A3 Braga-Porto. Noite cerrada.
« -Não podes ir um bocado mais devagar?
- Desculpa, pensei que estavas a dormir...estavas tão calada.
- Dormir? Tu sabes que eu não consigo dormir em viagem, num carro.»
Há coisas na vida que quando mudam, mudam para sempre. Depois das pessoas que perdi, nunca mais deixei de olhar para um carro como uma carrinha funerária. E nunca mais consegui fechar os olhos, por 2 segundos que seja.
by fiona bacana
Friday, April 29, 2005
Do Mozart, do Ralph e da Albi
«Tu
Tu és um saco de pulgas.
Tu nunca tiveste um minuto de trabalho.
Tu lambes a cara de desconhecidos só com a única intenção de me envergonhar.
Por vezes, tresandas como uma manta velha, mal cheirosa e húmida.
Não és apenas daltónico, tu nem sequer sabes distinguir uma carpete de um sofá.
Tu finges que achas a palavra 'não' incompreensível.
Tu insistes em partilhar o teu desafinado latido com a vizinhança inteira.
Tu és a coisa mais preguiçosa, suja, teimosa e presunçosa que conheci em toda a minha vida.
MAS EU ACHO QUE ÉS PERFEITO.»
(Ode ao cão, Pedigree Pal)
Emociono-me a olhar para os meus 3 cães. São de uma aceitação incondicional, amam-me porque sim, porque sou eu. Nada mais. Onde é que no mundo se encontra uma coisa assim?
by fiona bacana
Tu és um saco de pulgas.
Tu nunca tiveste um minuto de trabalho.
Tu lambes a cara de desconhecidos só com a única intenção de me envergonhar.
Por vezes, tresandas como uma manta velha, mal cheirosa e húmida.
Não és apenas daltónico, tu nem sequer sabes distinguir uma carpete de um sofá.
Tu finges que achas a palavra 'não' incompreensível.
Tu insistes em partilhar o teu desafinado latido com a vizinhança inteira.
Tu és a coisa mais preguiçosa, suja, teimosa e presunçosa que conheci em toda a minha vida.
MAS EU ACHO QUE ÉS PERFEITO.»
(Ode ao cão, Pedigree Pal)
Emociono-me a olhar para os meus 3 cães. São de uma aceitação incondicional, amam-me porque sim, porque sou eu. Nada mais. Onde é que no mundo se encontra uma coisa assim?
by fiona bacana
Wednesday, April 27, 2005
Astros (Moon and Back)
Entro em casa e penso num banho quente de emersão. Pouso as coisas como quem se livra de correntes. Suspiro. Olho pela janela da sala e deparo-me com o Sol. Um Sol vermelho, daqueles que te dizem que o dia apesar de cansativo foi bom, que foi lindo, que o céu esteve azul, que a lua esteve sempre lá, sem se dar por ela. Na verdade ela esteve sempre por cima das minha cabeça, ou nas costas. Eu olho pelos ombros e não dou por nada! Perdi-me compenetrado no pôr do sol e o tempo passou. Há estrelas. Há uma noite fantástica e o banho ficou para trás. Sinto-me submerso, ecstasiado. Através do sofá subo a janela e me sento. Observo as pessoas e nada sobre elas me ocorre. Apenas eu. Eu. Sorrio. Abano com a cabeça porque as imagens passam, correm, jorram. Martini com gelo e limão num copo de cocktail pela extravagância. Sinto os meus olhos brilharem com a luz da lua e subo ao céu sentado, ainda. Vejo os astros e quase os toco! Que loucura!....que viagem......, que sensatez! Que copo vazio. Um banho de emersão. Emergi!
Friday, April 22, 2005
Eu sabia
Sabia que ia acontecer.
Sabia que um dia acordar e iria finalmente perceber que tu não estavas ao meu lado.
Sabia que ia perder o meu norte, o meu sul.
E sabia que a partir desse dia, nada seria igual.
O meu mundo hoje parou porque eu não sei SER sem ti.
De nada adianta o que fumo, o que bebo, o que tomo, o que faço durante o dia, o que sonho durante a noite, porque nada me devolve a ti.
De nada me adianta ler o que me escreveste e lembrar o que disseste, porque só torna tudo ainda muito maior. E, é verdade, «o amor é uma doença quando nele julgamos ver a nossa cura». Tu não és a minha cura, mas és a minha doença e eu já não sei viver de outra forma.
Eu sei, tenho de seguir a minha vida sem ti. E sei que é o melhor para nós, porque 'nós' já não existimos, o futuro não nos deixa.
Talvez um dia eu consiga lidar com isto, se eu conseguir um dia, um só dia em que não faça o ponto de comparação. Já que perdi o 'amor da minha vida', talvez consiga o 'homem da minha vida'. E sim, talvez um dia eu consiga seguir outros caminhos. Mas, pelo menos para já, tudo me parece impossível sem ti.
by fiona bacana
Sabia que um dia acordar e iria finalmente perceber que tu não estavas ao meu lado.
Sabia que ia perder o meu norte, o meu sul.
E sabia que a partir desse dia, nada seria igual.
O meu mundo hoje parou porque eu não sei SER sem ti.
De nada adianta o que fumo, o que bebo, o que tomo, o que faço durante o dia, o que sonho durante a noite, porque nada me devolve a ti.
