Explica-me, chaga, onde foi que me perdi?
Quando é que me transformei de tal forma que fiquei irreconhecível, mesmo para ti (ou sobretudo para ti)?
Quando é que nos tornei mutuamente invisíveis, eu presa ao meu pânico de permanecer igual ('a vida segue lá fora', lembras-te?), tu perdida nessa incapacidade de gritares a quem amas?
E quando é que foi que tu descobriste os teus novos poderes? Fui eu que tos fiz criar? Fui eu que tos dei?
Quando é que foi, diz-me...que eu já não me lembro. Talvez aí eu chegasse ao ponto de viragem, aceitavelmente lamentável, e fosse capaz de exigir o que nunca exigi e não te fazer mal por isso.
Talvez a culpa não tenha sido tua. Fui eu que te fiz assim.
Hoje oscilo entre o bem que te desejo e a incapacidade de te ver. Não te desejo mal, é mesmo verdade. Aprendi a voltar a ver-te em fotografias. Aprendi a pensar novamente 'era bom que ela aqui estivesse'. Mas mentiria se dissesse que tenho vontade de te ver. No entanto, não tenho qualquer dúvida que te abraçaria se tal acontecesse.
«Quando eu cair espero ao menos que olhes para trás» (Ornatos Violeta).
O fim foi no dia em que, finalmente, fui capaz de te escrever isto. Quando fui capaz de, finalmente, dizer-te o quão desiludida, perdida, insultada, magoada estava. Nada voltaria a ser igual.
Mais um episódio da era da mortalidade. Guardo a fotografia do último dia da nossa outra vida. Um sorriso profundo, estrutural. Mas ambas certas que aquele abraço seria, provavelmente, o último.
by fiona bacana
Tuesday, May 03, 2005
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2 comments:
Depois de muito insistir que escrevesses num blog, começo a pensar que deverias dedicar-te mesmo à escrita! Fico completamente absorvida pelos teus posts!
Bj
Andreia
Pois é, Andreia, CRIASTE UM MONSTRO!!!!:)
vindo de ti é 1 elogio, mas...lamento, mas n tenho potencial q chegue.
fiona
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