Friday, October 28, 2005

E então o que estou eu aqui a fazer? (Presunção e água benta...)

Aqui percebi, dúvidas existissem, que não tenho a mínima vontade de cá ficar. Um dia terei a coragem de voltar as costas a tudo e a todos e integrar um qualquer programa de protecção a testemunhas de crimes violentos.

E, tal como em 1998, volto a afirmar: no dia em que não tiver mais família, não é neste país que quero estar. É aqui. Ou aqui. Já que a paranóia do terrorismo impede-me de ir para o long time desire de estar aqui.

Fosse eu escuteira (com 'u' ou com 'o', que se f***) até diria: palavra de escuteiro.

by fiona bacana

7-6, após prolongamento

«O Tribunal Constitucional considerou inconstitucional a proposta de referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez aprovada pelo Parlamento, por entender que apenas em 15 de Setembro de 2006 se inicia uma nova sessão legislativa.

O diploma tinha sido aprovado pelo Parlamento a 28 de Setembro com os votos dos socialistas e do Bloco de Esquerda (BE), depois de o Presidente da República ter rejeitado, em Maio, uma proposta igual, alegando que não havia garantias de participação significativa na consulta popular em pleno Verão.A Constituição estabelece que as propostas de referendo chumbadas pelo Presidente da República não podem ser renovadas pelo Parlamento na mesma sessão legislativa.PS e BE argumentaram na altura que a 15 de Setembro se tinha iniciado uma nova sessão legislativa, enquanto a restante oposição considerou que a sessão se iniciou após as legislativas de Fevereiro e só termina a 15 de Setembro de 2006, como agora concluiu o TC.

O primeiro-ministro, José Sócrates, quando confrontado com as notícias que apontavam para o chumbo do referendo pelo TC, admitiu a alteração da lei exclusivamente pela via parlamentar, abdicando, assim, do compromisso eleitoral de realizar um novo referendo.»

in publico.pt

by fiona bacana

Wednesday, October 26, 2005

Uma tourada

Quando vejo isto e o show mediático à volta da apresentação da candidatura do Prof. Cavaco Silva; mais o afónico Jerónimo, mais o cismático Louçã e o poeta ingénuo Alegre;
Quando vejo as perguntas dos jornalistas, os editoriais nos jornais, os candidatos independentes;

...só me lembro de uma musiquinha que me habituei a ouvir desde pequena (filha de intelectual de esquerda com monárquica dá nestas coisas....), letra de Ary dos Santos e música de Fernando Tordo (1974):

«Entram velhas doidas e turistas, entram excursões
entram benefícios e cronistas, entram aldrabões
entram marialvas e coristas entram galifões - de crista.

Entram cavaleiros à garupa do seu heroísmo
entra aquela música maluca do passodoblismo
entra a aficionada e a caduca mais o snobismo - e cismo...

Entram empresários moralistas
entram frustrações
entram antiquários e fadistas
e contradições
e entra muito dólar muita gente que dá lucro aos milhões

Valha-nos, para revanchismo missiónico, a investigação à banca. Eu, por mim, fico satisfeita.

by fiona bacana

Tuesday, October 25, 2005

Alquimia - Clã in Vivo

Quando juntamos Manel Cruz (Pluto, ex-Ornatos Violeta)




e Manuela Azevedo
Só pode dar nisto...

«Lá voltaste a puxar para ti o lençol
Como que a privar meus sonhos do último raio de sol
Amigos são sobras do tempo
Que enrolam seu tempo à espera de ver
O que não existe acontecer

Mas teimas em riscar o fim do meu chão
Nunca medes a distância
Dos passos á razão

Meus votos são claros na forma
Desejo-te o mesmo que guardo p'ra mim
E o que não existe não tem fim

É só dizer e volto a mergulhar
Voltar a ler não é morrer é procurar
Não vai doer mais do que andar assim a fugir
Deixa-te entrar para tentar ou destruir

Mas quem te ouviu falar
Pensou tudo vai bem
Só que alguém vestiu a pele
Que nunca serve a ninguém

E a dúvida está do meu lado
Mas eu não consigo olhá-la e achar
Ser esse o lado em que ela deve estar

Erguemos um grande castelo
Mas não nos lembramos bem para quê
E é essa a verdade que se vê »

Amigos de Quem, letra Manel Cruz e música de Hélder Gonçalves

Monday, October 24, 2005

Flavour of the weekend - Helenikos

Minhas amigas (e amigos): o DEUS GREGO EXISTE. E toma café no único restaurante grego da cidade invicta.

by fiona bacana

Friday, October 21, 2005

Ironia do destino é

Depois de ter entrado na lista negra do Sargento, ter lugar de honra à direita do Comandante, numa exibição pública de conhecimento.

Haja fé nas patentes...

by fiona bacana

Thursday, October 20, 2005

Carmen de Bizet - Grande Ópera da Kazan


Lânguida, cínica, provocadora, intempestiva. Assim é Carmen, cigana de uma fábrica de tabaco da Sevilha da década de vinte do século XIX.

Febril, autoritário, inconsistente, ambivalente, pecador. Assim é D. José, militar que, depois de seduzido, ainda tenta resistir a Carmen. Dividido entre o dever e o prazer, acaba por ceder - deixa fugir Carmen do castigo policial que lhe estava destinado.

Carmen não se apaixonou por D. José à primeira vista. Deitou-lhe uma flor, num desagrado provocador, quando foi o único militar que não tentou seduzi-la. Despeitada, portanto, apaixona-se (?) por ele.

Encontram-se nas montanhas como foragidos. Carmen, cigana e habitualmente perseguida, lida bem com o estilo de vida. D. José, militar habituado a colocar a lei acima de tudo, tortura-se; em cada gesto ou palavra mais azeda de Carmen, vê a confirmação que, para ela, D. José é somente um capricho.

Depois de o acaso fazer com que os caminhos de ambos se separassem momentaneamente, D. José reencontra Carmen na Praça de Touros com Escamillo, toureiro renomado e galanteador, com o desafogo de vida que D. José não tem.

Carmen aceita flores de Escamillo. D. José não aceita ver o que sempre receou. E acaba por matar Carmen.

Carmen de Bizet é paradigmático das vicissitudes do relacionamento amoroso. Seja em 1820 ou em pleno século XXI: há mulheres que vivem no fio da navalha necessidade de proximidade - autonomia, e há homens que não conseguem lidar com isso.

by fiona bacana

Sinais dos Tempos

Ela 1 - Olha, ontem fui à ópera!
Ela 2 - Foste à Oprah?Uau!

Ela 1 nem sequer respondeu a Ela 2. Achou que não valia a pena.

by fiona bacana

Tuesday, October 18, 2005

Mocidade, Mocidaaaaaaaaaaaaaadeeeeeeeee

Hoje acordei com esta música na cabeça.

All I can say is that my life is pretty plain
I like watchin' the puddles gather rain
And all I can do is just pour some tea for two
and speak my point of view
But it's not sane, It's not sane
I just want some one to say to me
I'll always be there when you wake
Ya know I'd like to keep my cheeks dry today
So stay with me and I'll have it made


And I don't understand why I sleep all day
And I start to complain that there's no rain
And all I can do is read a book to stay awake
And it rips my life away, but it's a great escape
escape......escape......escape......


No rain, Blind Melon

e, já agora, com este menino na cabeça, ícone da minha mocidade: shanon hoon.



Ai, ai, ai (suspiro).

by fiona bacana

Friday, October 14, 2005

Life note (voltando ao efeito borboleta)

Juntei os joelhos, prendi-os e fumei mais um cigarro. Percebi que não te podia ter amado nem mais nem melhor do que o fiz. Se há reconhecimento no caos, quando as cores não batem certo nem os dias têm ordem, então reajo inutilmente. De que me interessa combater o fuso horário e as correntes da civilização se no fim o resultado é o mesmo?

E então choro sem o teu perdão. Porque faça o que fizer ficarei sem ti; faça o que fizer e diga o que disser.

by fiona bacana

Fiona concretiza um sonho!

Ter um homem a dizer-me:

«Non mi preoccupo per voi? Dovete essere pazzeschi! Voi sia sempre sul mio cuore!»

Pronto. Venha o próximo!

fiona bacana

Wednesday, October 12, 2005

Vesti-me de...

Vesti-me de sombra,
vesti-me de água,
vesti-me de madrugada, de madrugada evaporada.

vesti-me de nevoeiro,
vesti-me do frio das ruas,
vesti-me do cigarro encorporado, fumo da cor das núvens.

Vesti tudo o que vi só para me proteger do frio, do frio que tu podes trazer.
E vesti tudo o que vi e pude apanhar, só para evitar o mal que me podes fazer.

Porque hoje, finalmente, as minhas pernas tremeram. E o meu estômago embrulhou-se. E senti a tua mão e não foi como antes. E talvez seja de hoje, do dia de nevoeiro, do sol entreaberto e dos trovões, das núvens e do "beijo daqueles que sabem a maresia e levam a aragem do mar". Mas só por isso, só por ser hoje, vesti-me assim só para tu me despires. Despires da sombra, do nevoeiro.

Hoje por hoje. Sem saber que hoje será amanhã.

by fiona bacana

Monday, October 10, 2005

Flavour of the weekend - o berço da nacionalidade ou


...ou sobre como a vida nos ensina a valorizar a descoberta de novas pessoas que fazem o favor de entrarem na nossa existência.
...ou sobre como o trabalho corrompe, muda, transforma mesmo aqueles que nós pensávamos estarem lá, intangíveis e imutáveis nos seus princípios.
...ou sobre como não há forma de lidar com a perda, simbólica ou real.
...ou sobre como (me) é difícil responder à simples pergunta «como estás?, estás bem?», porque nunca sei o que dizer, por isso ignoro, tomo como pergunta retórica e silencio-me.
...ou sobre como é tão estranho saber tanto (e no entanto tão pouco!) sobre uma (duas) pessoas e ter a noção de que elas não sabem nada sobre mim.
...ou sobre como é tão delicioso estar sentada no centro do centro do berço da nacionalidade, entre um pneu, uma vidago morango que afinal tem tantas calorias como uma coca-cola e um café, na companhia de gente tão bonita que me faz dizer: é para isto que vale a pena estar viva.

by fiona bacana

Sintonia Familiar é

vir do Gerês para o Porto com os meus-filhos-emprestados-por-5-dias, com os Toranja aos berros e os 3 a gritarmos: devolve-me os laaaaaaçossssss meu amooooooor...

by fiona bacana

Thursday, October 06, 2005

Boa notícia do dia - Parte II


31 de Outubro, Coliseu de Lisboa.
31 de Outubro, véspera de 1 de Novembro, feriado (note-se o léxico de vítima esclavagista).
Aí vem mais um fim de semana da bimba do norte com os primos barbie e ken.

by fiona bacana

Boa notícia do dia - Parte I


Maria Rita voltou com 'Segundo'.
Vamos lá a ver se a rapariga tira novamente um coelho da cartola, depois de ter todo o Brasil que conta a compôr para ela (ou para a filha de Ellis Regina). Agora é ela quem produz, em parceria com ... Lenine. (Bem, verdade verdadinha que este moço me desiludiu profundamente ao aparecer em público com o abrunhosa - será que se nota o desprezo pelo tamanho da letra?).