De nada me adianta ler o que me escreveste e lembrar o que disseste, porque só torna tudo ainda muito maior. E, é verdade, «o amor é uma doença quando nele julgamos ver a nossa cura». Tu não és a minha cura, mas és a minha doença e eu já não sei viver de outra forma.
Eu sei, tenho de seguir a minha vida sem ti. E sei que é o melhor para nós, porque 'nós' já não existimos, o futuro não nos deixa.
Talvez um dia eu consiga lidar com isto, se eu conseguir um dia, um só dia em que não faça o ponto de comparação. Já que perdi o 'amor da minha vida', talvez consiga o 'homem da minha vida'. E sim, talvez um dia eu consiga seguir outros caminhos. Mas, pelo menos para já, tudo me parece impossível sem ti.
by fiona bacana
Wednesday, April 20, 2005
D' A intérprete
Sean Penn e Nicole Kidman. Dois actores inevitavelmente Hollywood mas que têm inevitável qualidade. E digo inevitável porque gostaria de não gostar deles. Lá está, por serem muito Hollywood. Mas a verdade é que são bons, 'I am Sam' fala por si próprio e 'Eyes Wide Shut' vive muito de Nicole Kidman.
Mas não quero dar uma de crítica de cinema.
É só engraçado, para não dizer, surpreendente, irónico, como um filme sobre questões políticas é sobre tudo menos questões políticas.
É a realidade da perda. A inevitabilidade da perda. Transmitir a alguém uma perda.
Já me tinha esquecido (e isto pode parecer muito paradoxal) o quão difícil foi dizer ao meu pai que o pai dele tinha morrido. Revivi, naquela sala de cinema, o oscilar entre o dever da tarefa e o estado de embutimento em que estava. Parecia que não era real.
E, depois, a minha mãe agarra-me a mão, como sempre faz quando há uma parte do filme que é assustadora. E o que me veio à cabeça foi: quanto mais tempo eu vou ter este luxo de ter a minha mãe a dar-me a mão num cinema?
E chorei. Se calhar não foi por acaso que aconteceu num cinema.
by fiona bacana
Mas não quero dar uma de crítica de cinema.
É só engraçado, para não dizer, surpreendente, irónico, como um filme sobre questões políticas é sobre tudo menos questões políticas.
É a realidade da perda. A inevitabilidade da perda. Transmitir a alguém uma perda.
Já me tinha esquecido (e isto pode parecer muito paradoxal) o quão difícil foi dizer ao meu pai que o pai dele tinha morrido. Revivi, naquela sala de cinema, o oscilar entre o dever da tarefa e o estado de embutimento em que estava. Parecia que não era real.
E, depois, a minha mãe agarra-me a mão, como sempre faz quando há uma parte do filme que é assustadora. E o que me veio à cabeça foi: quanto mais tempo eu vou ter este luxo de ter a minha mãe a dar-me a mão num cinema?
E chorei. Se calhar não foi por acaso que aconteceu num cinema.
by fiona bacana
Habemus Papam
A nomeação do Cardeal Ratzinger como o novo Papa só confirma que o Papa Bento XVI será um Papa de transição. Menos mal. Ao menos dura pouco tempo.
Foi uma oportunidade perdida de capitalizar o trabalho e carisma de João Paulo II. Não a nível teológico, mas a nível político. Foi uma oportunidade perdida de adaptar a Igreja Católica aos novos tempos. Ratzinger é um 'ultra-conservador'. Não sei como será como político, como será ou se será sequer capaz até de continuar o diálogo inter-religioso tão bem dinamizado por João Paulo II.
Como é que eu posso olhar para Ratzinger se, para mim, João Paulo II era semi-progressista?
Esperar que não seja verdade o que dizem.
Que Ratzinger não seja 'o inquisidor dos tempos modernos'.
Que não seja verdade que, 'na actual Igreja Católica ninguém pode ser considerado mais polémico que Joseph Ratzinger pelas suas posições intransigentes sobre a investigação teológica, a homossexualidade, o aborto e o diálogo inter--religioso'.
Que não seja verdade que, 'vendo o fascismo em acção, o Ratzinger de hoje acredita que o melhor antídoto para o totalitarismo político é o totalitarismo eclesiástico'.
Que não seja verdade, QUE NÃO SEJA VERDADE, que Ratzinger 'acredita que se deve negar a comunhão a quem defende o aborto, conselho que não hesitou em enviar, por carta, ao cardeal Theodore McCarrick, de Washington'.
Que não seja verdade 'que o Vaticano enviou uma carta assinada por Ratzinger, reforçando que o documento "Crimine solicitationes", de 1962, deveria continuar a ser aplicado. Este documento, da autoria de João XXIII, dá instruções aos bispos católicos de todo o mundo para «encobrir» casos de abuso sexual, porque se não o fizerem correm o risco de serem expulsos da Igreja. '
by sherley bacana
excertos de reportagem sobre o Cardeal Ratzinger in 'A Capital'
Foi uma oportunidade perdida de capitalizar o trabalho e carisma de João Paulo II. Não a nível teológico, mas a nível político. Foi uma oportunidade perdida de adaptar a Igreja Católica aos novos tempos. Ratzinger é um 'ultra-conservador'. Não sei como será como político, como será ou se será sequer capaz até de continuar o diálogo inter-religioso tão bem dinamizado por João Paulo II.
Como é que eu posso olhar para Ratzinger se, para mim, João Paulo II era semi-progressista?
Esperar que não seja verdade o que dizem.
Que Ratzinger não seja 'o inquisidor dos tempos modernos'.
