Bem sei que existem dimensões mais estruturais a tratar para o presente e futuro de Portugal (perdoem-me a falta de patriotismo quando não digo 'o nosso país'). O défice orçamental, o (des)emprego, a Saúde, a Educação - tudo para tentar recuperar um país de ingovernáveis que ainda sente e se ressente de uma política cega de estilo contabilidade de mercearia, tão ao gosto dos partidos de direita. (mas tudo vale desde que tenhamos os estaleiros de Viana do Castelo a fazer submarinos e as OGMA a produzir...balas.)
Dizia eu então que tenho consciência que este pode não ser o tema mais premente da actualidade mas, mais uma vez, Portugal equivale-se a um país de 3º mundo - não há legislação no que diz respeito à investigação em células estaminais (ou células-tronco). Sem recorrer ao jargon científico e assumindo que o meu conhecimento é reduzido e posso estar a incorrer em imprecisões, as células estaminais são células indeferenciadas (portanto, antes da sua 'especialização' para funcionarem de determinada maneira em determinado órgão) que advêm, por exemplo, do sangue do cordão umbilical. Agora, reparem neste avanço da ciência: se nós colocarmos estas células em pessoas doentes com leucemia, linfoma, tumores, imunodeficiências, tal permite a regeneração das células doentes. As células estaminais vão adquirir a sua nova função, tornando-se células saudáveis. Mais: presentemente em investigação (a Suiça é pioneira a nível mundial), encontra-se a possibilidade de aplicar estas células em doenças neurovegetativas ou em lesões neuronais (paralisias, por exemplo...).
Sei que as questões da Bioética são basilares na sociedade contemporânea, sei que são debatidas e devem sê-lo. Mas espero que os arautos da moralidade, numa altura em que se vão começar a discutir as questões formais sobre a investigação neste domínio, não se esqueçam que as questões éticas devem assentar num primado: mais do que a evolução da qualidade de vida dos cidadãos , estamos a falar de vida e de morte de pessoas que nos são próximas. E, quem já passou pela experiência, sabe que se recorre a todas as ferramentas. Não deixemos que uns senhores de meia idade (respeitáveis certamente, mas que deixam os seus valores pessoais interferir na vida de milhões de pessoas) se arroguem o direito de dizer qual é a extensão da esperança de vida que as pessoas doentes podem ter.
Informações: http://www.crioestaminal.pt/oquesao.htm
(trata-se do site da única empresa portuguesa a trabalhar nesta área. Descontando o discurso comercial, procurem informação sobre o presente e o futuro da investigação.)
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fiona bacana
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3 comments:
Esqueci-me de mencionar que está também a ser estudada a possibilidade de tratamento com células estaminais em situações de AVC (acidente vascular-cerebral).
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fiona bacana
Quem sabe agora com o choque tecnologico....
Andreia
O problema, andreia, é que estes conselhos de ética não dependem de vontade governamental...há quanto tempo é que o Prof. Daniel Serrão está à frente daquela coisa?!E quantos governos já foram e vieram entretanto?!...
fiona bacana
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