Aguardo ansiosamente. Maria Rita Mariano, tão Ellis que até arrepia, volta à carga...

by fiona bacana

Thursday, September 29, 2005

A year ago

Há um ano atrás assisti à queda de um mito pessoal.

Crescer agarradinha aos livros da Simone de Beauvoir tem destas coisas e internalizei a ideia de uma vida completa na minha casinha forrada a livros de capa nobre, sozinha, rodeada de serigrafias, álbuns de vinil e cd's. Uma vida em que era possível acordar de manhã e deixar correr a música pelos corredores decorados a tons minimalistas. Internalizei a ideia de que o desenvolvimento intelectual estava associado a uma charmosa solidão.

Por acaso, ou talvez não, tinha uma tia assim. Uma tia que se emancipou numa altura em que as mulheres que fumavam eram vistas como mulheres da vida. Não conseguiu lidar com as regras autoritárias do meu avô, e foi viver para Cascais. Viveu a era dourada do Frágil. Tirou o curso de Literatura Inglesa e Alemã, mas nunca deu aulas (não tinha pachorra). Viveu com o homem por quem se apaixonou aos 19 anos, ele mais velho do que ela quase 15 anos, contra tudo e contra todos. Contra regras sociais impostas, contra brasões, contra o diz-que-disse. Que eu saiba (que eu saiba...) foi o único amor da vida dela.

Continuou a vida dela. Dilacerada, mas continuou. Fez da frase as árvores morrem de pé um lema. Ressurgiu várias vezes na minha vida, em alturas marcantes - por acaso ou talvez não.

A última vez que ressurgiu na minha vida foi para morrer 6 meses depois. Uma morte estúpida, como todas as mortes de quem sai daqui demasiado cedo. Por negação, deixou que a doença que dizima a família (a minha e a dela, ou o que resta disso) tomasse conta dela. Porque quis morrer como sempre viveu: à maneira dela. De nariz empinado, solitária passeando a cadela à beira-mar, com os livros debaixo do braço. Um cigarro e um café na esplanada na Granja. Intencionalmente ou talvez não, as melhores amigas dela tinham a minha idade ou pouco mais.

Há um ano atrás, entre um abraço de um primo no funeral e os momentos a sós em que estive com ela quando o sofrimento (para ela) já não existia, percebi que a solidão é tudo menos enobrecedora. É tudo menos charme. E que não há beleza nisto, seja ela em que formato for. Morrer sozinha (não o último acto em si, mas o processo) é abjecto. Espero eu saber como não deixar que isso aconteça comigo.

by fiona bacana

'All in all you're just another brick in the wall'

É assim que me sinto quando abro a caixa de correio electrónico profissional e recebo um mail a dizer que há um personal trainer à disposição das 9:30 às 11:00 do dia de hoje.

by fiona bacana

Wednesday, September 28, 2005

Ah, então é isso!

«Adopting one's father beliefs may facilitate commitment»

Blustein et al., 1991 in Contributions of Psychological Separation and Parental Attachment to the Career Development Process

by fiona bacana

Tuesday, September 27, 2005

De volta, enfim... DEEPEST BLUE

Queridos todos,
Em primeiro lugar gostaría de pedir desculpas pela minha longa ausência. Mas nunca de espírito, já que por motivos de maior não pude continuar a saga dos impúlsos públicos. Deepest Blue como nostalgia da saudade deste cantinho tão privado mas tão público....
Fiona Bacana tem sido incansável com este blog, a ela deve-se o princípio e o meio (sim, porque o fim não se espera por tão cedo!).
Para celebrar a nova época, pensei que nada melhor do que publicar desde já aquela que, na minha opinião, é a letra da música que irá badalar nas casas de dança por todo o mundo (House Music), neste inverno... mexeu comigo à primeira, talvez a muitos mais irá mexer!
And make some noise!!!!!!!

Deepest Blue - Give It Away

I never return to love somebody
now all that I need is all I see in you
and only you
and if you get lost I'll always find you
you're all that I need your heart will keep you true
my only you

You make me fall and I can't sleep
You're holding on but it's too deep
and I can't give it away
I just can't give it away

When you slowly close your eyes
replay the moment in your mind
just give it away
just give it away
when you slowly close your eyes
replay the moment in your mind
just give it away
just give it away

Don't ever forget to tell somebody
the feelings inside to make your dreams come true
I dream of you
to feel so alive and want somebody
it's not make believe
my world would be for you
and only you

You make me fall and I can't sleep
You're holding on but it's too deep
and I can't give it away
I just can't give it away

When you slowly close your eyes
replay the moment in your mind
breathe in and give it away
breathe out and give it away
When you slowly close your eyes
replay the moment in your mind
breathe in and give it away
breathe out and give it away.


by Sean Bacana
:D

Missão de vida

«Eu sei, eu sei
sim, eu sei. Sei-o agora e já há muito tempo o sabia.
Sim, sei, sei isso.
Mas eu sei isso e também sei o contrário.
E é tão difícil saber isso e saber o contrário.
Aceitar isso e não desprezar o constrário.

Sim, eu sei
eu sei que a Terra terá cinco mil milhões de anos
eu sei que a Vida terá mil milhões de anos
eu sei que a "pequena" distância da Terra à Lua anda aproximadamente pelos 400 000 kilómetros.

Eu sei, sim eu sei
eu sei
eu sei que tenho apenas 56 anos de idade, 1,65m de alto e um passo de 70 centímetros.
Sim eu sei,
eu sei
mas sei também
que a praia ficará diferente se eu lhe roubar um grão de areia
eu sei
que o mar não será o mesmo se eu lhe chorar uma lágrima
eu sei
que o Universo se altera quando respiro ou mesmo quando penso.

Sim, eu sei, eu sei que venho de longe e vou para longe
sei que não estou apenas aqui mas em muito lado, sei que não vivo "apenas" o tempo que vivo.
Sei que o infinitamente grande é tão infinito como o infinitamente pequeno.
E sei e sei mais e muito mais.
Sei que não sou excepção.
Sei que sou como todos os homens
os que nasceram e morreram
os que hão-de nascer para morrer.
Eu sei que entre mim e os outros há uma eterna e indissolúvel união.
E que os outros precisam de mim, tanto quanto eu deles necessito.
E sei que é este saber-mo-nos infinitamente grandes por sermos infinitamente pequenos que constitui a paixão da Vida.

Eu sei, sim eu sei.
E é sobre esta Vida de paixão que tem sido a minha que vou falar.
Com ironia, com tristeza, por vezes com rancor, mas sempre, sempre com paixão.
Há anos pensei um pensamento para gravar numa porta que ofereci, simbolicamente, para a casa de uns amigos.
Esse pensamento pensava simplesmente: faz de cada momento uma Vida.
Ofereci a porta mas não gravei o pensamento.
Gravei-o na memória e procuro particá-lo no quotidiano.
E é essa paixão pela Vida que quero apaixonadamente transmitir. Porque não vive quem não mergulha permanente e apaixonadamente na paixão da Vida.

Eu sei, sim eu sei.
Eu sei.»

Fernando Távora,
Depoimento para uma aula na Escola Superior de Belas-Artes do Porto
em 21 de Maio de 1980

by fiona bacana

Monday, September 26, 2005

Obrigada, Tio Manel

Assim sai-me de cima um peso na consciência:

a) votar em Cavaco, para quem assistiu à decadência do Cavaquistão, é como fazer um clister desnecessariamente;
b) votar em Louçã é brincadeirinha - está muito bem onde está;
c) votar Jerónimo Martins, mesmo com voz audível, insuportável porque se revela como uma alternativa (?) sistematicamente pouco arejada e bafienta;
d) votar em alguém como Soares, compactuar com a não regeneração dos políticos (para não voltar a desfiar o rosário de queixas do post anterior).

Assim, Tio Manel, voto e fico de consciência tranquila.

Independentemente dos resultados finais, à 1ª ou 2ª volta, porque esses estão decididos: Cavaco Silva é Presidente da República em Janeiro. Regretfully.

by fiona bacana

Friday, September 23, 2005

Que desgosto, Joana...


A dirigente nacional do Bloco de Esquerda Joana Amaral Dias afirmou hoje à Agência Lusa que será a mandatária para a juventude da candidatura de Mário Soares à Presidência da República.

"É com gosto e entusiasmo que aceito o convite pessoal que me foi dirigido pelo dr. Mário Soares para ser mandatária da juventude da sua candidatura às eleições presidenciais", refere a ex-deputada e membro da Mesa Nacional do Bloco de Esquerda, o órgão máximo desta força política entre congressos.

Joana Amaral Dias disse que aceitou o convite do candidato apoiado pelo PS porque acredita "no projecto de Mário Soares para esta disputa, nomeadamente por toda a postura que tem revelado nestes últimos anos, onde sobressaiu uma perspectiva actual, reflexiva e interventiva sobre o mundo contemporâneo".

in Lusa.pt

Oh Joana, Joana, tsk tsk tsk.

Há alturas em que a honra do convite deve ser subjugada à clareza dos princípios.

Mário Soares já foi Presidente da República. Duas vezes. Chega. Há outros candidatos, ainda por cima com élan e carisma suficiente para abater Cavaco. Manuel Alegre seria um desses candidatos de esquerda, não tivesse sido vítima do seu próprio romantismo e até de alguma ingenuidade. Já para não falar das filhadaputice que a cópula PS e o senil do Soares lhe fizeram.

Apresentar Mário Soares como adversário de Cavaco Silva é um tiro no pé. Concordo contigo: derrotar a direita é fundamental. É. Mas não assim, não desta forma desesperada, revivalista, alimentadora da não regeneração dos políticos portugueses. E, Joana, ver-te aliares-te a isto foi um desgosto...

by fiona bacana

Million Dollar Question of The Day, a saga continua

Atracção pelo abismo. Todos já ouvimos falar.

A questão é: o que nos leva lá?

Se já sabemos que a ravina termina ali, o que nos leva a lá ir? Há quem diga (há quem diga...) que é a vista.

Não. Eu não. Eu não vou pela vista. Se fosse pela vista não precisava de me aproximar, centímetro a centímetro da última porção de terra segura. Vou para saber se consigo voltar.

But people, make your bets to the answer of the million dollar question of the day.

by fiona bacana

Thursday, September 22, 2005

Já me tinham chamado hedonista,

mas isto é um exagero.

Hoje, num contexto tão anti-eu que até me abstenho de descrever, ouvi : «temos de fazer mais o que devemos e menos o que queremos».

Assim. Literal. Contundente e literal.