Que não seja verdade que, 'na actual Igreja Católica ninguém pode ser considerado mais polémico que Joseph Ratzinger pelas suas posições intransigentes sobre a investigação teológica, a homossexualidade, o aborto e o diálogo inter--religioso'.
Que não seja verdade que, 'vendo o fascismo em acção, o Ratzinger de hoje acredita que o melhor antídoto para o totalitarismo político é o totalitarismo eclesiástico'.
Que não seja verdade, QUE NÃO SEJA VERDADE, que Ratzinger 'acredita que se deve negar a comunhão a quem defende o aborto, conselho que não hesitou em enviar, por carta, ao cardeal Theodore McCarrick, de Washington'.
Que não seja verdade 'que o Vaticano enviou uma carta assinada por Ratzinger, reforçando que o documento "Crimine solicitationes", de 1962, deveria continuar a ser aplicado. Este documento, da autoria de João XXIII, dá instruções aos bispos católicos de todo o mundo para «encobrir» casos de abuso sexual, porque se não o fizerem correm o risco de serem expulsos da Igreja. '
by sherley bacana
excertos de reportagem sobre o Cardeal Ratzinger in 'A Capital'
Tuesday, April 19, 2005
Das fitas e dos adeus (ou até qualquer dia)
Quando disse 'até já' à minha casa mãe (e a sempre mui nobre e leal FPCEUP continuará sempre a ser a minha casa, esteja onde estiver!), uma das músicas da minha banda sonora na época era esta que vos cito. Quem passou pela ascenção à mortalidade (leia-se acabar o curso), percebe certamente as minhas palavras. Até hoje, escrevo isto nas fitas de quem acho que merece.
by fiona bacana
«Ladies and Gentlemen of the class of ’99: (ok, eu acabei em 2000...)
If I could offer you only one tip for the future, sunscreen would be it. The long term benefits of sunscreen have been proved by scientists whereas the rest of my advice has no basis more reliable than my own meandering experience…I will dispense this advice now.
Enjoy the power and beauty of your youth; oh, never mind; you will not understand the power and beauty of your youth until they have faded. But trust me, in 20 years you’ll look back at photos of yourself and recall in a way you can’t grasp now how much possibility lay before you and how fabulous you really looked….You’re not as fat as you imagine.
Don’t worry about the future; or worry, but know that worrying is as effective as trying to solve an algebra equation by chewing bubblegum. The real troubles in your life are apt to be things that never crossed your worried mind; the kind that blindside you at 4pm on some idle Tuesday.
Do one thing everyday that scares you
Sing
Don’t be reckless with other people’s hearts, don’t put up with people who are reckless with yours.
Floss
Don’t waste your time on jealousy; sometimes you’re ahead, sometimes you’re behind…the race is long, and in the end, it’s only with yourself. Remember the compliments you receive, forget the insults; if you succeed in doing this, tell me how.
Keep your old love letters, throw away your old bank statements.
Stretch
Don’t feel guilty if you don’t know what you want to do with your life…the most interesting people I know didn’t know at 22 what they wanted to do with their lives, some of the most interesting 40 year olds I know still don’t.
Get plenty of calcium.
Be kind to your knees, you’ll miss them when they’re gone.
Maybe you’ll marry, maybe you won’t, maybe you’ll have children, maybe you won’t, maybe you’ll divorce at 40, maybe you’ll dance the funky chicken on your 75th wedding anniversary…what ever you do, don’t congratulate yourself too much or berate yourself either – your choices are half chance, so are everybody else’s.
Enjoy your body, use it every way you can…don’t be afraid of it, or what other people think of it, it’s the greatest instrument you’ll ever own.
Dance…Even if you have nowhere to do it but in your own living room.
Read the directions, even if you don’t follow them. Do NOT read beauty magazines, they will only make you feel ugly.
Get to know your parents, you never know when they’ll be gone for good. Be nice to your siblings; they are the best link to your past and the people most likely to stick with you in the future.
Understand that friends come and go,but for the precious few you should hold on. Work hard to bridge the gaps in geography in lifestyle because the older you get, the more you need the people you knew when you were young.
Live in New York City once, but leave before it makes you hard; live in Northern California once, but leave before it makes you soft.
Travel.
Accept certain inalienable truths, prices will rise, politicians will philander, you too will get old, and when you do you’ll fantasize that when you were young prices were reasonable, politicians were noble and children respected their elders. Respect your elders.
Don’t expect anyone else to support you. Maybe you have a trust fund, maybe you have a wealthy spouse; but you never know when either one might run out.
Don’t mess too much with your hair, or by the time you're 40, it will look 85.
Be careful whose advice you buy, but, be patient with those who supply it. Advice is a form of nostalgia, dispensing it is a way of fishing the past from the disposal, wiping it off, painting over the ugly parts and recycling it for more than it’s worth.
But trust me on the sunscreen.
Buz Luhrman, 'Don't forget to wear sunscreen'
by fiona bacana
«Ladies and Gentlemen of the class of ’99: (ok, eu acabei em 2000...)
If I could offer you only one tip for the future, sunscreen would be it. The long term benefits of sunscreen have been proved by scientists whereas the rest of my advice has no basis more reliable than my own meandering experience…I will dispense this advice now.
Enjoy the power and beauty of your youth; oh, never mind; you will not understand the power and beauty of your youth until they have faded. But trust me, in 20 years you’ll look back at photos of yourself and recall in a way you can’t grasp now how much possibility lay before you and how fabulous you really looked….You’re not as fat as you imagine.
