Friday, July 08, 2005

Londres, 8 de Julho, 2005

London, 1802

«Thou shouldst be living at this hour:
England hath need of thee: she is a fen
Of stagnant waters: altar, sword, and pen,
Fireside, the heroic wealth of hall and bower,
Have forfeited their ancient English dower
Of inward happiness. We are selfish men;
Oh raise us up, return to us again;
And give us manners, virtue, freedom, power.
Thy soul was like a Star, and dwelt apart;
Thou hadst a voice whose sound was like the sea:
Pure as the naked heavens, majestic, free,
So didst thou travel on life's common way,
In cheerful godliness; and yet thy heart
The lowliest duties on herself did lay.»

William Wordsworth
poeta inglês, 1770-1850

Não quero enveredar pelo discurso que já inundou este país. Não quero falar do extremismo islâmico, temo que me saia algo de subliminarmente xenófobo pela boca fora. Não quero falar das culpas, ou responsabilidades, ou justificações que um acto destes pode contemplar - porque nada justifica a matança de inocentes, seja em NY, Londres, Madrid, Nairobi, Bagdad ou Kirkut.

Não quero falar do Mr. Blair, porque, apesar de tudo, é diferente do Mr. Bush.

Isso virá mais tarde.

Quem me conhece sabe que tenho uma sensação quase inexplicável de 'casa' no Reino Unido. Sei que muitos vêm nos britânicos (diferentes, portanto, dos ingleses) um povo imperialista (que o é), ciente da sua posição no mundo (porque a têm), às vezes de uma falta de conhecimento atroz do plano geográfico do mundo (porque é, genericamente, verdade). Tudo isso.

Porém, ontem, tornou-se claro porque são diferentes.

Porque os media fizeram um pacto com o Estado no sentido de poupar o país de imagens que em nada ajudarão a esta situação dramática (que me lembre, em Portugal, a única situação semelhante foi quando a Sporttv se recusou a difundir as imagens aproximadas de Miklos Feher a sucumbir no relvado do Municipal de Guimarães).

Porque aquela gente, atordoada e chocada, foi de um civismo incrível. E porque, ainda atordoada e chocada, diziam já que a única forma de ultrapassar o medo era a esperança. E regressar à sua vida normal. Gente que se recusou a ficar em casa ontem à noite, foram para um bar beber a sua pint habitual.

Porque, sabendo o Primeiro Ministro que têm, sabendo da sua larga responsabilidade na invasão do Iraque, sabiam também que era inevitável. E a forma como o afirmavam, com uma tranquilidade consternada e resignada, é também uma lição.

by fiona bacana

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