E isto revoltou-me de tal forma que comecei a chorar. Tornou-se ainda mais evidente que o processo de prostituição que é condição sine qua non para a progressão na carreira. E eu não sei se quero compactuar com isto. Não sei se a minha sanidade mental aguenta.

by fiona bacana

Blog do dia

Aqui.

by fiona bacana

Wednesday, September 21, 2005

Memória Sensorial


Entre tantas outras coisas indescritíveis, há algo em que a música não pára de me surpreender: a capacidade de nos fazer transportar para outras eras que já vivemos e fazer-nos sentir exactamente como estávamos à época em que ouvíamos a dita cuja música.

Hoje, voltei a ouvir a banda sonora do Twin Peaks.

E, ao ouvir novamente a orquestração de Angelo Badalamenti, senti um arrepio.

Todas éramos Laura Palmer. E escapamos por um triz.

by fiona bacana

Million Dollar Question of the Day

«Para que serve um Estado se não for um Estado Social?»

Assisto, aterrada, a Miguel Sousa Tavares, sempre ao seu nível, tornando tudo claro e cristalino a propósito dos resultados eleitorais na Alemanha. Lá, temos um pequeno laboratório sobre o futuro da Europa: o que está em causa é saber se é necessário eliminar o Estado Social para manter o capitalismo.

Mas, Miguel, camarada: para que serve um Estado se não for um Estado Social?

by fiona bacana

Tuesday, September 20, 2005

Step 6

Para renascer é preciso:

“trocar a ilusão da certeza pela sagrada segurança de nunca saber ao certo coisa nenhuma”

(Koop, 1977 in Mahoney, 1991)

E aceitar que só vai piorar. Quanto mais sabemos, mais perdidos ficamos.

by fiona bacana

Friday, September 16, 2005

Dos Mas e dos Ses

Cenário: ontem, quando entrei na A1, apeteceu-me seguir em frente e parar só quando fosse inevitável meter gasolina. Efeito garbage, bien sur.

(RUN RUN RUN, MY BABY, RUN - e porque raio este carro não tem uma 6ª velocidade?
RUN FROM THE NOISE OF THE STREET AND THE LOADED GUN
TOO LATE FOR SOLUTIONS TO SOLVE IN THE SETTING SUN)

Argumento: ouço muita gente a queixar-se dos ses. Quando têm de tomar uma decisão, 'e se não é isto que eu quero?', 'e se depois fico na merda por causa disto?', 'e se depois de palmilhado este caminho, não há volta?'.

(CAN YOU BLEED LIKE ME?)

Compreendo e empatizo. Uma pessoa mudou toda a sua vida porque naquele dia resolveu não virar à esquerda, como o fazia habitualmente no caminho para casa. Atravessou a rua para o outro lado e encontrou alguém que lhe mudou o rumo de vida, a forma como olhava para ela própria e a sua relação com o mundo.

(YOU SHOULD SEE MY SCARS
TRY TO COMPREHEND THAT WHICH YOU'LL NEVER COMPREHEND)

Há uma sensação de vertigem nesta era de mortalidade. A sensação de que algumas decisões podem tornar-se turning points e com as respectivas consequências, quem sabe incontornáveis.

Mas com os ses posso eu bem. Levam-me a reflectir, é claro, mas não me paralizam como os mas. Quero dizer isto, mas não posso. Quero fazer isto, mas não tenho esse direito.

Os ses são incontornáveis quando achamos que o futuro ainda está à nossa espera. Quando perdemos todos os dias um bocadinho de crença no futuro, de que de um dia para o outro viramos à esquerda e não à direita e o mundo vira do avesso, o problema são os mas.

O mas é, então, um derivado dos ses. Um se cheio de compromisso. Sei o que tenho de fazer, sei quais são as consequências. Então vou fazê-lo. MAS...

by fiona bacana

Thursday, September 15, 2005

Já me tinha esquecido,

do bem que sabe um simples chocolate. Um simples chocolate, a ver Helena (de Tróia).
Lá está, as coisas simples da vida.

Obrigada, Patrícia. (mas pf não o voltes a fazer...)

by fiona bacana

ps: ainda dizem que as mulheres não mandam no mundo. Durante anos, gregos e turcos degladiaram-se, de matança em matança. Tudo ao ritmo de duas mulheres: Helena, a grega, que por amor, se passou para Tróia. Cassandra, cujas visões determinaram os avanços e recuos, até que tudo ficou em cinzas.

Step 5 - o fim de tudo é o recomeço

«Everything you think you know baby - is wrong
And everything you think you had baby - is gone

Certain things turn ugly when you think too hard
And nagging little thoughts change into things you can't turn off
Everything you think you know baby is wrong

It's all over but the crying
Fade to black, I'm sick of trying
Took too much and now I'm done
It's all over but the crying»

Garbage 'It's all over but the crying' (Bleed like me)

O melhor mind set para um processo de detox é a confirmação de que tudo aquilo que tinha já não existe. Aquilo que se pensava saber, já lá não se sabe nem muito menos serve para analisar, decompor, interpretar o que está à volta. Despojada e descamada de tudo, não há outra opção a não ser começar do zero. Resistir à tentação de utilizar as mesmas fórmulas, para não ter os mesmos resultados. Percebi a estratégia de sedução e os seus resultados. Percebi que com essa estratégia (tão calculista e metódica que até a mim me assustou) é inevitável o resultado final.

A culpa, então, é minha. Como se assumisse um défice e procurasse, digamos, um estilo muito sui generis de sedução. E, então, torna-se bem evidente que a teoria do casting inconsciente (sinteticamente, aproximamo-nos de pessoas que tendem a confirmar ou infirmar os nossos modelos internos dinâmicos, consoante as nossas necessidades desenvolvimentais) encaixa que nem uma luva.

A luta é, então, comigo. Não há raciocínio só me saem duques que resista a uma coisa destas.
Não há lugar a maquilhagem. Não há lugar a distracções nem remendos. Haja coragem.

by fiona bacana

Tuesday, September 13, 2005

Kind regards (música do dia)

Let it die - Feist

«Let it die and get out of my mind
We don't see eye to eye
Or hear ear to ear

Don't you wish that we could forget that kiss ?
And see this for what it is
That we're not in love

The saddest part of a broken heart
Isn't the ending so much as the start

It was hard to tell just how I felt
To not recognize myself
I started to fade away

And after all it won't take long to fall in love
Now I know what I don't want
I learned that with you

The saddest part of a broken heart
Isn't the ending so much as the start
The tragedy starts from the very first spark
Losing your mind for the sake of your heart

The saddest part of a broken heart
Isn't the ending so much as the start.»

Album Let It Die (2004)

by fiona bacana

Monday, September 12, 2005

Fim de semana versão Zip

Contagiarte, e a reconfortante sensação de estar em casa.
Depois, na madrugada: «stroke of luck or gift from god? Hands of fate or devil's claws? from bellow or saints above?..» Resposta a pergunta que segue dentro de momentos.

Emoções pintadas em colectivos de 38 mil e qualquer coisa. Salve-se o fim.

Depois, miki. Orgulho que fala mais alto. São os primeiros 6 meses da tua vida, e estás tão melhor. Bem sei (bem sei....) que é uma luta para toda a vida, mas é bem preferível assim. Tu sobreviverás e ascenderás a muito melhor, estarei aqui para ver. Quanto a ele...só o futuro o dirá. Só ao colocarmos as muletas de lado percebemos como é andar sem elas. E assim descobrimos que até sabemos andar sem elas.

by fiona bacana

Friday, September 09, 2005

Sonho - da paixão ectópica

Conteúdo latente e conteúdo manifesto.

Sonhei que estava apaixonada. E depois acordei com essa sensação. Confusa, toldada entre o sono e a luz, cheguei a festejar estar apaixonada por... Mas foi isso: foi tudo sonho.

Para me auto-citar: o inconsciente é f*****. E, se a gravidez ectópica é possível (também conhecida por gravidez histriónica), a paixão ectópica também o é.

Pumba. Acabo de criar um novo conceito. Vou já registar a patente.

by fiona bacana

Nada a declarar

a não ser: «à procura de uma casa nova, do caixão até à cova.»

by fiona bacana

Thursday, September 08, 2005

Notícia do dia

A Disneyland Paris está a recrutar colaboradores.
Lamentavelmente, a vaga para 'Pateta' já está preenchida.

by fiona bacana

Wednesday, September 07, 2005

Eu juro

Não deixarei que esse estilo cold contagious seja transmitido aos meus filhos. Combaterei o peso da genética. Juro.

by fiona bacana

«wherever you are, you will carry always
(the) truth of the scars
(and) the darkness of your faith
...
you have no right to ask me now - you were never that around
reality day trips, and your suit me suit me ways
...
you have no right to calm me down - you were never that around
cold contagious...

you will get yours, you will get yours...»

Bush 'Cold contagious' (Razorblade Suitcase, 1996)

Tuesday, September 06, 2005

Da "ética da ambiguidade" - Step 4

Aprendi que o meu motor de existência é o combate à minha auto-percepcionada insignificância. Não sei realmente como nem porquê. Mas sei que é por isto que luto: contra a minha profunda e estrutural insignificância. E é para isto que vivo.

by fiona bacana

Monday, September 05, 2005

Is it ticking?!

Não sei se está ou não...mas vieram-me lágrimas aos olhos quando vi isto. Ou então é só SPM...: )

by fiona bacana

Sunday, September 04, 2005

Flavour of the week..end


E ainda há quem diga que um animal é só, é só!, um animal. Que não compreendem os afectos, a preocupação, o olhar diluído e embevecido nas pequenas exibições que fazem.

A estas pessoas que acham que um animal é só, é só!, um animal, pergunto se sabem o quão fácil para eles é o amor incondicional. Podemos estar mal-dispostos, rezingões, até embirrar fortemente com eles porque pela enésima vez nos sujaram as calças pretas de pêlo. É esta a grande lição dos animais: amam melhor do que nós.

by fiona bacana

A minha mais recente aquisição



A escada que me faltava: em papel, origami style. Só tu.

by fiona bacana

Friday, September 02, 2005

Pic of the day



by fiona bacana

Caro Senhor Professor Doutor Luís Imaginário

«Criticar apenas por criticar é facil e qualquer ignorante o faz». (Ditado popular)

Utilizar a fama granjeada como a mente brilhante à frente da reforma do ensino secundário, o pioneirismo na vertente formação e educação de adultos e a sua inquestionável retórica de qualidade estonteante é um direito que lhe assiste.

Fazer disso 'um posto' e utilizar como barreira para a reformulação e evolução de conceitos, parece-me pouco sério. Ainda menos sério do que as suas aulas 'imaginárias', com um quorum de alunos que chegou a estar, prolongada e sustentadamente, nos 'zero alunos'.

by fiona bacana

Thursday, September 01, 2005

Orgulhosamente,

o canto mais escuso da net.