Don’t worry about the future; or worry, but know that worrying is as effective as trying to solve an algebra equation by chewing bubblegum. The real troubles in your life are apt to be things that never crossed your worried mind; the kind that blindside you at 4pm on some idle Tuesday.
Do one thing everyday that scares you
Sing
Don’t be reckless with other people’s hearts, don’t put up with people who are reckless with yours.
Floss
Don’t waste your time on jealousy; sometimes you’re ahead, sometimes you’re behind…the race is long, and in the end, it’s only with yourself. Remember the compliments you receive, forget the insults; if you succeed in doing this, tell me how.
Keep your old love letters, throw away your old bank statements.
Stretch
Don’t feel guilty if you don’t know what you want to do with your life…the most interesting people I know didn’t know at 22 what they wanted to do with their lives, some of the most interesting 40 year olds I know still don’t.
Get plenty of calcium.
Be kind to your knees, you’ll miss them when they’re gone.
Maybe you’ll marry, maybe you won’t, maybe you’ll have children, maybe you won’t, maybe you’ll divorce at 40, maybe you’ll dance the funky chicken on your 75th wedding anniversary…what ever you do, don’t congratulate yourself too much or berate yourself either – your choices are half chance, so are everybody else’s.
Enjoy your body, use it every way you can…don’t be afraid of it, or what other people think of it, it’s the greatest instrument you’ll ever own.
Dance…Even if you have nowhere to do it but in your own living room.
Read the directions, even if you don’t follow them. Do NOT read beauty magazines, they will only make you feel ugly.
Get to know your parents, you never know when they’ll be gone for good. Be nice to your siblings; they are the best link to your past and the people most likely to stick with you in the future.
Understand that friends come and go,but for the precious few you should hold on. Work hard to bridge the gaps in geography in lifestyle because the older you get, the more you need the people you knew when you were young.
Live in New York City once, but leave before it makes you hard; live in Northern California once, but leave before it makes you soft.
Travel.
Accept certain inalienable truths, prices will rise, politicians will philander, you too will get old, and when you do you’ll fantasize that when you were young prices were reasonable, politicians were noble and children respected their elders. Respect your elders.
Don’t expect anyone else to support you. Maybe you have a trust fund, maybe you have a wealthy spouse; but you never know when either one might run out.
Don’t mess too much with your hair, or by the time you're 40, it will look 85.
Be careful whose advice you buy, but, be patient with those who supply it. Advice is a form of nostalgia, dispensing it is a way of fishing the past from the disposal, wiping it off, painting over the ugly parts and recycling it for more than it’s worth.
But trust me on the sunscreen.
Buz Luhrman, 'Don't forget to wear sunscreen'
Sunday, April 17, 2005
"..e o mundo lá fora, olha pra ti, não te podes esconder!! Vive!!"
“..a fazer tudo de uma vez pah, e eu quando vejo que o tempo tá a apertar pah, e que há aí palhaços pah, que falam falam falam falam falam falam pah, mas não os vejo a fazer nada pah, não é?, err.. eh pah, já me começo a…sei lá pah..começa-me realmente já..já a dar cabo da cabeça, né? eeee..pronto é pah, não sei, se calhar é do cansaço pah, err..pode ser também…pode ser que seja do cansaço, né? Oh pah, eu tenho calma pah! Este palhaço este mont`a merda aqui pah deve ter a mania da perseguição ò caralho pah, ò pah, eu pah já nem o vejo bem, meu. Eu já nem o ando a ver bem pah. É que eu já nem sequer consigo olhar direito pa ele pah. Err..é que eu não sei o que é que ele anda à procura pah, mas eu tenho a impressão que eu espirro com um bocado mais força que ele ddddd xcangalha-se todo o rapaz pah. Agora tava ali a falar pah eh pah, eu se há aqui alguém keu tou chateado pah eu tou chateado com o Telmo pah. Eu tou chateado é mem com o Telmo. Que é um gajo que faz atletismo que é faz isto que faz aquilo, é pah eu ainda não o vi fazer cem metros por ninguém pah! Eu ando aqui ando todo arrebentado caraças pah! Eu fiz quinze quilómetros fiz dezanove quilómetros e meio fiz quinze quilómetros e hoje fiz quinze quilómetros pah! E amanhã não há quilómetros pa fazer pah e ninguém se preocupa em fazer quilómetros hoje pah!..Atão mas só eu é que penso na..o-olha que que…fuoda-ssse! “
Marco in Big Brother I
LoL
:D
By: Milán Curguz
Marco in Big Brother I
LoL
:D
By: Milán Curguz
Recados
Making me better
trying to make the best out of me
turning me into the one
turning me on
marvellous, precious, really fine, fascinating
wonderful, better, beautiful, lovely, i'ts flowing
stronger, i can see that i've become
wiser, cant't forget the help i've won
love it, want it, i desire it
recriation, animation, no one can stop it
no one can stop me, i'm invincible, unbeatable
marvellous, precious, really fine, exhilarating
wonderful, better, beautiful, lovely, i'ts flowing
i have wings, i fly above your head and you can only
see my trace
live with it, you have to bare it
that's what i do and i don't regret it
i'm the whole thing, don't need anyone else 'cause it sets me free.
