Sunday, March 27, 2005

Da ausência

Um pássaro a motor leva-te e assim torna-se, ainda mais uma vez , tão claro (como se fosse preciso): a realidade é crua na forma como nos mostra como o sonho se esfarela perante a insistência de um ponto de convergência de vida. Há relações que não são reformuláveis. Ponto. Talvez tu, talvez um dia, alguém parecido contigo diferente de ti.

by fiona bacana

"Quero dizer-te uma coisa simples: a tua ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não magoa, que se limita à alma; mas que não deixa, por isso, de deixar alguns sinais - um peso nos olhos, no lugar da tua imagem, e um vazio nas mãos. Como se as tuas mãos lhes tivessem roubado o tacto. São estas as formas do amor, podia dizer-te; e acrescentar que as coisas simples também podem ser complicadas, quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade. Porém, é o sonho que me traz a tua memória; e a realidade aproxima-me de ti, agora que os dias correm mais depressa, e as palavras ficam pressas numa refracção de instantes, quando a tua voz me chama de dentro de mim - e me faz responder-te uma coisa simples, como dizer que a tua ausência me dói."

Nuno Júdice, Ausência

Friday, March 25, 2005

Lanterna (song of the day...)


If there's something strange
In the neighborhood
Well who ya gonna call?
Ghostbusters

If there's something weird
And it don't look good
Well man who can ya call
Ghostbusters

Who, I ain't afraid of no ghost
Who, I ain't afraid of no ghost

If you're seeing things
Running through your head
Well who ya gonna call
Ghostbusters

An invisible man
is under you bed
Now who can you call
Ghostbusters

Who, I ain't afraid of no ghost
NO Who, I ain't afraid of no ghost

If you're all alone
Pick up the phone
And call...
Ghostbusters

YEAH YEAH YEAH YEAH YEAH

You fat dopes and freaky ghosts
Now, who ya gonna call...
Ghostbusters

Who ya gonna call...
Ghostbusters
BUSTED!

by Geléia!
(New staff member...)
Posted by Hello

Tuesday, March 22, 2005

Por falar em poesia...

ou sobre o que é a psicoterapia...
bxz,
fiona bacana


A fábrica do poema
by Adriana Calcanhoto

SONHO O POEMA DE ARQUITETURA IDEAL
CUJA PRÓPRIA NATA DE CIMENTO ENCAIXA PALAVRA POR PALAVRA,
TORNEI-ME PERITO EM EXTRAIR FAÍSCAS DAS BRITAS E LEITE DAS PEDRAS

ACORDO;E O POEMA TODO SE ESFARRAPA, FIAPO POR FIAPO
ACORDO;O PRÉDIO, PEDRA E CAL, ESVOAÇACOMO UM LEVE PAPEL SOLTO
À MERCÊ DO VENTO E EVOLA-SE,
CINZA DE UM CORPO ESVAÍDO DE QUALQUER SENTIDO
ACORDO, E O POEMA-MIRAGEM SE DESFAZ
DESCONSTRUÍDO COMO SE NUNCA HOUVERA SIDO.

ACORDO! OS OLHOS CHUMBADOS PELO MINGAU DAS ALMAS
E OS OUVIDOS MOUCOS,
ASSIM É QUE SAIO DOS SUCESSIVOS SONOS:
VÃO-SE OS ANÉIS DE FUMO DE ÓPIO
E FICAM-ME OS DEDOS ESTARRECIDOS.
METONÍMIAS, ALITERAÇÕES, METÁFORAS, OXÍMOROS
SUMIDOS NO SORVEDOURO.

NÃO DEVE ADIANTAR GRANDE COISA PERMANECER À ESPREITA
NO TOPO FANTASMA DA TORRE DE VIGIA
NEM A SIMULAÇÃO DE SE AFUNDAR NO SONO.
NEM DORMIR DEVERAS.

POIS A QUESTÃO-CHAVE É:SOB QUE MÁSCARA RETORNARÁ O RECALCADO?

Monday, March 21, 2005

Concurso de Poesia

Um caco...
Caiu um copo de cristal
com coca-cola já quente
que caco!

Espichou no chão, cheio de cotão
E sujo chapinhado o soalho
..caraças, que coisa encardida então
Cada verso para escrever é o caralho!