Coscuvilhando os resultados do site meter deste blog orgulhosamente só, aqui vai uma relação dos sítios mais inusitados onde este blog medíocre é lido:

Picotos, Porto
Lisbon, Portugal
Porto, Portugal
Palmela, Setubal
Bairro Do Amial, Porto
Cerro, Braga
Barcarena, Lisboa
Barcelos, Braga
Belgium, Brussels
Codeoza, Braga
Spain, Madrid
Cachada, Braga
So Sebastio, Lisboa
Olaria, Mato Grosso do Sul, Brazil
So Paulo, Sao Paulo, Brazil
So Flix Da Marinha, Porto
Feira, Aveiro
Bela Vista, Porto
Venezuela, Caracas, Distrito Federal
Vila Nova De Gaia, Porto
Barreiro, Setubal
Zrich, Zurich, Switzerland
Portugal, Viseu
Brazil, Rio De Janeiro, Rio de Janeiro
Portugal, So Sebastio, Lisboa
Brazil, Escalvado, Santa Catarina
Mangualde, Braga
Brazil, So Jos, Sao Paulo
Aredes, Braga

O mais estranho de tudo é eu já ter ido/ouvido falar de Stª Catarina no Brasil, Bruxelas ou Zurique, mas nunca sequer imaginar que há alguém Aredes, Cachada, Codeoza ou Picotos que até perde tempo de existência a ler este blog, ainda que ocasional e esporadicamente, claro!

by fiona bacana

Wednesday, August 31, 2005

"How much is left"?!

Ficou em ti tanto como em mim. Desejo-te o que planeio para mim: ressureição.
Ainda assim, obrigada pelo presente (e pelo passado também), obrigada pela música.

by fiona bacana

Tuesday, August 30, 2005

Easy like sunday morning, Step 3

Volta e meia sinto um sufoco que me aperta, aperta bem apertadinho na minha garganta. Os sinais são fáceis de notar: começo a perder skills sociais. Já não tenho pachorra para atender o telemóvel, olho para ele a tocar e simplesmente não atendo (porque não me apetece). Não se trata (gostaria eu!) de uma qualquer posição de fundo do género não gosto que invadam a minha privacidade assim de forma tão contundente e abrupta. Depois começo a ter dificuldade em ser tolerante com as obrigações sociais - do género de custar responder a um simples bom dia. O sorriso social, uma alavanca tão extraordinária, passa a ser difícil de executar. E aí só me apetece pegar no carro e fugir. E desapareço, nem que seja por um só dia.

Durante anos questionei-me sobre este hábito. Porque, na realidade, mal desapareço, começo a pensar nas pessoas que me rodeiam. Então, what the fuck for? Aceitei, e felizmente aceitaram à minha volta, que faz parte de mim. Não é defeito, é feitio.

No entanto, tenho de voltar à raíz da coisa. E descobri no processo de rehab, que mais do que a linearidade vontade de fugir - evitamento, esta resposta surge tão somente quando os custos de alteração do cenário ameaçador são maiores do que os custos de manutenção. É como se viesse à superfície para respirar, recuperar o fôlego para voltar a mergulhar. Aceitei, portanto, que há coisas que não posso mudar e que me incomodam. E, antes que me confrontem com a minha eventual inconsistência economicista, torne-se claro que os custos de que falo são necessariamente emocionais, subjectivos, intangíveis - só são custos porque eu os vejo como tal.

Interrogo-me, agora, sobre os custos que este mecanismo tem numa vida a dois. O conhecimento tácito, e o reconhecimento do outro em mim, há-de salvar a pele das acusações de distanciamento, evitamento e fuga.

Hopefully.

by fiona bacana

Monday, August 29, 2005

And who am I to disagree?

«All paid jobs absorb and degrade the mind».

Aristóteles (384 A.C. - 322 A.C.)

by fiona bacana

ps: tenho as sandálias na mala do carro para as calçar nos intervalos....

Saturday, August 27, 2005

Paul Auster, ou...

como às vezes compensa ser autora medíocre para nos oferecerem destas coisas, um livrinho via correio como lembrança de aniversário não faria parte das exigências do mais sindicalista dos trabalhadores...

Abro, à sorte, uma página, enquanto martelo o pensamento 'Paul Auster, Paul Auster, serás tu outro Paulo Coelho?!!!', seguido de um arrepio frontal ao pensar neste último (desculpem, é a minha embirração mais pessoal).

«Pensando na amizade e, em particular, em como algumas amizades se mantêm e outras não, lembro-me do facto de só ter tido quatro pneus furados desde que conduzo, e que, em cada uma dessas ocasiões, estava no carro com a mesma pessoa.»

Hmm. Faz algum sentido.

Obrigada pela gentileza.

by fiona bacana

Stockholm syndrome (Step 2)


«this is the last time I'll abandon you
and this is the last time I'll forget you»

Muse, 'Stockholm Syndrome' - Absolution

Em 1973, 4 reféns suecos, encarcerados num cofre de banco durante seis dias, aliaram-se aos seus raptores, receando a intervenção do corpo policial. A partir dessa data, essa aparentemente estranha aliança, passou a chamar-se de síndrome de estocolmo - tido como uma forma de sustentação inconsciente de violência (como se merecessem estar ali).

E eu, recebendo com surpresa a profundidade da descoberta, olho estarrecidamente à volta e para dentro. Constato. Reflicto. Refém ou terrorista?

by fiona bacana

(foto de férias, um luar radiante que iluminou o processo de detox)

Monday, August 22, 2005

So how does it feel to be 29?

Ressaca de aniversário. Relativizando (que remédio!) o facto de fazer anos numa altura em que meio mundo anda em trânsito para outras paragens. Agosto no Porto, este ano, teve o seu charme. E à noite muito mais. Parece ainda mais bucólico, mais maniento, há uma espécie de sentimento colectivo de empatia entre 'sobreviventes de agosto no porto'. Um timbre pardacento, mas tão próprio como os ritmos espaçados calor/nortada.

Das férias passadas em clínica de desintoxicação, deixarei aqui as minhas notas brevemente, assim que consiga harmonizá-las (ou então não), solidificá-las (ou então não) e partilhá-las (ou então não).

Para já, a resposta à pergunta: como é ter 29?

O pior, digo eu, já passou. Para quem nunca esperou viver para além dos 21, é muita dose. Para quem renasceu de uma morte anunciada aos 23, é reconfortante saber que há vida para além da dita cuja. Para quem ressuscitou aos 27, é securizante por um lado, aterrador por outro. Securizante porque soube recuperar os 2 anos da minha vida deitados ao lixo, deixando só bem presentes as marcas do que é regressar do mundo dos mortos, para não voltar a desvalorizar o poder das coisas insignificantes. Aterrador porque me aumenta a responsabilidade: já tenho lições de vida suficientes para não me deixar cair na, digamos assim, primeira esparrela.

Agora, com 29, sinto-me mais tranquila. Mais em paz. Sem desenganos: não é uma paz inabalável, como será qualquer uma que seja verdadeira. Algures no processo de rehab, sem o telemóvel, sem o relógio, sem os brincos e sem as pulseiras, com os pés descalços, sem velas nem incensos, sem internet nem jornais, encontrei-me no mutismo sem estar muda. Percebi que os próximos tempos não vão ser fáceis. A vertigem da mortalidade, sobretudo da mortalidade imposta pelos caminhos normativos, é inebriante. Resta-me aceitar e ter esperança, lutar com as minhas armas, e tentar acreditar que há algum tipo de sentido para isto. Eu é que não estou a ver. Nada de brilhante, Schoppenhaur já tinha dito o mesmo.

Mas voltarei a isto mais tarde.

Só que a pergunta martelou e veio a resposta sob forma de música de cd no carro à ida para a praia ao final da tarde:

But time is on your side
It's on your side now
Not pushing you down and all around no
It's no cause for concern

Coldplay, Amsterdam

by fiona bacana

Made in Japan

«As minhas explosões assustam-me. Os olhos raiados de vermelho fúria, cinza gelo, a face tensa ao ponto de alinhar caninos. Deve ser isto, deve ser isto o que se sente um homicida. Nunca pensei conseguir matar alguém, hoje já não tenho essa certeza.»

by fiona bacana

Sunday, August 14, 2005

Pausa na pausa

Tal como prometido, aqui vai uma das ilações do meu processo de desintoxicação: preciso de isolamento. Preciso. Seja por defeito de educação, seja por necessidade higiene mental. Seja por questões conjecturais. Seja.
A primeira semana de rehab correu lindamente, mesmo com os suores frios necessariamente associados. O problema foi constatar que quanto mais tempo passava, menor era a vontade de interagir socialmente. E quando isso aconteceu, parecia uma imberbe social, atrapalhada, com dificuldade em articular discurso.
Agora, saio da clínica de desintoxicação, e a grande tarefa é mesmo de sociabilização. As minhas férias bacardi. Ao menos que esta vila, deliciosamente piscatória como nenhuma, já tem cyber cafés por todo o lado!

Até à próxima (não faço a menor ideia quando...)

fiona bacana

ps: desculpem o post minimalista mas as moedinhas aqui em cima da mesa estão a desaparecer à velocidade da luz

Monday, August 08, 2005

ferias

tambem fui...nem um teclado portugues tenho no algarve...mandem bocas! logo logo voltamos...ate um dia!!

Sean Bacana

Saturday, August 06, 2005

Pausa

Parto de férias como quem parte para uma clínica de desintoxicação.
Mandarei postais para aqui, como forma de registar, egocentricamente, a minha reacção aos twelve-steps em 23 dias.

Até lá...

fiona bacana

Friday, August 05, 2005

Às paredes confesso











Tenho um fascínio por escadas. Não meramente por razões biográficas, embora as escadas tenham sido uma constante nos cenários de episódios mais ou menos marcantes da minha vida.
De máquina em punho ou retiradas da net, tenho uma colecção de fotos de escadas.

A pergunta que se segue, então, é a seguinte: porquê este fascínio com escadas?

Simples: é um constant reminder de que o que nos faz descer, também nos pode fazer subir.


by fiona bacana

De matar

Eu tenho pena. E dói. Custa-me abdicar de ti. E gostava de não ser assim contigo, gostava de não ter necessariamente de fazer-te isto. Provavelmente, gostaria também de ter argumentos para te matar, assim, metaforicamente. Se me perguntassem se gostava assim de ti, diria que não. Um contundente e rotundo não. E por isso te mato. Não tenho espaço para acessórios periféricos na minha vida. Desta vez, escolho-me a mim.

by fiona bacana

Um banho de Deus

Vistas e revistas as coisas, é a percepção de esperança que distingue os que não se deixam manietar pelo joguinho maquiavélico ao qual nos habituamos a chamar vida. Esquizofrenia colectiva? Pois claro, somos todos, vivemos nos nossos mundinhos imundos e, no fundo, não queremos mais nada. O tamanho da cisão é imediatamente proporcional à felicidade quimicamente induzida.

by fiona bacana

(foto de sesimbra, o meu palco de férias de adolescência e..de sempre...lá estarei de novo!)

É hoje (a few hours and counting!)