Para Fiona Bacana
;)
trying to make the best out of me
turning me into the one
turning me on
marvellous, precious, really fine, fascinating
wonderful, better, beautiful, lovely, i'ts flowing
stronger, i can see that i've become
wiser, cant't forget the help i've won
love it, want it, i desire it
recriation, animation, no one can stop it
no one can stop me, i'm invincible, unbeatable
marvellous, precious, really fine, exhilarating
wonderful, better, beautiful, lovely, i'ts flowing
i have wings, i fly above your head and you can only
see my trace
live with it, you have to bare it
that's what i do and i don't regret it
i'm the whole thing, don't need anyone else 'cause it sets me free.
Para Fiona Bacana
;)
Termómetro Unplugged 2005

O maior concurso de bandas do país teve ontem a sua final no edifício da Alfândega do Porto, contando com as bandas finalistas Frequency, Gaita Folia, Mazgani, Mu, Refilom e Orquestrinha do Terror, tendo o concurso sido ganho pelos Mazgani.
Os Mazgani puseram-na em prática, ou pelo menos mostraram-nos como seria um ensaio conjunto à queima-roupa. São apenas três canções as que dão forma à maqueta "These Stones Used To Be", a mesma com que agora se dão a conhecer à sua terra natal, depois de terem sido destacados pela revista Les Inrockuptibles, que os incluiu no CD que foi oferecido com o número de Dezembro/2004 da publicação francesa. No alinhamento foram integradas 21 bandas europeias (finalistas de um total de 7000), em disputa pelo primeiro lugar do concurso CQFD (Ceux Qu’il Faut Découvrir), para divulgação de novos talentos.
Os Mazgani são portugueses, de Setúbal, mas foi depois do reconhecimento francês que começaram dar que falar em território nacional. Será que volta assim a confirmar-se a profecia de que nós, portugueses e portuguesas (como dizia/escrevia o outro) só damos valor ao que temos depois de alguém de fora o fazer primeiro? Andaremos nós mais atentos ao que escrevem os outros sobre nós, do que em escrever sobre nós próprios? Ou será que, também é possível, andamos simplesmente mais interessados em mostrar além-fronteiras o que valemos, do que em continuar a insistir em mudar dos destinos da nação musical? Adiante…
Dúvidas à parte, o certo é que os Mazgani com apenas três canções, nomeadamente "Bring Your Love", "These Stones Used To Be" e "Unageing Games", aconchegam o alento de quem prefere a simplicidade pop do formato canção, à grandeza de uma super produção feita de pormenores ostensivos. De quem prefere a modéstia de uma canção pela palavra, que nos conquista à primeira vista sem que saibamos explicar porquê.
Recorde-se que esta foi a 11ª edição do conhecido evento, que teve a seguinte lista de vencedores: Blind Zero (1994), Bad Legacy (1995), Silence 4 (1996), Feed (1997), Big Fat Mamma (1998), Slamo (1999), Rita Cardoso (2000), Stowaways (2002), Alla Polacca (2003) e Sinapse (2004) e agora, os Mazgani.

"Todos nascemos com uma doença mortal, que é a Vida"
(...)
"Comer da árvore do conhecimento significa, ao mesmo tempo, sermos capazes de entrar em conflito aberto com a Ignorância. E a Ignorância, como figura mitológica do nosso mundo interior, representa justamente aquilo com que nos confundíamos, o que nos assegurava o Paraíso, mas que excluía dele, ao mesmo tempo, a possibilidade da experiência do conhecimento. Por outro lado, conseguirmos levar a bom termo esse conflito aberto, é a condição para que mais tarde se possa ver na ignorância a companheira mais inspiradora e mais serena do conhecimento. Poderia dizer-se, de outro modo, que nascer é a única coisa arriscada da vida, e não acabamos nunca de nascer.
Se as portas do Paraíso estivessem sempre abertas, ninguém faria coisa nenhuma, os homens não poderíam progredir. Aqueles para quem as portas do Paraíso estão sempre abertas, estão nos hospitais psiquiátricos, que só servem para nos guardar dos loucos, são o «no man`s land» da cultura. São uma espécie de reconhecimento oficial de que aqueles que escolhem a fusão com o divino se excluem, por isso mesmo, do reino dos homens. São os que pensam que estão em contacto com Deus e que Dele são enviados à terra,
As portas do Paraíso são para se fechar, para depois cada um de nós pensar numa forma de as abrir, através da criação, através da poesia, através da ciência."
Carlos Amaral Dias
João Sousa Monteiro
in "Eu já posso imaginar que faço"
"Comer da árvore do conhecimento significa, ao mesmo tempo, sermos capazes de entrar em conflito aberto com a Ignorância. E a Ignorância, como figura mitológica do nosso mundo interior, representa justamente aquilo com que nos confundíamos, o que nos assegurava o Paraíso, mas que excluía dele, ao mesmo tempo, a possibilidade da experiência do conhecimento. Por outro lado, conseguirmos levar a bom termo esse conflito aberto, é a condição para que mais tarde se possa ver na ignorância a companheira mais inspiradora e mais serena do conhecimento. Poderia dizer-se, de outro modo, que nascer é a única coisa arriscada da vida, e não acabamos nunca de nascer.
Se as portas do Paraíso estivessem sempre abertas, ninguém faria coisa nenhuma, os homens não poderíam progredir. Aqueles para quem as portas do Paraíso estão sempre abertas, estão nos hospitais psiquiátricos, que só servem para nos guardar dos loucos, são o «no man`s land» da cultura. São uma espécie de reconhecimento oficial de que aqueles que escolhem a fusão com o divino se excluem, por isso mesmo, do reino dos homens. São os que pensam que estão em contacto com Deus e que Dele são enviados à terra,
As portas do Paraíso são para se fechar, para depois cada um de nós pensar numa forma de as abrir, através da criação, através da poesia, através da ciência."
