Friday, July 15, 2005

Das características relacionais básicas (pronto, chamem-lhe charme)

«Charm is a way of getting the answer yes without asking a clear question».

Albert Camus

Sempre me assumi como instintiva. Comecei a ter esta ideia de mim própria bem cedo. No dia em que o Lord, pastor alemão do vizinho da frente me mordeu e eu deixei-me ficar ali a olhar para ele com o braço aberto, estruturei em mim a ideia de que comunicava com os animais. Mais tarde, aos 6 anos, nas carteiras do colégio, quando falava inglês sem perceber como porque ninguém me tinha ensinado. Quando resolvia equações matemáticas sem saber como, só por instinto.

Ora, ser-se instintiva e impulsiva são coisas diferentes. Assumo: já fui mais impulsiva, mas continuo a ser instintiva. Faço coisas porque sim, sem conseguir explicar muito bem a razão subjacente.

Com as pessoas também sou assim (realidade profissional à parte). Há pessoas que, como diria a minha querida gui, 'nos entram pela porta da cozinha', revelando-se íntimas e próximas sem um passado que o justifique. E eu deixo. Deixo, instintivamente.

Como já tinha referido a propósito do post 'Da corrosão do carácter', as Pessoas que me rodeiam não têm características comuns, não há padrões nem regularidades, não gosto delas por serem 'boas pessoas' ou particularmente inteligentes. Gosto delas porque sim. Porque há uma espécie de conexão entre as minhas características mais estruturais e implícitas e as características dos outros.

O resto é o meu mau-feitio-científico (Crespo, C., 2005) a carburar. As confabulações, o 'vejo em ti parte de mim' (há também a variante do 'fazes crescer o meu lado b'), a adulteração do processo de colonização na convivência prolongada com o outro (temática sistemática em tertúlias matinais ou ouriguianas), é tudo para entreter. Para isto ganhar algum significado e, convenhamos, alguma piada.

by fiona bacana

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