A estória dos versos é simples. Lembrei-me da palavra "Caco!" e só me apetecia escrever qualquer coisa sobre ela. Lá pintei uma folha qualquer com a dita palavra. E fui escrevendo o primeiro verso com aquilo que me vinha à cabeça e tudo o que saiu, saiu com toda a naturalidade. Uma folha limpa e sem rabiscos..
Já o segundo verso não foi assim. Queria dar o som do copo a caír "Txiiii" já que tinha feito uma primeira quadra com o "c" do "Crack". A segunda frase, bem saiu com dificuldade, mas depois disso...o caldo entornou. Os outros versos não saíam, talvez nunca venham a saír. E já que nada saía, toca a praguejar...como sempre! LoL :D Então, numa de discurso à Nuno Markl:
Concurso de Versos: Vá amiguinho! Ajude-me a conseguir acabar os versos. Quem conseguir acabar os versos, começando pela parte "E sujo chapinhado o soalho..." (que é a parte onde acaba alguma dignidade desta coisa a qual eu não me atrevo a chamar de poesia), ganha um frigorífico topo de gama em formato JPG!!! Vá, participe...Mostre-nos a sua veia de poeta/poetiza que há dentro de si!
;)

Sean Bacana

Das pedras graníticas da Ribeira

Foi bom, foi muito bom. Ir à «trilogia» de bares da Ribeira e sentir que nada mudou. A música é a mesma, embora se trate de um sábado e não uma eterna 5ª feira. Olhava para as paredes e parece que via os episódios todos outra vez. As figuras, quase hologramas, tipo fantasma. Fantasma no bom sentido da palavra. Ali voltei a ver-me a dançar. 'Chemicals between us'. Voltei a ver os nossos mini-eus, ou verdadeiros eus, será? Tarefa desenvolvimental, identidade - intimidade. Decidi que o meu nome deveria fazer parte daquelas paredes e...pimba, escrevi mesmo (peço desculpa à gerência).
E depois, à saída, aquela pedra granítica, aquela chuva miúdinha. Foi mesmo uma viagem no tempo, voltar ao tempo em que não havia tempo, a aura da imortalidade que nos tomava a todos sem excepção. E em plena descamação.

by fiona bacana

Refrão do dia

Perdoem-me estar a ser tão radio friendly (ainda por cima abomino todas as músicas destas pessoazinhas), mas este refrão ecoa na minha cabeça insistentemente...

bxz,
fiona bacana

«Oh simple things, where have you gone
I'm getting old and i need something to rely on
So tell me when, you're gonna let me in
I'm getting tired and i need somewhere to begin

And if you have a minute
why don't we go talk about it somewhere only we know
this could be the end of everything
so why don't we go somewhere only we know»

Somewhere only we know
Keane

Saturday, March 19, 2005


Dá que pensar, não dá?? Posted by Hello

umA carta.

Oi!!

Realmente espetei-me. Porque realmente a quimica existe... mas acho que não passa muito disso, hoje. Sabes, estou melhor agora que estou sozinho. Realmente nunca pensei que me sentiria bem, acho que já me exigia a mim próprio um espaço, uma liberdade. Não que me prendesses. Nunca. Só que finalmente entrei num lago de águas limpidas que me podem lavar o corpo para depois saír da água e poder, mais tarde, quem sabe, aventurar-me um pouco. O que me resta são saudades tuas..ainda esta noite passei-a toda contigo, sem sequer dares conta. Foi engraçado, não estavas nem triste nem chateada. Abraçavas-me ao colo como se me entendesses e me confortasses. Por saber que és quem és, deixou-me um sorriso nos lábios e largou-se a sensação de saudades :)
Acertaste exactamente na tua última frase do grande parágrafo. Gosto de ti como pessoa para admirar o resto da vida, o que não implica a pessoa companheira que se admira ao acordar. É o que eu sinto pq realmente te admiro. És alguém tão linda!!!:) Quero muito ser teu amigo mas talvez fosse bom dar-te um espaço para que recuperes o teu fôlego.
Tinha dúvidas quanto a se estava a tomar a decisão correcta. Se me sentisse mal, estaria errado. De contrario, estaria certo. Nos primeiros dias estava errado. A dar as tais curvas (pq qd se manda ir dar uma curva, é o eufemismo de se mandar à merda, n? Estive realmente na...curva.). E dúvidas quanto aos meus sentimentos. Acho que nunca te admirei tanto como agora:) mas aquela paixão que houve em mim...:/
Quando der para irmos ao café, ao nosso café, diz, tá?
Beijos,...
Duarte Mendes