Carlos Amaral Dias
João Sousa Monteiro
in "Eu já posso imaginar que faço"
Friday, April 15, 2005
Da minha chaga
Diz sem querer poupar meu corpo: 'eu já não sei quem te abraçou'. Diz que 'eu não senti o teu corpo sobre o meu'.
NÃO VAI HAVER UM NOVO AMOR, TÃO CAPAZ E TÃO MAIOR. Para mim será melhor assim. Vê como eu quero e vou tentar, sem matar o nosso amor, não achar que o mundo é feito para nós.
(Manuel Cruz, Ornatos Violeta)
by fiona bacana
NÃO VAI HAVER UM NOVO AMOR, TÃO CAPAZ E TÃO MAIOR. Para mim será melhor assim. Vê como eu quero e vou tentar, sem matar o nosso amor, não achar que o mundo é feito para nós.
(Manuel Cruz, Ornatos Violeta)
by fiona bacana
Thursday, April 14, 2005
Um dia tipo pedra: cinzento
«It's a beautiful world, but everyone's insane»
Meio mundo a 'lixar com ph' outro meio.
Matam-se animais pela luxúria.
Matam-se pessoas pelo direito à terra, pela alucinação da religião extremista.
Vivemos e morremos no medo de perder quem amamos.
O trabalho escraviza, trocaste a tua vida pelo lazer.
Vives preso a uma rotina que não tens coragem de confrontar.
Não escolhes a tua família e logo se vê no que dá a ausência de escolha.
Fodes quem amas, mas não amas quem fodes. E, se eu te amar, é meio caminho para tu me foderes.
Que nos sirvam de consolo as merdinhas de consolo que nos dão: o álcool que te dão para beber, a coca que te dão para fumar, as noites para te sentires vivo, como se mais morto não pudesses ser.
Então, se é assim como dizes, porque custa tanto morrer? Afinal começamos a morrer desde que nascemos...
by fiona bacana
Meio mundo a 'lixar com ph' outro meio.
Matam-se animais pela luxúria.
Matam-se pessoas pelo direito à terra, pela alucinação da religião extremista.
Vivemos e morremos no medo de perder quem amamos.
O trabalho escraviza, trocaste a tua vida pelo lazer.
Vives preso a uma rotina que não tens coragem de confrontar.
Não escolhes a tua família e logo se vê no que dá a ausência de escolha.
Fodes quem amas, mas não amas quem fodes. E, se eu te amar, é meio caminho para tu me foderes.
Que nos sirvam de consolo as merdinhas de consolo que nos dão: o álcool que te dão para beber, a coca que te dão para fumar, as noites para te sentires vivo, como se mais morto não pudesses ser.
Então, se é assim como dizes, porque custa tanto morrer? Afinal começamos a morrer desde que nascemos...
by fiona bacana
Wednesday, April 13, 2005
Spend some time
«Now that I've met you, would you object to never see each other again?»
Aimee Man, 'Deathly'
Magnolia OST
by fiona bacana
Aimee Man, 'Deathly'
Magnolia OST
by fiona bacana
Problema: Clube dos Poetas Mortos aos 14 anos
Teoria instantânea: pega no medo, analisa-o, coloca-o debaixo do microscópio. Vai para a rua, explicita-o o mais brutal e claramente possível, para todos verem. Maximiza-o. Extrapola-o, assim vulgariza-lo, tornando-o inferior às tuas próprias mãos.
E, um dia, esse nó na garganta, passa. Nunca mais esquecerás, mas passa.
by fiona bacana
E, um dia, esse nó na garganta, passa. Nunca mais esquecerás, mas passa.
by fiona bacana
Episódios de imortalidade
«If there’s a better place you can take me/a better life you can give me/ whatever place where i can start all over/ Then I’d never need what you gave me/never need you to save me/ and never feel like this life is over. »
A música estourava com violência nos headphones, como pedia ansiosamente desde manhã, espancando os neurónios na esperança que algum, um, só um, fosse capaz de alterar o ritmo e o tom parasitante e pária do raciocínio em trajectória de bilhar. A brutalidade da ingratidão, a ironia acintosa que comanda e formata os seus instintos, como as rajadas de vento em altura de tempestade tropical – o céu carrega-se da carga eléctrica que alimenta os olhos raiados de raiva, escurece com o cinza das memórias que ficaram lá longe mas que torturam quem de nada tem certezas, rugindo, maquiavelicamente, duas ou três frases debitadas com sofrimento. Não o sofrimento clássico do destempero, as mãos trémulas e os olhos entornados de água. São quase olhos fugidos, como se o olhar parado obrigasse a parar o pensamento e a parar o sentimento. É antes o sofrimento próprio de quem sabe que as palavras nunca chegam, nunca mostram o que podem, nunca dizem tudo. Sempre lhe pareceu um jogo inútil e de falsa complexidade: se a palavra nunca traduz o que se pensa, ou pelo menos tudo o que se pensa, é um jogo perdido. Não há vitória possível, as pessoas estão condenadas a não comunicarem e a, muito menos, conseguirem algo de produtivo com a comunicação.