«Partir andar, eis que chega
Essa velha hora tão sonhada
Nas noites de velas acesas
No clarear da madrugada

Só uma estrela anunciando o fim
Sobre o mar sobre a calçada
E nada mais te prende aqui
Dinheiros, grades ou palavras

Partir Andar,
Eis que chega
Não há como deter a alvorada
Pra dizer, um bilhete sobre a mesa
Para mandar o pé na estrada
Tantas mentiras e no fim
Faltava sempre uma palavra
Faltava quase sempre um sim
Agora já não falta nada

Eu não quis, te fazer infeliz, não quis.... Por tanto não querer, talvez quis...

Partir andar, eis que chega
Essa velha hora tão sonhada
Nas noites de velas acesas
No clarear da madrugada
Só uma estrela anunciando o fim
Sobre o mar sobre a calçada
E nada mais te prende aqui
Agora já não falta nada...
Não falta nada... »

Zélia Duncan 'Partir, Andar'

by fiona bacana

Thursday, August 04, 2005

Where West meets East (I wish...)

«I wish I was a neutron bomb, for once I could go off
I wish I was a sacrifice but somehow still lived on
I wish I was a sentimental ornament you hung on
The christmas tree,
I wish I was the star that went on top
I wish I was the evidence, I wish I was the grounds
For 50 million hands upraised and open toward the sky

I wish I was a sailor with someone who waited for me
I wish I was as fortunate, as fortunate as me
I wish I was a messenger and all the news was good
I wish I was the full moon shining off a camaro’s hood
I wish I was an alien at home behind the sun

I wish I was the souvenir you kept your house key on
I wish I was the pedal brake that you depended on
I wish I was the verb ’to trust’ and never let you down
I wish I was a radio song, the one that you turned up

I wish...I wish...»

Wish - Pearl Jam

by fiona bacana (2 days and counting)

Wednesday, August 03, 2005

Obsessiva, eu?!

Há 4 noites que durmo mal. Pronto, ok, pior do que o costume.

Não por causa de nenhuma tragédia, não por alguma dor específica (embora esta laringite de verão seja tudo menos conveniente), não por alguma coisa que me faça virar de um lado e de outro.

Simplesmente acontece porque troquei de televisor. E este novo televisor, cheio de funcionalidades inúteis (só falta fazer as compras de supermercado por mim, essa é que era), já não tem a hora no visor. E, por essa razão, acordo durante a noite, como é costume, mas agora já não sei que horas são. E como não consigo acordar sem saber que horas são (obsessiva, eu?!), procuro o telemóvel, ligado 24 horas por dia (obsessiva, eu?!), com só um olho aberto para não acordar totalmente (obsessiva, eu?!). Não consigo encontrar o telemóvel em cima da mesinha de cabeceira só com um braço e só de um olho aberto, pelo que sou obrigada, há 4 noites, a ligar a luz. E pronto, lá se vai o sono.

Como uma porcaria de um visor tem este impacto numa das minhas necessidades mais básicas. É que dormindo mal, fico - ainda mais - insuportável. Ridículo. Obsessiva, eu?!

by fiona bacana

Tuesday, August 02, 2005

Take it away, Rio

Please tell me
It's going to be a new day
a new dawn for those who have sworn -to-uphold
Please tell me
There's a reason for all this
that what i've experienced won't-be-dismissed

Ch:
Why can't we
go back and be what we were
how we laughed
like those laughs were all-that-mattered

Please tell me
there's a light at the end of the tunnel
That i don't have to say goodbye
That i don't have to hurt and make-you-cry
Please tell me
there's a future for me
the future i forgot how-to-see
Please tell me
my emotions will carry on
they're not my enemies (and) they're not-my-drug

Ch

Please tell me
That though things are not the same
they'll be the same somehow
Differently the same somehow
Raced off the track
people passing me by

by fiona bacana

Suicídio literariamente assistido

É incrível a quantidade de pessoas sós. Não há nada a fazer: arrastam-se em iguais doses de desespero e complacência. Varrem a cidade munidos de livros, jornais e revistas. É a arma com que tentam combater a solidão. O que a maior parte deles não sabe, ou amaldiçoa o dia em que souber, é que a arma com que se defendem é a mesma arma com que se matam a eles próprios. É um suicídio literariamente assitidos. Nada mais.

É uma chatice, é um facto. Não podem andar sempre sob escolta. E afinal os livros, as revistas e os jornais e as músicas que os amparam, não são nada mais do que uma forma inferior de existência. A vertigem de uma música poderosa pode fazê-los viver, por meros instantes, instantâneos e instintivos momentos de uma descarga quase vulcânica que parecem desconhecer, mas que os faz acelerar o passo e o batimento cardíaco. Mas eles, sobretudo eles, os sós, os isolados, os que necessitam de estar sozinhos para sobreviver, sabem no fundo, bem lá no fundo, que não há justificação (a não ser a própria incompetência) para passarem tanto tempo sozinhos - perante os olhares indiscretamente íntimos dos que os rodeiam e sabem desta sua entropia.

E, depois, distorcem-se. Procuram, incessantemente, uma teoria pessoal qualquer que os alivie desta sua displasia existencial. Olham para as pessoazinhas estúpidas, habituam-se a pensar que elas - coitadas! - nem pensam muito bem no que fazem e muito menos no que dizem, mas a verdade verdadinha é que as pessoazinhas estúpidas são eles. Habituam-se a controlorem-se com os cenários mais ou menos decadentes dos livros que têm e preferem-nos, de longe, aos cenários mais ou menos decadentes das suas próprias vidas.

Porquê? Boa pergunta. Mas acho que nem eles sabem.

by fiona bacana

Monday, August 01, 2005

Fiona Bacana recomenda

Exposição de André Princípe (ou mais um a sair da psyché lândia)
Siloauto - Norteshopping
http://www.norteshopping.pt/mainsite/newsletter/newsletter.aspx?id=3&menu=13&active=0

Tunnels é a primeira série de uma trilogia que aguarda por Walls e Bridges.

«Tunnels é precisamente o que anuncia: uma viagem de febre pela cidade, por muitas cidades, progressivamente obsessiva, obsessivamente alheia ao reconhecimento dos lugares e dos tempos. Uma viagem de fotógrafo, onde a procura persistente nos labirintos desvendados vai ancorar e perder-se na procura de si mesmo. Não são pois imagens do museu imaginário, mas estranhezas que não nos são oferecidas: só se exprimem e solicitam o nosso significado quando as frequentamos, violamos o seu espaço, bem dentro do corpo sem órgãos que denunciam. Porque não se trata aqui de representar lugares, geográficos e humanos, apenas atmosferas e emoções, envolvidas na dúplice inteligibilidade com que nos regulamos, e dar nome a estas imagens exige esforço, exige acompanhar a história que contam quando inquiridas, quando suspendemos o passo e galgamos a brecha que nos separa. Mas é tão absurdo como inevitável recuperar o sentido com que o fotógrafo as marcou, o reflexo de si e do seu tempo e lugar. »

Todas as fotografias. Todas. Todas elas prenes de. Todas elas tresandam. A fragmentos e fatias emocionais.

by fiona bacana

Antecipando as férias de Verão (4 days and counting!)


«Como são nocturnos certos cheiros e ruídos; como há bichos nocturnos e flores que não se abrem de dia; como há pensamentos tão claros que só à noite se percebem.»

Chico Buarque in Estorvo

by fiona bacana

Estorvo - Parte I (Let your heart sour so it can reborn)

«Enchendo-se de ódio, e sofrendo de um outro ódio para não entender que ódio cruzado é aquele que o domina, e que é feito de muita humilhação e que é desprezo ao mesmo tempo»

Chico Buarque in Estorvo

ou

como às vezes o ódio pode ser um motor de energia destruidor à escala universal, até do que se julgava inultrapassável. Como o ressentimento pode ser estratégica e laboratorialmente criado, ampliado e exponenciado, para fazer destruir todos os obstáculos.

by fiona bacana

Friday, July 29, 2005

Rebel without a cause


Ontem voltei a ver. Há sempre qualquer coisa de novo quando vejo este filme.

« If I had one day...one day when I didn't have to be all...all confused and ashamed of everything...Or I felt I belonged some place...»

Só James Dean, só teenage angst.

by fiona bacana

Thursday, July 28, 2005

Desabafo da...noite

Eu quero é que a proteína animal se f***!

Anemia ferropénica.Microcitose. Ferritina.
Nomes muito complicados para dizer uma coisa muito simples: já não sou imortal nem impune.

Obrigada Doutor. Não imagino "papá" melhor para me dizer uma coisa destas.

by fiona bacana

E este meu pesadelo que nunca mais tem fim




Quanto tempo demora a atravessar um país do tamanho de um continente?!

by fiona bacana

Ps: yes, fiona bacana has posted a picture of the usa. yes, fiona bacana has gone insane. And yes, fiona bacana promisses to furiously DELETE this image as soon as possible.

Estranha forma de vida

Estranha forma de vida, esta coisa dos blogs. Supostamente a escrita liberta, e às vezes até liberta. Mas tenho notado, nos últimos tempos, que este exercício catártico me torna menos capaz, menos apta, para falar de mim a quem realmente merece. A quem me conhece o cadastro, a quem me conhece a história e que, gentilmente, me chama de sobrevivente. Pois.

Então reconheço: não estava nos meus planos ter 28 anos. Com tudo o que isso implica: a vertigem da normatividade, os bens de consumo que atraem e para 2 minutos depois me deixarem com AQUELA culpa, como se tudo isto fosse um exercício de futilidade, afinal estas coisas confortam mas não dão o que eu mais preciso. Implica também que os amigos mais novos, os irmãos dos amigos, os primos, os vizinhos que vi crescer, olhem para mim como uma adulta. Que, lamento, mas não sou. Por mim continuava calmamente na minha vida errante de eterno peter pan. O que sou hoje é tão somente um produto de constrangimentos exteriores a mim (a malta não vive de ar e vento) com a interacção de tentativas inócuas, imberbes e pouco sólidas de constituir algum tipo de coerência comigo própria. Tipo: "Ai tenho de trabalhar para ser autónoma? Pois então que faça profissionalmente algo pelos outros, onde consiga fazer a diferença na vida dos outros". Alguns dirão que isto é até uma resposta bem assertiva, uma sublimação bem produtiva. Mas não é.

Mas voltando ao que escrevo aqui, neste canto escuso da net. Liberta-me e prende-me. Mas enquanto fizer sentido...

by fiona bacana

Wednesday, July 27, 2005

Casum Sentit Dominus

Art. 796 nº1 Código Civil - Os contratos que importem a transferência do domínio sobre coisa certa ou que constituam ou transfiram um direito real sobre ela, é no momento da conclusão do contrato que o risco de perecimento ou deteriorização da coisa passa do alienante para o adquirente.


Manuel de Pinho e Dr. Mário Soares vão tomar um café ao Majestic. O Dr. Mário Soares ficou encantando com a bicicleta do Manuel de Pinho, que estava à porta do café e propõe a Manuel de Pinho um contrato de compra e venda da bicicleta, cujo preço será pago daí a uma semana, ao que este aceita a proposta.
Contudo, quando chegam à rua, ambos deparam que a bicicleta fora furtada.
A quem pertence a bicicleta? Manuel de Pinho terá direito ao preço da coisa?


