Volta e meia sinto um sufoco que me aperta, aperta bem apertadinho na minha garganta. Os sinais são fáceis de notar: começo a perder skills sociais. Já não tenho pachorra para atender o telemóvel, olho para ele a tocar e simplesmente não atendo (porque não me apetece). Não se trata (gostaria eu!) de uma qualquer posição de fundo do género não gosto que invadam a minha privacidade assim de forma tão contundente e abrupta. Depois começo a ter dificuldade em ser tolerante com as obrigações sociais - do género de custar responder a um simples bom dia. O sorriso social, uma alavanca tão extraordinária, passa a ser difícil de executar. E aí só me apetece pegar no carro e fugir. E desapareço, nem que seja por um só dia.
Durante anos questionei-me sobre este hábito. Porque, na realidade, mal desapareço, começo a pensar nas pessoas que me rodeiam. Então, what the fuck for? Aceitei, e felizmente aceitaram à minha volta, que faz parte de mim. Não é defeito, é feitio.
No entanto, tenho de voltar à raíz da coisa. E descobri no processo de rehab, que mais do que a linearidade vontade de fugir - evitamento, esta resposta surge tão somente quando os custos de alteração do cenário ameaçador são maiores do que os custos de manutenção. É como se viesse à superfície para respirar, recuperar o fôlego para voltar a mergulhar. Aceitei, portanto, que há coisas que não posso mudar e que me incomodam. E, antes que me confrontem com a minha eventual inconsistência economicista, torne-se claro que os custos de que falo são necessariamente emocionais, subjectivos, intangíveis - só são custos porque eu os vejo como tal.
Interrogo-me, agora, sobre os custos que este mecanismo tem numa vida a dois. O conhecimento tácito, e o reconhecimento do outro em mim, há-de salvar a pele das acusações de distanciamento, evitamento e fuga.
Hopefully.
by fiona bacana
Tuesday, August 30, 2005
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