Os toldes vermelhos, reparou novamente, condizem com o vermelho dos pacotes açucarados inchados. E com o seu maço de cigarros, caixa de estimação que vai consumindo avulso sem qualquer tipo de explicação. Não que esteja particularmente nervosa ou calma, mas parece que os dedos não conseguem fazer muito mais do que o trajecto da água para o café e deste para levar o cigarro à boca. Mimetizou esta anuência com um novo cruzar de pernas.
E voltou a olhar para o relógio, sabendo da inutilidade da coisa, até porque o tempo deixa de contar quando nos sentimos imortais - o tempo é uma corrida simplesmente inexequível porque seremos sempre jovens e já chega, para desafio, levar o dia até ao fim sem desgraças de maior. Talvez as pessoas devessem saber que não podemos ganhar ao tempo. Talvez, enfim, o desprezando, ganharemos poder sobre ele.
by fiona bacana
A música estourava com violência nos headphones, como pedia ansiosamente desde manhã, espancando os neurónios na esperança que algum, um, só um, fosse capaz de alterar o ritmo e o tom parasitante e pária do raciocínio em trajectória de bilhar. A brutalidade da ingratidão, a ironia acintosa que comanda e formata os seus instintos, como as rajadas de vento em altura de tempestade tropical – o céu carrega-se da carga eléctrica que alimenta os olhos raiados de raiva, escurece com o cinza das memórias que ficaram lá longe mas que torturam quem de nada tem certezas, rugindo, maquiavelicamente, duas ou três frases debitadas com sofrimento. Não o sofrimento clássico do destempero, as mãos trémulas e os olhos entornados de água. São quase olhos fugidos, como se o olhar parado obrigasse a parar o pensamento e a parar o sentimento. É antes o sofrimento próprio de quem sabe que as palavras nunca chegam, nunca mostram o que podem, nunca dizem tudo. Sempre lhe pareceu um jogo inútil e de falsa complexidade: se a palavra nunca traduz o que se pensa, ou pelo menos tudo o que se pensa, é um jogo perdido. Não há vitória possível, as pessoas estão condenadas a não comunicarem e a, muito menos, conseguirem algo de produtivo com a comunicação.
Os toldes vermelhos, reparou novamente, condizem com o vermelho dos pacotes açucarados inchados. E com o seu maço de cigarros, caixa de estimação que vai consumindo avulso sem qualquer tipo de explicação. Não que esteja particularmente nervosa ou calma, mas parece que os dedos não conseguem fazer muito mais do que o trajecto da água para o café e deste para levar o cigarro à boca. Mimetizou esta anuência com um novo cruzar de pernas.
E voltou a olhar para o relógio, sabendo da inutilidade da coisa, até porque o tempo deixa de contar quando nos sentimos imortais - o tempo é uma corrida simplesmente inexequível porque seremos sempre jovens e já chega, para desafio, levar o dia até ao fim sem desgraças de maior. Talvez as pessoas devessem saber que não podemos ganhar ao tempo. Talvez, enfim, o desprezando, ganharemos poder sobre ele.
by fiona bacana
Sunday, April 10, 2005
Dez.04 : Shepperd's Bush
Saturday, April 09, 2005
Do ser 'blasé'...ou conversas francas de madrugada
Sabes, é que eu estou farta - muito farta. Não farta no sentido suicida da coisa, porque até disso estou farta. O glamour sórdido dos suicidas, eternamente grata a eles por demonstrarem que há uma opção, tem tanto de invejável como de patético. Estou farta do que não faz sentido, mas farta de sentir-me fascinada pelo que não tem sentido.
Se estou farta do que não faz sentido, então imagina o que me satura a lógica. A obrigação de manter um espírito científico (trago bisturis e lupas na carteira), é cansativa. Farta-me tentar saber mais, sabendo, no entanto, que me irrita a ignorância. Gostava que a lógica se pudesse calcular através de um equação bem definida. Uma equação regressiva, quem sabe. Ou uma pôrra de um gráfico. Bem, um gráfico, seria genial – uma curva sinosoidal e, pimba!, isto afinal está completa, irrevogavel e definitivamente desprovido de lógica. Eu sei, está aqui no gráfico que acabei de fazer na mão, caneta de feltro preta.
É, estou farta de ser atormentada pelo(s) sentido(s). Existencial, claro está. Estou farta do Camus, do Sarte e da sua compincha Simone (já reparaste como, ironicamente, o nome da mulher é tão pomposo? DE BEAUVOIR...), que chatice, sempre a fazerem-me puxar pelos neurónios, cansados como certamente sabes. Será que esta companhia de prezados intelectuais morreu mais feliz do que a maioria? Até do Nietzche eu estou farta. Tanto niilismo desespera-me, ao mesmo tempo que me faz procurar, incessantemente, o Super Homem. Estou farta de comprar excessivas doses ‘de nada’, em livrinhos de bolso de duzentas e tal páginas.
Estou farta de dizer a mim própria: serei mais feliz no dia em que conseguir conciliar Marx e Sarte. Bem visto! Na realidade, consoante os dias, compraria um pouco disto e um pouco daquilo: ‘P.f., queria 200 gr de angústia de Steinbeck e 250 gr da esquizofrenia de Pessoa....em papel de alumínio, sim...500 gr de alucinações do Kafka e, já agora, para os dias cinzentos, um pouco da leveza do Kundera’. Mas sabes, estou efectivamente farta de procurar neles as respostas.
