dizia eu, o título do livro remeteu-me imediatamente para aquela gente cuja fotografiazinha consta desse instrumento hediondo, verdadeira criatura do demo, chamada anuário. E lembrei-me daquela fotografia, 9º ano e 14 anos e qualquer coisa. Camisas brancas e um ar de quem vivia em permanente êxtase existencial. Acontecia sempre alguma coisa, sentia-se sempre alguma coisa. E lembrei-me de como carinhosamente nos tratávamos: de puta. Puta Sandra, Puta Joana, Puta Sara.
Se isto fosse um guião de uma história, seria a altura em que eu vos dizia que acho que temos uma marca geracional. Todos fomos obrigados, amargamente obrigados, a constatar a violência do óbvio, rotundo e factual: nem o pedro é jogador de futebol, nem eu vivo num loft em manhatan. Não uso óculos de massa grossa e raramente bebo café por uma caneca com o meu nome.
Algumas de nós já casaram, algumas de nós até já tiveram filhos, mas acho que nenhuma de nós conseguiu ainda lidar com o que perdemos, por muito que tenhamos ganho entretanto (carreira, família, prestígio, autonomia).
E, posto isto, páro esta minha hemorragia e vou-me arranjar para um jantar de uma outra matilha, a quem me referirei mais dia menos dia.

fiona bacana

3 comments:

Anonymous said...

:-)

Andreia

Anonymous said...

va, podes dizer à sara...:)
bxz,
fiona bacana

Anonymous said...

Já lhe enviei um email! Aguardemos agora comentários!! eheheh

Mas voltando à lavagem acho que o facto de termos corrido esse risco me tornou uma pessoa mais atenta! *risos*

Andreia