Das 'Memórias das minhas putas tristes'

Não, ainda não comprei o último (e pelos vistos mesmo o último) livro de Gabriel Garcia Márquez.
Quando hoje passava por uma livraria, cenas de um filme passado há muito assaltaram-me a memória. Foi por tua culpa, Andreia. Puseste-me a pensar sobre se não teremos feito parte de um projecto qualquer no colégio, do género 'lavagem cerebral para adolescentes indulgentes'.
Mas, dizia eu, o título do livro remeteu-me imediatamente para aquela gente cuja fotografiazinha consta desse instrumento hediondo, verdadeira criatura do demo, chamada anuário. E lembrei-me daquela fotografia, 9º ano e 14 anos e qualquer coisa. Camisas brancas e um ar de quem vivia em permanente êxtase existencial. Acontecia sempre alguma coisa, sentia-se sempre alguma coisa. E lembrei-me de como carinhosamente nos tratávamos: de puta. Puta Sandra, Puta Joana, Puta Sara.
Se isto fosse um guião de uma história, seria a altura em que eu vos dizia que acho que temos uma marca geracional. Todos fomos obrigados, amargamente obrigados, a constatar a violência do óbvio, rotundo e factual: nem o pedro é jogador de futebol, nem eu vivo num loft em manhatan. Não uso óculos de massa grossa e raramente bebo café por uma caneca com o meu nome.
Algumas de nós já casaram, algumas de nós até já tiveram filhos, mas acho que nenhuma de nós conseguiu ainda lidar com o que perdemos, por muito que tenhamos ganho entretanto (carreira, família, prestígio, autonomia).
E, posto isto, páro esta minha hemorragia e vou-me arranjar para um jantar de uma outra matilha, a quem me referirei mais dia menos dia.

fiona bacana

Da corrosão do carácter

É com frequência assinalável que me interrogo o que nos leva a estimar alguém (e digo estimar para não entrar em discussões estéreis sobre o reportório emocional humano, um dia lá chegaremos). Poderia dizer que são os seus valores, a sua educação, mas estimo pessoas em quem vejo, sem a mínima dúvida ou angústia, traços de profunda desonestidade ou simples desconsideração séria e profunda para com outrem. Portanto, não é a integridade que, pelo menos para já, me move. Dá-se a coincidência de estas pessoas exercerem em mim um qualquer fascínio, porque na realidade dá-me gozo ouvi-las falar. Perdoo-lhes o mau carácter, porque até nas suas corrosões apresentam uma espécie de código de ética absolutamente instantâneo (só juntar água a ferver). Se calhar foi de ter torcido sempre pelos índios nos filmes, quando era pequena.
Poderia, então, dizer que é o interesse que aquela pessoa me merece. Mentira. Estimo pessoas absolutamente chatas e sem mudanças, cujas vidas estão sempre na mesma, não são carne nem são peixe, casam e têm filhos porque sim, como se lhes perguntassem por que razão escolhem esquerda em vez de direita, pergunta à qual respondem com um simples encolher de ombros. São uns robozinhos adoráveis. Mas prezo-os e valorizo-lhes a sua fidelidade canina. São, no entanto, as primeiras pessoas que procuro quando preciso de um ben-u-ron e estou com febre.
Poderia dizer, então, que é pela gratidão. Mas as pessoas que mais amo já me faltaram, e não as amo menos por isso. Já me morreram, e já as matei por isso, mas não as amo menos. Más línguas poderiam dizer, agora, 'pelo contrário'.
Não sei. Mas este texto que se segue explica bem o que procuro (ou não...) nas alminhas que me rodeiam.

THE INVITATION
by Oriah Mountain Dreamer

It doesn't interest me what you do for a living. I want to know what you ache for, and if you dare to dream of meeting your heart's longing.

It doesn't interest me how old you are. I want to know if you will risk looking like a fool of love, for your dream, for the adventure of being alive.

It doesn't interest me what planets are squaring your moon.

I want to know if you have touched the center of your own sorrow, if you have been onpened by life's betrayals or have become shriveled and closed from fear of further pain.