Estou farta da imposição das necessidades básicas. Vamos ver se nos entendemos de uma vez por todas: comer é um acto nojento. Quase pornográfico, ingerir alimentos só para ser a testemunha silenciosa de um processo de putrefacção que dura sensivelmente 24 horas por dia.
Estou farta de TV, mas acordo com as notícias todos os dias. Óbvio, pufffff!!!!, estou farta de desgraças e por isso mudo de canal constantemente. Já não aguento o concurso ‘quem é o mais desgraçado de Portugal’. E depois de dizer isto fico com peso na consciência.
Estou farta de afogar as mágoas na minha selecção de cd’s. Filantropia, será? Estou farta da minha obsessão pela música, ouvi-la até saber de cor cada frase, cada métrica, cada microsegundo, só para ouvir aquela nota de fundo que o produtor deixou, intencionalmente, fechada a 7 chaves. Estou farta de mergulhar naquelas músicas que ninguém ouve, bebo-as como se fossem shots e fumo-as como se fossem coca. Já que o meu passado, como tu tão bem sabes, não me permite chegar mais perto do que isso. Hoje em dia tudo é mainstream. Já para não esquecer que tudo são vícios e dependências.
Para mais, estou farta do meu ginecologista: nada mais humilhante do que abrir assim as pernas para um tipo que eu não conheço de lado algum, sem bebida e sem preliminares (hmm, deve ser assim que as pessoas se sentem quando vão ao psicólogo).
E tudo isto para te tentar explicar, minha querida e velha amiga, o porquê de me achares tão...blasé. Era isto que querias?
by fiona bacana
Se estou farta do que não faz sentido, então imagina o que me satura a lógica. A obrigação de manter um espírito científico (trago bisturis e lupas na carteira), é cansativa. Farta-me tentar saber mais, sabendo, no entanto, que me irrita a ignorância. Gostava que a lógica se pudesse calcular através de um equação bem definida. Uma equação regressiva, quem sabe. Ou uma pôrra de um gráfico. Bem, um gráfico, seria genial – uma curva sinosoidal e, pimba!, isto afinal está completa, irrevogavel e definitivamente desprovido de lógica. Eu sei, está aqui no gráfico que acabei de fazer na mão, caneta de feltro preta.
É, estou farta de ser atormentada pelo(s) sentido(s). Existencial, claro está. Estou farta do Camus, do Sarte e da sua compincha Simone (já reparaste como, ironicamente, o nome da mulher é tão pomposo? DE BEAUVOIR...), que chatice, sempre a fazerem-me puxar pelos neurónios, cansados como certamente sabes. Será que esta companhia de prezados intelectuais morreu mais feliz do que a maioria? Até do Nietzche eu estou farta. Tanto niilismo desespera-me, ao mesmo tempo que me faz procurar, incessantemente, o Super Homem. Estou farta de comprar excessivas doses ‘de nada’, em livrinhos de bolso de duzentas e tal páginas.
Estou farta de dizer a mim própria: serei mais feliz no dia em que conseguir conciliar Marx e Sarte. Bem visto! Na realidade, consoante os dias, compraria um pouco disto e um pouco daquilo: ‘P.f., queria 200 gr de angústia de Steinbeck e 250 gr da esquizofrenia de Pessoa....em papel de alumínio, sim...500 gr de alucinações do Kafka e, já agora, para os dias cinzentos, um pouco da leveza do Kundera’. Mas sabes, estou efectivamente farta de procurar neles as respostas.
Estou farta da imposição das necessidades básicas. Vamos ver se nos entendemos de uma vez por todas: comer é um acto nojento. Quase pornográfico, ingerir alimentos só para ser a testemunha silenciosa de um processo de putrefacção que dura sensivelmente 24 horas por dia.
Estou farta de TV, mas acordo com as notícias todos os dias. Óbvio, pufffff!!!!, estou farta de desgraças e por isso mudo de canal constantemente. Já não aguento o concurso ‘quem é o mais desgraçado de Portugal’. E depois de dizer isto fico com peso na consciência.
Estou farta de afogar as mágoas na minha selecção de cd’s. Filantropia, será? Estou farta da minha obsessão pela música, ouvi-la até saber de cor cada frase, cada métrica, cada microsegundo, só para ouvir aquela nota de fundo que o produtor deixou, intencionalmente, fechada a 7 chaves. Estou farta de mergulhar naquelas músicas que ninguém ouve, bebo-as como se fossem shots e fumo-as como se fossem coca. Já que o meu passado, como tu tão bem sabes, não me permite chegar mais perto do que isso. Hoje em dia tudo é mainstream. Já para não esquecer que tudo são vícios e dependências.
Para mais, estou farta do meu ginecologista: nada mais humilhante do que abrir assim as pernas para um tipo que eu não conheço de lado algum, sem bebida e sem preliminares (hmm, deve ser assim que as pessoas se sentem quando vão ao psicólogo).
E tudo isto para te tentar explicar, minha querida e velha amiga, o porquê de me achares tão...blasé. Era isto que querias?
by fiona bacana
Friday, April 08, 2005
Frase do dia
Tenho um amigo que diz : «enquanto não aparece a pessoa certa, divertimo-nos com as erradas».
Pois é, Pedro, mas o que eu faço é mais ao contrário: «enquanto nos divertimos com as pessoas certas, procuramos as erradas».
by fiona bacana
Pois é, Pedro, mas o que eu faço é mais ao contrário: «enquanto nos divertimos com as pessoas certas, procuramos as erradas».
by fiona bacana
Subscribe to:
Posts (Atom)