By: Cavaco Silva

Será isto desertificação?

AMC, 19h. Entro para ver o 'Cruel', só para matar saudades.
E, olho à minha volta, e não vejo ninguém. Ninguém. Eu e uma sala de cinema só para mim. E tu, clonado na tela.

Deve ser isto que chamam de desertificação...

by fiona bacana

Going back on memory lane

Traseiras do colégio. Chuva morrinha. Lá de cima, as janelas tipo hospício, tinham 29 alunos na sala do 9ºB. Eu e a Sandra cá fora, sentadas nas escadas. Borrifando-nos para as consequências. Era como se não houvesse amanhã, ou como diria a outra, "amanhã é sempre longe de mais". Eu delirante com o novo eu. Ela com aquele cinismo tresandando a charme, aqueles tiques de má-educação que só ela fazia passar por charme. Tínhamos daquelas garrafinhas de prata com whisky lá dentro. E tínhamos um walkman (sim, eu sou da geração do walkman!), com uma cassette gasta, muito gasta: jesus and mary chain. E, entre silêncios típicos de quem sabe que nada conta para além dali, ouvíamos april skies.

But that’s the way that you are
And that’s the things that you say
But now you’ve gone too far
With all the things you say
Get back to where you come from
I can’t help it
Under the april skies
Under the april sun
Sun grows cold
Sky gets black
And you broke me up
And now you won’t come back
Shaking hand, life is dead
And a broken heart
And a screaming head
Under the april sky

by fiona bacana

Tuesday, July 26, 2005

O "adeus" de Mário Soares

Semana interessante esta para as Presidenciais de Janeiro. Um fait-divert para as eleições de Outubro, o que bem pode indiciar o mal estar do partido de centro-esquerda portuguesa, quiçá revelador dos resultados das próximas autárquicas. Com grande popularidade subiu ao Governo a equipa do Eng. José Sócrates (refira-se, de forma incontestável) que vê-se agora a braços com as medidas polémicas a nível das Finanças. Talvez porque a diversão dos comboios rápidos e o Aeroporto (fictício) da Ota não tenha "colado" uma vez que toda esta poeira tenha levantado problemas ao novo Governo...
Na verdade, projecta-se uma candidatura algo inesperada, a do Dr. Mário Soares. É sem dúvida uma figura incontornável da política portuguesa dos últimos 30 anos e um personagem histórico do século XX português. Contudo, na minha humilde opinião, roça ao caricato uma candidatura de um homem que hoje simboliza o passado. Um passado também controverso da política portuguesa (como a descolonização, por exemplo...). Uma candidatura de um homem que manifestamente já deu o que tinha a dar ao serviço público e que bem precisa de descansar... Aliás, há quem afirme que uma das suas vantagens em relação à possível candidatura do Prof. Cavaco Silva seja a sua contínua intervenção pública, que nunca chegou a cessar. Mas que se diga a bom tempo, e já que falamos de tempo, que a falta de situação de contexto de actualidade do Dr. Mario Soares fora desde sempre notório nas suas intervenções.
O respeito pelo longo percurso e "folha de serviço" do Ansião Mário Soares impede qualquer discussão ou crítica. Cairíamos na desactualidade, e não nos convenhamos. Mas discutindo o perfil actual deste homem, e tendo em conta as funções de um Presidente da República (os constitucionalmente previstos e os "doutrinalmente" previstos), sería alguém, com a idade avançada, com a falta de contextualização actual, com a falta de conhecimentos económicos, com a previsível falta de imparcialidade, a pessoa ideal para tal cargo?
Certo será, que uma derrota ante o Prof. Cavaco Silva nas próximas presidencias, mancharão o seu vasto currículo de "sucessos". Falo-á mesmo saír (?? - sim, porque se se candidatar à Presidência da República, já ninguém poderá adivinhar uma saída de cena) pela porta pequena da sua longa carreira política... Exigir-se-á então a pergunta, quererão os socialistas um funeral de Estado (do) para o Dr. Mário Soares?


By: Manuel de Pinho

De quando a verdade dói

«Um riso à beira de lágrimas. Foste sempre assim».

Quando me entregaram um livro com esta dedicatória, demorei a perceber. Eu, a destinatária? EU?!

Até que percebi. Há gente que verá sempre mais longe do que nós poderemos, eventualmente, desejar. Há gente que analisará sempre aquilo que colocamos em parêntises, consciente ou inconscientemente. Há gente que perceberá sempre quando estou a desconversar. Há gente que terá sempre a coragem de me questionar, com mais ou menos reacção da minha parte (o "mas isso é pergunta que se faça a uma amiga?!", entre sorrisos escaldados, é só um dos exemplos de retórica armada ao estilístico).

E, tão grata estou eu por ter estas pessoas na minha vida. Por conseguirem ver-me neste nevoeiro. Por serem capazes de me confrontarem, quando o mais aconselhável seria não o fazerem (a tirada do stôr, então, é um clássico: "não te esqueças que quando te espetares, não vais sozinha - não sei se tens esse direito").

Obrigada, obrigada, obrigada. E desculpem, desculpem, desculpem.

by fiona bacana

Vivam os ginásios da província

Seguindo a fórmula da razoabilidade 'relação qualidade-preço', as vantagens instituicionais de trabalhar numa organização tida como incontornável (eles lá saberão porquê...) e e as sugestões sempre pertinentes de quem me rodeia, resolvi dar um giro num novo ginásio em expansão. Daqueles que nos fazem esquecer que estamos numa cidade em formato de caixa de fósforos.

Ginásio super-hiper-mega-uau, vidros foscos, tudo muito clean. Dirijo-me à recepção. "Preencha este formulário ali no nosso bar que alguém da nossa equipa já vai lá ter consigo". Não tinha sequer acabado de preencher o nome (pronto, está bem, já sei que é comprido...), tinha uma jovem de óculos de massa grossa de côr vermelha, ar muito profissional, vinda directa de um qualquer episódio dos Morangos com Açúcar, a olhar para mim. Aproxima-se e diz-me: "Posso?". Quando se preparava para debitar a lenga-lenga comercial, olha para mim e lança a frase assassina: «Eu conheço-a!Não é a...». Olho para a placa e leio-lhe o nome. Torna-se evidente o pesadelo de qualquer psicólogo: reencontrar um ex-cliente.

Os próximos segundos foram mutuamente embaraçosos. À minha cabeça, chegavam pedaços de informações, avaliação e linhas de intervenção, enquanto respondia que o RPM a mim não me interessava, eventualmente body pump e body balance. Que valorizava essencialmente a flexibilidade de horário e a limpeza das instalações (pronto, chamem-me anti-social e anancástica).

Depois, como ao que parece é da praxe, fomos dar uma volta pelo ginásio. Primeiro olhámos para a piscina, que não tem pastilha no fundo, diz que o inox é mais limpo e não precisa de tanto cloro. Descemos então as escadas e aí começou a verdadeira tortura. "Então, por cá?", para uns metros mais à frente dar de caras com um "Oh Drª, espero por si nas minhas aulas para me vingar de si, ok?!". Mais à frente, um pai de camisa caveada com Throttleman escrito em letras grandes: "Olhe, o F. está óptimo, está com óptimas notas!".

Ainda não refeita deste circo de constrangimentos, a rapariga dos óculos de massa grossa de cor vermelha, indica-me o caminho dos balneários. E eu a rezar para não encontrar ninguém. Era a cereja em cima do bolo: encontrar alguém do trabalho nos balneários, fazendo conversa circunstancial enquanto a pessoa nuínha se ia secando com a toalha. Felizmente esse surto Ally McBeal foi apenas um delírio. Porque eu encurtei a visita ao balneário. Estratégica e subtilmente.

Alimentada pela leveza do alívio da inexistência de algo profundamente embaraçoso, tipo imaginar como seria encontrar a pessoa novamente no trabalho, subo as escadas. Mas era pedir muito não olhar para o lado e ver um Director encharcado em suor, com os óculos embaciados: "Espero vê-la por cá!".

Lamento, não tenho estômago para isto. Trabalho é trabalho...ginásio é ginásio. Prefiro o meu ginasiozinho de província que fecha às 23h. Aí, ao menos, sou orgulhosamente anónima e estão-se borrifando para a instituição tida como incontornável.

by fiona bacana

ps: um agradecimento profundo e sentido à coragem da rapariga dos óculos de massa grossa de cor vermelha que me deu um free pass para experimentar, sem compromisso, durante 30 dias. Eternamente grata, mas ainda em stress pós-traumático, ofereço o dito cujo free pass ao primeiro que me pedir.

E por falar em bater na mesma tecla (da Paixão de Pedro para variar)

«O amor desmembra o nosso corpo. Estralhaça-o. Mas isso não quer dizer que a comoção violenta da paixão o sacuda e faça estremecer ante a expectativa do prazer, oferecido pelo amor (...). O corpo é todas as percepções, todas as memórias, todas as expectativas, todos os sentimentos, todas as emoções, todos os outros, todos os que fui sendo, todo o real, todo o possível e todo o imaginário. A presença de alguém na nossa vida pode provocar o colapso, o caos, deixar-nos na miséria. Pode meter e mete muito medo»

E, digo eu, só assim descamamos e criamos novas peles e novas tonalidades. Qual o gozo de jogar de sabemos já qual o resultado? Como diria alguém que conheci, gosto muito de viver. E de levar tombos, de me estampar, de me arrepender, de me corrigir e desculpar, de aprender, de crescer, de calejar, de sofrer, de me arrastar, de desesperar... de viver! Porque sei que de cada vez olho par o mundo de maneira diferente ... e deslumbro-me com a descoberta, levanto-me, e cá estou eu de pé outra vez.

«O amor é esse conflito permanente e completo: liberta e agarra, é doçura e amargura, refaz e desfaz, resuscita e adormece, faz-nos sonhar e confronta-nos com a realidade pura e dura, dá à luz. Mas também tem o poder de nos matar.»

Pois. Mas só assim se vive: perdendo vida, para a ganhar.

by fiona bacana

About songwriting

«Tell me about your songwriting process.