I want to know if you can sit with pain, mine or your own, without moving to hide it or fade it, or fix it.

I want to know if you can be with joy, mine or your own, if you can dance either wildness and let the ecstasy fill you to the tips of your fingers and toes without cautioning us to be careful, to be realistic, to remember the limitations of being human.

It doesn't interest me if the story you are telling me is true. I want to know if you can dissappoint another to be true to yourself; if you can bear the accusation of betrayal and not betray your own soul; if you can be faithless and therefore trustworthy.

I want to know if you can see beauty even when it's not pretty, every day, and if you can source your own life from its presence.

I want to know if you can live with failure, yours and mine, and still stand on the edge of the lake and shout to the silver of the full moon, "Yes!".

It doesn't interest me to know where you live or how much money you have. I want to know if you can get up, after the night of grief and despair, weary and bruised to the bone, and do what needs to be done to feed the children.

It doesn't interest me who you know or how you came to be here. I want to know if you will stand in the center of the fire with me and not shrink back.

It doesn't interest me where or what or with whom you have studied. I want to know what sustains you, from the inside, when all else falls away.

I want to know if you can be alone with yourself and if you truly like the company you keep in the empty moments.

Frase do dia - parte 2

«Gostava de saber porque te amo nesta forma estranha de te não ter amado nunca»
virgílio ferreira

Frase do dia

"Tens um medo tão grande de te iludir a ti próprio que recusarias a mais bela aventura do mundo para não te arriscares a uma mentira."
Jean Paul Sartre

Thursday, March 17, 2005

Da minha última viagem

Fosse eu competente nestas coisas da comunidade virtual bloggista, em vez de texto, hoje colocaria tão somente uma fotografia. Fotografia da minha última viagem a Inglaterra. As escadas traseiras de uma rua fantástica em Sheppeder's Bush. Até conseguir fazê-lo, aqui vai mais um texto, do inevitável Pedro Paixão:

«Não sei para o que vim. Sei por que tive de vir: para escapar ao que me sufocava. Como se não houvesse outro lugar, outra cidade. Como um estilhaço de ferro é atraído por um íman. Agora devo esperar que algo aconteça, sem ter a mínima certeza de que vai acontecer, com a angústia acrescida de que algo aconteça sem que eu dê por isso, de falhar o inesperado (...) É preciso, creio, distinguir o que se sabe do que não se sabe; e o que não se sabe do que nem sequer se sabe que não se sabe. »

fiona bacana

Wednesday, March 16, 2005

Da razoabilidade

Da razoabilidade à vertigem de morte vai um passo. Um só passo.
O eco da palavra razoável é assustadoramente mortal. No dia em que esta palavra saiu da minha boca mais do que uma vez no mesmo dia, sabia que tinha envelhecido. Já nada tem o seu próprio valor, sem ter que ser pesado, medido, tido em consideração face aos seus prós e contras, o seu valor de mercado, a sua relação qualidade-preço, a sua vantagem competitiva.
A impulsividade é genuína. O equilíbrio advém de uma racionalidade inconcebível. A racionalidade dói e sempre magoará um impulsivo. A um instintivo, tirarem o prazer de um acto inconsequente soa a compromisso intolerável.
O mundo dos adultos prostitui. Mata o que há de genuíno. Preferiria, five by five, a vertigem da emoção à ausência desta. No fundo, um «campeonato de jogar dados no próprio peito».

fiona bacana

Monday, March 14, 2005

Frase do dia

«A apatia não é mais do que uma defesa contra a ansiedade ligada ao agir.»
(Costa, M.E., 1996)