For me, songs are born with a guitar and my journal at my side. My various guitars have different voices and they function as my singing and writing partners. The unique qualities of a guitar’s voice have a real effect on what comes out. I don’t have a specific sound or formula that I rely on each time. The songwriting process is either really visceral, emotional, and immediate, where I sit down and write something from start to finish, or it’s an ongoing meditation that gets sculpted and re-sculpted. The latter method has more of the intellect involved. For instance, “Parameters” was a real vomiting of words, whereas a song like “Lag Time” was more of a process that I worked on for months. It represented the “Oh! I finally got the bridge!” kind of writing. »

Ani DiFranco, in Fretz Magazine (http://www.fretsmag.com/story.asp?sectioncode=52&storycode=8649)

E, infelizmente, a tour europeia foi cancelada....snif snif snif

by fiona bacana

Site do dia - Parte I

Batendo na mesma tecla (até que a voz me doa!!!)

http://www.nationalgeographic.pt/revista/0705/feature7/default.asp

by fiona bacana

Monday, July 25, 2005

Left over wine

What do you do when the people go home?
And what do you do when the show is all done?
I know what I'll do in the alone of my time
But what will I do with the leftover wine

A line from a poem of my childhood has said
That visions of sugarplums were gonna dance in my head
I'll spend my whole life making the time rhyme
But I'll still have a bowl of leftover wine

I'll spend my whole life making the time thyme
And then I'm gonna run to the people
And I'll sing them a song of mine
You know I'm gonna do anything
Just to take up time
Because I can't find a taker for the leftover wine

I'll drink some of yours
If you'll drink all of mine
Because I can't stand the taste of that leftover wine...

Melanie Safka 'Leftover Wine'

Quando a festa acaba, quando ficam os resquícios de almas carburadas. Quando o vazio volta a encher o peito. Quando as gargalhadas não passam de ecos, bem disfarçados de tragédias alheias. Todos têm cicatrizes, umas sararam, outras não. (E é muito irónico que a expressão 'sarar' esteja associada a ferida).

Mas e depois o que se faz? Fica aquela névoa de enjoo quando esvaziamos os cinzeiros. Fica a sensação de remendo. E tudo volta.

by fiona bacana

Million dollar question of the day

«Mas e o que se faz quando a margem de sonho, de esperança de que tudo pode melhorar a qualquer hora, diminui todos os dias um pouco? E o que se faz quando perdemos, dia a dia, a luminosa ideia de que isto acontece por alguma razão?»

When I find out all the reasons
Maybe I'll find another way
Find another day
With all the changing seasons of my life
Maybe I'll get it right next time

And now that you've been broken down
Got your head out of the clouds
You're back down on the ground
And you don't talk so loud
And you don't walk so proud
Any more, and what for?

Well I jumped into the river
Too many times to make it home
I'm out here on my own, an drifting all alone
If it doesn't show, give it time
To read between the lines

Because I see the storm is getting closer
And the waves they get so high
Seems everything we've ever known's here
Why must it drift away and die

I'll never find anyone to replace you
Guess I'll have to make it thru, this time - without you

I knew the storm was getting closer
And all my friends said I was high
But everything we've ever known's here
I never wanted it to die

Estranged

by fiona bacana

Sunday, July 24, 2005

Confesso

Durmo para Oeste só para me sentir mais próxima de ti.

by fiona bacana

Friday, July 22, 2005

C'est le malaise du moment...

«C'est le malaise du moment,
L'épidémie qui s'étend,
La fête est finie, on descend,
Les pensées qui glacent la raison.

Paupières baissées, visages gris,
Surgissent les fantômes de notre lit;
On ouvre le loquet de la grille
Du taudis qu'on appelle maison.

Protect me from what I want
Protège-moi, protège-moi

Sommes-nous les jouets du destin
Souviens-toi des moments divins
Planant, éclatés au matin,
Et maintenant nous sommes tout seuls.

Perdus les rêves de s'aimer,
Le temps où on avait rien fait,
Il nous reste toute une vie pour pleurer
Et maintenant nous sommes tout seuls.

Protect me from what I want
Protège-moi, protège-moi.»

Placebo 'Protect me from what I want' (versão francesa: 'Protège-moi')

by fiona bacana

Passive-agressive

«Even in your betrayals you're passive-agressive».

Não há resposta possível a uma coisa destas. Uma não-acção pode ser violentamente agressiva. Entendo. Mas e depois? O que se faz com isso? Passa-se a ser mais agressivo para encaixar no rótulo normativo de traição? Ou passa-se a ser mais passivo embutindo o que, apesar de tudo, ainda se sente - reforçando o estigma da passividade?

by fiona bacana

Thursday, July 21, 2005

pvIP aconselha...

«Espelho Meu - Portugal visto por fotógrafos da Magnum» Centro Cultural de Belém (CCB)
01-07-2005 a 28-08-2005
3ª-Dom: 10h00-19h00


Esta exposição nasceu das mais de 1000 imagens sobre Portugal existentes nos arquivos da Agência Magnum, Paris, a maioria das quais nunca expostas ou publicadas. Procurando fazer coincidir o interesse histórico e cultural com as imagens que melhor exprimem o olhar singular dos fotógrafos que passaram por Portugal ao longo dos últimos 50 anos, a exposição apresenta uma selecção de fotografias daquele acervo. A par deste núcleo de imagens de arquivo, são ainda apresentadas cerca de 30 novas fotografias realizadas exclusivamente para esta exposição pelos fotógrafos Susan Meiselas, Miguel Rio Branco e Josef Koudelka. Estes três artistas estiveram em Portugal no final de 2004 e início de 2005, com a missão de fotografar o país contemporâneo, actualizando a visão resultante dos arquivos com novas perspectivas e completando este caleidoscópio de olhares onde se configura um espelho do nosso país.

Para os que não puderem dar o salto, encontram facilmente o livro em qualquer FNAC do país.

By: S.B.

London Blasts

Enough!!! That`s all that comes to my mind after this huge campaign of terror all over the world. And it promisses to continue after the second blast at London`s Underground.
"No victims.." says the government and perhaps the statistics of today`s attacks. Huge Mistake! The society is no doubt the victim of terror. A war of guilties and mistaken policies has its costs and those costs are to be payed by the innocent people that are just trying t find their way. Shame! STOP the killing! Now!!

By: S.B.

Struck by the physical resemblance


Fiona Bacana recomenda o filme 'Cruel': nomeado para o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2004, «Ondskan – Cruel» é a adaptação cinematográfica do romance auto-biográfico do polémico jornalista sueco Jan Guillou e um retrato sádico do que se pode passar no interior de um colégio interno, onde a sobrevivência dos mais fortes foi elevada a regra.

by fiona bacana

Wednesday, July 20, 2005

Não seremos todos ladrões de fogo?

«Amar não se conjuga no condicional. É bem possível amar um assassino. O amor não tem partes nem tempo usual. Tudo altera. Tudo inverte. Tudo perdoa (diz que sim). Não é só uma coisa por dentro. Para uma pessoa que ame, o mundo todo torna-se amável. Para uma pessoa que não ame tudo parece estar prestes a desmoronar-se sem mais se levantar. (...). Nada sabe fazer com as próprias mãos»

Pedro Paixão in Ladrão de Fogo

Não, não é por causa da pôrra dos ovos. Isso é para os que se centram mais nos resultados do que na tarefa, que procuram um outcome qualquer como se fosse uma pôrra de um fundo de investimento ou uma estratégia na gestão de carreira.

Simples, não? Enquanto se perdem na procura do dito cujo outcome, esquecem-se de gozar o processo. E depois ainda se queixam que isto é uma maçada, que os lucros não superam os custos, enfim...Lógica economicista, tentativas imberbes de racionalizar um processo que não se coaduna com esses parâmetros.

by fiona bacana

Tuesday, July 19, 2005

Dívida (Dos bosques da gratidão)

Ontem, por entre as divagações sórdidas que só eu e a gui conseguimos extrapolar a postulados científicos, lembrei-me da dívida de gratidão que tenho para com o Stôr.

Não sei se andas por aí ou não, mas....: o facto de estar viva é, em parte, responsabilidade tua.

by fiona bacana

Talvez assim me entendam (ou a queda de um 'mito')

«What is food to one, is to others bitter poison. »

Lucrécio - poeta, filósofo e cientista romano

Há anos atrás, poderia dar-me ao luxo de bater com a cabeça no lavatório até sangrar. Hoje, não posso. E, por isso, sublimo.

by fiona bacana

Complexo de Electra (?)

«All i want to do
Is (to) be more like me and be less like you
»

Linkin Park, 'Numb' (Meteora)

by fiona bacana

Monday, July 18, 2005

The way that I am - blame it on them (or not!)



Imagem do concerto de Guns n' Roses

2. Jul.1992

Estádio de Alvalade

On growing up and the reasons why we are the way we are...How was I supposed to LISTEN to 'Coma' and remain the same?

by fiona bacana

É a m**** de país que temos

Há pessoas que fazem 10 vezes o nosso esforço só para se levantarem da cama.
Há soluções, como os cães de assistência, que melhoram a vida destas pessoas, às vezes de forma inimaginável.
E, no entanto, tudo esbarra num vazio legal.
Que m**** de país temos...

by fiona bacana

«A Associação Portuguesa para a Intervenção com Animais de Ajuda Social (Nimas) vai pedir uma reunião com os grupos parlamentares dos vários partidos para rever a legislação para que estes cães possam entrar livremente nos locais públicos, acompanhando os seus donos, disse a O COMÉRCIO a presidente instituição.
A lei existente apenas prevê a entrada em locais públicos de "cães guias", deixando de fora os "cães de assistência" a pessoas com deficiência motora, pelo que segundo Liliana Sousa "existe um vazio legislativo" em relação a estes animais, algo que, diz, "talvez se explique pelo facto de só muito recentemente terem começado a ser utilizados em Portugal". Assim sendo, a dirigente da Nimas pede que se reconheçam os "cães de assistência" como "cães de serviço", tal como já acontece em países como Inglaterra e Estados Unidos. "Em Portugal ainda se desconhece que estes animais são treinados para acompanhar o seu dono em todas as situações"", afirma, explicando que entre muitas das coisas estes cães são capazes "ajudar os seus donos a fazerem compras nos supermercados, chegando-lhes coisas a que eles não podem chegar de uma cadeira de rodas, por exemplo".
(...)
"mesmo num restaurante ficam deitados ao lado do dono, e nem mesmo um bom bife os faz desviar a atenção, apesar de gostarem muito de comer". Estes cães sempre que andam na rua usam um "colete" onde transportam os certificados de saúde, apólice de seguro de responsabilidade civil, certificado de treino do cão credenciado pela associação. Além disso, ao fim de cada semestre são submetidos a análises sanguíneas que garantem o despiste de eventuais patologias. Mas, nem só no que a assistência a pessoas com incapacidades físicas se limta a acção destes animais, que inclusivamente já foram também usados em várias teses de licenciatura, uma das quais na área da psicologia. Neste caso a sua intervenção foi com uma criança autista funcionando como terapia assistida. "Foi uma agradável mais valia. No fim do ano lectivo notava-se que havia uma maior comunicação , de tal modo que nessa altura a criança em questão já se sentia suficientemente à-vontade para fazer algumas perguntas", informou a responsável da Nimas.

A Nimas foi fundada em Maio de 2002 e visa promover a utilização de "cães de assistência" por pessoas com incapacidades físicas que usem cadeira de rodas, indivíduos portadores de esclerose múltipla, espinha bífida, de surdos, entre outros. A associação forma técnicos, faz treino de cães e promove o relacionamento destes com os respectivos utentes com vista à sua maior independência, integração social e comunitária. As raças mais utilizadas são o Labrador Retriever e o Golden Retriever. Estes cães são cedidos gratuitamente às pessoas com incapacidades que necessitem dos seus serviços. Pretende-se, assim, disponibilizar a estas pessoas a posse de um animal que se demonstrou ser de grande utilidade não só em termos psicológicos e motivacionais no momento de superar uma incapacidade mas, mas também em termos de reabilitação.

Segundo a presidente da Nimas as pessoas que possuem um "cão de assistência" aumentam o seu nível de independência de forma notável, uma vez que esses animais actuam em áreas nas quais o utente está total, ou parcialmente, incapacitado, como sejam o abrir portas, recolher objectos do chão ou de locais inacessíveis, acender luzes, despir certas peças de vestuário. (...)Estes cães participam ainda em actividades lúdicas junto de crianças com patologias graves de deficiência, como paralisia cerebral ou atrasos mentais e ainda com idosos em lares de terceira idade, promovendo a interacção entre eles. »

in Comércio do Porto

Saturday, July 16, 2005

Million dollar question of the day

«As categorias mutuamente exclusivas são meramente conceptuais?»

Ou, traduzindo em miúdos: amor e ódio são constructos mutualmente exclusivos do ponto de vista conceptual (amor não é ódio e ódio não é amor) mas, do ponto de vista operacional, o amor e ódio misturam-se?

É, deve ser.

by fiona bacana

Friday, July 15, 2005

Das características relacionais básicas (pronto, chamem-lhe charme)

«Charm is a way of getting the answer yes without asking a clear question».

Albert Camus

Sempre me assumi como instintiva. Comecei a ter esta ideia de mim própria bem cedo. No dia em que o Lord, pastor alemão do vizinho da frente me mordeu e eu deixei-me ficar ali a olhar para ele com o braço aberto, estruturei em mim a ideia de que comunicava com os animais. Mais tarde, aos 6 anos, nas carteiras do colégio, quando falava inglês sem perceber como porque ninguém me tinha ensinado. Quando resolvia equações matemáticas sem saber como, só por instinto.

Ora, ser-se instintiva e impulsiva são coisas diferentes. Assumo: já fui mais impulsiva, mas continuo a ser instintiva. Faço coisas porque sim, sem conseguir explicar muito bem a razão subjacente.

Com as pessoas também sou assim (realidade profissional à parte). Há pessoas que, como diria a minha querida gui, 'nos entram pela porta da cozinha', revelando-se íntimas e próximas sem um passado que o justifique. E eu deixo. Deixo, instintivamente.

Como já tinha referido a propósito do post 'Da corrosão do carácter', as Pessoas que me rodeiam não têm características comuns, não há padrões nem regularidades, não gosto delas por serem 'boas pessoas' ou particularmente inteligentes. Gosto delas porque sim. Porque há uma espécie de conexão entre as minhas características mais estruturais e implícitas e as características dos outros.

O resto é o meu mau-feitio-científico (Crespo, C., 2005) a carburar. As confabulações, o 'vejo em ti parte de mim' (há também a variante do 'fazes crescer o meu lado b'), a adulteração do processo de colonização na convivência prolongada com o outro (temática sistemática em tertúlias matinais ou ouriguianas), é tudo para entreter. Para isto ganhar algum significado e, convenhamos, alguma piada.

by fiona bacana

Thursday, July 14, 2005

Do Pseudo-íntimo e do Estereotipado

«O pseudo-íntimo caracteriza-se pela manutenção de uma relação de investimento aparente; são sujeitos superficiais e narcisistas, sendo incapazes de compreender as implicações da intimidade em toda a sua extensão e profundidade. O estereotipado não faz qualquer investimento numa relação íntima e as relações existentes são colocadas essencialmente ao serviço dos seus próprios interesses.»

in Costa, M.E. A intimidade à procura de um psicoterapeuta. Cadernos de Consulta Psicológica, 12, 1996, 5-11.

Isto é: da próxima vez que estiverem num qualquer bar, numa qualquer esplanada, restaurante e até, meu deus a loucura!, num qualquer shopping, olhem para os casalinhos. E percebam que nem tudo o que parece, é. Os 'casamentos' ao melhor estilo feudal foram aparentemente arrumados com a onda do queima-soutien, mas continuam aí. Não é propriamente conveniência económica. É conveniência social e profissional. É conveniência pessoal. É chato dizer: não tenho namorada o que, em linguagem estereotipadamente masculina, quer dizer qualquer coisa como 'sempre que saio à noite tenho de trabalhar para facturar e se não der tenho de pagar a umas mocinhas para fazer o trabalho'. Então tem-se namorada(o), mas não é necessariamente um namoro.

Sim, já sei, há muita gente agora a pensar: então é porque não gosta (aliás, não vamos ter medo das palavras), não ama essa pessoa.

Para os pseudo-íntimos e estereotipados, amor é algo de profundamente ameaçador, desestruturante, sinónimo de falta de controlo. Um risco incomportável!Para eles (e elas, que as expressões são masculinas só porque são genéricas!!!), isto chega perfeitamente. Num balanço cognitivo do género 'prós e contras', não compensa. Chega-lhes projectar uma imagem e sentirem-se apreciados por esse holograma.

Há tanta e tanta e tanta gente com medo de se mostrar como realmente é, mesmo (ou até sobretudo!) para o namorado(a). Por mim óptimo, enquanto houver tanta e tanta gente assim, mais trabalho e consulta para os psicólogos, psiquiatras e afins. Mais dinheiro para a minha carteira.

by fiona bacana

Wednesday, July 13, 2005

Défices

Um dos meus défices: assumo-me incompetente para apagar sms. Mesmo com o advento dos arquivos de mensagens e os folders, o meu telemóvel está tão lento que até a dar o toque de mensagem acaba por demorar uns 2 ou 3 segundos, num piiiiiiiiiiiiiiii-piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii-piiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii que é agonizante. Pensei então, no meu telemóvel como um tamagochi e achei por bem, da próxima vez que estivesse à espera num consultório deste país, dedicar-me a esse exercício de higiene electrónica chamada 'limpeza de sms'.

O primeiro passo é fácil, apagam-se as mensagens das pessoas assim-assim e as de trabalho. Depois apagam-se as mensagens instrumentais do género 'já cheguei, ond tás' (ui, quem ler isto pensa que sou atrasada crónica). O visor, no seu canto superior direito diz '49'. Isto é, a minha inbox tem 49 mensagens em 60 possíveis.

Começo a ler as sms. Gosto particularmente das sms às '8 da manhã'. Batman: «kalipso não sei o quê» (em grego). Ou, uma do K. : «por fora estou como Tom Waits!». Entre outras evidentemente revestidas de tinta cor de rosa, daquelas que se lêm e relêm, sobretudo quando precisamos de um alento qualquer que nem sequer é muito explicável.

Cheguei então à conclusão que:
- apago mais facilmente sms de pessoas que estão já há muito tempo na minha vida, como se tivesse a certeza de que outras sms virão (burrice, porque já se sabe que a última vez que vemos alguém pode ser sempre a última vez);
- há sms cujo conteúdo explícito não é assinalável, talvez prene de corriqueirismo (isto existe?!), mas a pessoa que a manda torna tudo extraordinário (a tal história da leitura de epopeias em acontecimentos simples);
- há sms de pessoas que apenas agora se cruzaram comigo, mas que guardo só para não me esquecer do que, volta e meia, faço na vida das pessoas.

Tentei recordar-me, então, da última vez que fiz uma limpeza radical de sms. Foi em 2003...quando me roubaram o telemóvel!!!

Manifesto então, perante vós, neste canto obscuro da net, o meu défice: não consigo limpar o meu telemóvel.

by fiona bacana

Für Mimi

Aviso: muito gostaria eu de ser assertiva neste caso. Mas quanto mais sei, menos o consigo ser.

E, juro, gostava de o poder embrulhar e deixá-lo embaladinho à tua porta. Só para que o pudesses desembrulhar e...cuspir-lhe na cara.

Violento, agressivo, odiento? Não é comparável ao que fez eclodir na tua vida.

Nada serve de consolo a não ser esperar pelo dia em que consigas transformar-te em toda esta dor.

by fiona bacana

David Fonseca - 'Someone That Cannot Love'

You locked up your heart
You wake up with tears and stars in your eyes
You gave it all to someone that
Cannot love you back

Your days are packed
With wishes and hopes for the love that you've got
You waste it all to someone that
Cannot love you back - someone that cannot love

Love, ain't this enough?
You push yourself down
You try to take confort in words
But words
They cannot love
Don't waste them like that
Because they'll bruise you more...

You secretly made
Castles of sand that you hide in the shade
But you cannot hold the tides that break them
And you build them all over again

You talk all these words
You make conversations that cannot be heard
How long until you notice that
No one is answering back?

Someone that cannot love...

Love, ain't this enough?
Pushing around
You try to take comfort in words
But words, well they cannot love
Don't waste them like that
Because they'll bruise you more.

Tuesday, July 12, 2005

Poema do dia

Para compreender samambaias

«Para compreender samambaias
E pregos
Raciocinar semelhanças
Desbotar empecilhos e respirações
Naufragar ocos e gentilezas
E inutilidades
Orgulhar alçapões de papel
Lustrar lágrimas de árvores
Condenar pequenezas
E imensidões
Lamber deuses de açúcar
Rastejar esperanças
Abraçar sóis e muros
Alcançar destinos
Ou iniciar trajetos
Ribombo de sistros
E depois se calar
Feito sopro de beija-flor»

Whisner Fraga, poeta brasileiro

by fiona bacana

Serviço Público

Frango com Ginseng

Ingredientes:
1 frango3 colheres (sopa) de molho de soja
1 cebola
1 cenoura
100 g de bambu
20 g de flores de lírios
1/2 copo de água
1/2 copo de farinha maisena
1/2 colher (chá) de açúcar
1/2 colher (chá) de sal
2 colhres (chá) de alho picado
2 colheres (chá) de gengibre
1 raiz de ginseng
Sal e pimenta q.b.

Preparação: Lave e corte o frango em pedaços. Tempere-o com duas colheres de sopa de soja, sal e pimenta. Deixe marinar durante 20 minutos.Entretanto, corte a cebola, a cenoura e o bambu em fatias; lave as flores de lírio e reserve.Numa tigela, à parte, misture a água com a farinha, o açúcar, o sal e o restante molho de soja. Reserve.Aqueça um pouco de óleo e frite o alho e o gengibre, em lume brando e mexendo sempre. Junte os legumes e as flores de lírios e frite por mais 2 minutos. Aumente o lume, acrescente o frango e frite durante mais 3 minutos, sem parar de mexer. Baixe o lume, regue com um pouco de água e deixe cozer durante 20 minutos. Em seguida, junte o preparado da farinha e mexa até engrossar. Deixe apurar durante cerca de 1 minuto.Retire e sirva acompanhado de arroz.

by fiona bacana : )