Saturday, March 12, 2005

Prof. Diogo, Prof. Cavaco

Um Governo com tantos independentes!! Há um ou outro que para além de independentes, são soltos. O novo Ministro dos Negócios Estrangeiros que da ala centro-direita passa para a ala esquerda, por exemplo. Aquilo que mais me questiono, é que, dizia o Prof. Freitas do Amaral que em alturas difíceis, o país se deveria unir. Mas não entendo como é que é capaz de dar-se ao luxo de surpreender o país com tal mudança e ocupar uma pasta que de longe não tira o país da crise. Parece-me claro que uma aposta nacional no investimento nos países recém chegados à União é positivo. Mas até que ponto essa intervenção será efectiva por parte deste ministro? Será que o país se deve reunir em torno do Ministério dos Negócios Estrangeiros para que a dita "Salvação Nacional" se consuma? Não me parece.. parece-me inoportuna esta repentina viragem à esquerda do Professor, e creio que tanto este como o Prof. Cavaco (ambos líderes históricos dos dois partidos de Direita, e sem menosprezar a Nova Democracia ou PPM) deveríam recolocar-se nos seus devidos "postos" para a Salvação Nacional dos seus partidos políticos, esses sim, a necessitarem de novo impulso. Estar com aqueles que se projectam como vencedores é um papel fácil, e nada de novo traz ao país. O estímulo a uma oposição séria, de responsabilidade, de contrução, devem ser impulsionadas por estes líderes. Creio que nem um nem outro devem recusar o papel importante que tiveram na história recente do país, esquecendo ou trocando esses mesmos papéis.

Não tá fácil...

Que fim de semana negro: O F.C.P. levou 4 secos e um Governo PS tomou posse. Crise profunda no país, sem dúvida! Batemos no fundo ao ver um Benfica líder (ok, é justo). O problema é que se o Dragão cai na próxima semana ante o SCP, temo pelo pior..é só o Benfica tomar-lhe o lanço! De qualquer forma,isto de misturar política e futebol nunca deu certo...

João Thiago

Friday, March 11, 2005

Toma lá

Que cena, tipo, tu montas um cenário. Certo? Ou vê as cenas como um preparado de cozinha. Sei lá, como quiseres. A pintura sai borrada, e de repente na tua própria comida os sabores estão todos errados. E sabes o resultado? Tens de engolir com isso tudo! Anda lá pah, cada um tem o que merece e estas são daquelas frases que partem um gajo todo. E uma gaja também, isto é geral. Das duas uma: ou mastigas e te lixam os dentes e actuas porque o Grande Público está à espera e te torturas em palco, ou engoles e tens uma congestão dos diabos e vazas do palco com direito a tomates na cara,uma grande vaia e o inevitável reembolso! E no fim lembras-te: quem foi que montou o cenário? Não és nenhum artista nem cozinheiro, e pões-te em campos que não são nada teus!!! Toma lá que já comestes...


Nat Fontes

Noite torna-se a Vida

E quando amanhece? o Dia aparece e tudo é claro, por mais chuvoso e perdido. Está tudo lá, a luz, a água, o cheiro a terra, o movimento,..
Há muito que anoiteceu, não há sons senão o das folhas que caem com a brisa que teima ser fria e vira arrepio... Não há nada. Só há certezas, daquelas que não se querem certas.
As horas avançam e não há sinais de amanhecer, será que o Dia se perdeu?


Leo Fernandes

Thursday, March 10, 2005

Música do dia

The word written will never be the word read.

Ani Di Franco
«you had time»

how can i go homewith nothing to say
i know you're going to look at me that way
and say what did you do out there and what did you decide
you said you needed time and you had time

you are a china shop and i am a bull
you are really good food and i am full
i guess everything is timing
i guess everything's been said
so i am coming home with an empty head

you'll say did they love you or what
i'll say they love what i do
the only one who really loves me is you
and you'll say girl did you kick some butt
and i'll say i don't really remember
but my fingers are sore and my voice is too

you'll say it's really good to see you
you'll say i missed you horribly
you'll say let me carry that give
that to meand you will take the heavy stuff
and you will drive the car
and i'll look out the window and make jokes
about the way things are...»

Tuesday, March 08, 2005

Frase do dia

«Quem não me rói os ossos, não há-de comer-me a carne.»

Máxima enviezada do ditado popular ou... a lição de moral de uma estória ciclíca, absoluta e interminável que, como todas as histórias cíclicas, caminha para a entropia.

Sunday, March 06, 2005

Do quase, do tudo, do nada

Inicio aqui a minha hemorragia de textos. Não têm relevância estilística a maior parte deles. Confesso que a contundência das emoções, que para mim é o primado, às vezes é incompatível com a excelência estilística tanto prezada pelos críticos. Por isso, o que orienta a minha selecção de textos é o seu potencial emocional.

E pronto, dito isto, deixo o primeiro texto do dia.

Quase... (Luiz Fernando Veríssimo)

«Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.»