Thursday, May 26, 2005

Attachment and loss

«Combining your anxiety and avoidance scores, you fall into the fearful quadrant. Previous research on attachment styles indicates that fearful people tend to have much difficulty in their relationships. They tend to avoid becoming emotionally attached to others, and, even in cases in which they do enter a committed relationship, the relationship may be characterized by mistrust or a lack of confidence.»

Evidência empírica? A aprendiz de feiticeira andou a brincar com o próprio feitiço? Ou então não...

by fiona bacana

Ani Di Franco

Já que estou em dia de celebrar as minhas divas, algures num hall de hotel em terras de nuestros hermanos....

"i speak without reservation from what i know and who i am.
i do so with the understanding that all people should have the right to offer their voice to the chorus whether the result is harmony or dissonance. The worldsong is a colorless dirge without the differences that distinguish us, and it is that difference which should be celebrated not condemned. should any part of my music offend you, please do not close your ears to it. just take what you can use and go on."

By fiona bacana

Fiona Apple

Fiona Apple tem sido uma constante neste cantinho obscuro da net (and yet so bluntly publicised...we should get a meter for this, ha?). Só com 2 albuns ('Tidal' em 1996 e 'When the pawn' em 1999), Fiona Apple consegue reunir consensos como suprema ironia do destino. Quem nunca ouviu, que se faça à vida.

Desde Maio de 2003 que o 3º album estava pronto. Fiona Apple pagou a factura de toda a sua batalha contra as grandes empresas do ramo da música. A Sony protela, então, a saída do album. Nada feito de Fiona. Ou não! Um qualquer e-mule devolve-nos a uma Fiona dramática, histriónica, diferente (nem para pior nem para melhor) das sonoridades anteriores.

Aqui vai o alinhamento, para quem quiser saber de 'Extraordinary Machine':
Not about love
Red red red
Get him back
Better version of me
Oh well
Oh sailor
Used to love him
Window
Waltz
Extraordinary machine
Please please please

Obrigada, luísa, por um pedaço de música como este.

by fiona bacana

ps: para conhecer melhor: www.fionaapple.org.

Wednesday, May 25, 2005

Minhas queridas 'cobaias'

«This study tested a proposed model investigating the relations among attachment to and separation from parents, career self-efficacy, and career aspiration over a 5-year period with a sample of 207 young women. Results suggested that being attached to parents may lead to the development of confidence in pursuing career-related tasks, which in turn influences career aspiration. Separation from parents did not have direct effects on career self-efficacy. Results also indicated that women's career plans changed over a 5-year period with young women selecting more traditional and less prestigious careers than those to which they aspired in their senior year of high school. In addition, these women chose careers that underutilized their abilities. Finally, this sample of young women intended to have both careers and families, and the majority of these women ranked family as more important than career. »

O'Brien,-Karen-M; Friedman,-Suzanne-Miller; Tipton,-Linda-C; Linn,-Sonja-Geschmay

by fiona bacana

Caos, anti-caos e efeito borboleta

«Schoppenhauer points out that when you reach an advanced age and look back over your lifetime, it can seem to have had a consistent order and plan, as though composed by some novelist. Events that when they occurred had seemed accidental and of little moment turn out to have been indispensable factors in the composition of a consistent plot.

So who composed that plot? Schoppenhauer suggests that just as your dreams are composed by an aspect of yourself of which your consciousness is unware, so, too, your whole life is composed by the will within you.

(...)

The whole thing gears together like one big synphony, with everything unconsciously structuring everything else.»

É, deve ser por isso. Voltarei a esta história da teoria caos e anti-caos. Mais tarde, quando esta dor de cabeça de muralhas passar : )

by fiona bacana

Monday, May 23, 2005

Coisas do Lula

Ê bem quiría nú mandá-às piada áqui no Blogui nã, mais ehta tá boa pá dédéu!!!.... :D

"Marisa perguntou a Luís Inácio:
-- Que é leptospirose?
E Luís Inácio respondeu na bucha:
-- Uma doença que ataca os usuários de laptops.É transmitida pelo contato com a urina do Mouse."


By: Deivide Anysio Jonsom

'The pupil in denial' (sim, tu...)

Só hoje realizei que deixas em mim a maneira mais...impactante...emocional...de pele e de olhar... de lavar os dentes.

Também nisso és o que de melhor houve e há em mim. A aluna agradece ao mestre.

by fiona bacana

Momento alto do dia

«Como se faz uma omelete de chocolate?
COM OVOS DA PÁSCOA!!!!»

by fiona bacana

Música do Dia

Djavan - Eu te Devoro

Teus sinais me confundem da cabeça aos pés
Mas por dentro eu te devoro
Teu olhar não me diz exato quem tu és
Mesmo assim eu te devoro, te devoraria...
A qualquer preço porque te ignoro ou te conheço
quando chove ou quando faz frio
Noutro plano te devoraria tal Caetano
A Leonardo di Caprio
é um milagre...

Tudo que Deus criou pensando em você
Fez a Via-Láctea, fez os dinossauros
Sem pensar em nada fez a minha vida e te deu
Sem contar os dias que me faz morrer
Sem saber de ti jogado à solidão
Mas se quer saber se eu quero outra vida...
Não...não
Eu quero mesmo é viver, pra esperar, esperar

Uma frase solta no Metro do Porto

"Eh pah, concordo que o Porto não possa ganhar sempre. Mas ser o Benfica a ganhar é que não, pah!!"

by: Me

Dos seis milhões e Picos

Tanto barulho, tanta folia! As ruas que se enchem de vermelho e branco depois de onze anos de seca e improdutividade. Na verdade a teoria ou posição doutrinal benfiquista dos seis milhões de sócios/simpatizantes terá agora a sua derradeira oportunidade de se provar. Ainda mais, num país socialista em que vivemos (sim, porque quando os socialistas estão na mó de baixo, a abstenção sobe em flecha!), onde a juventude aposta num bloco irracional de esquerda, e onde os nostálgicos de terceira idade ainda sonham com o comunismo anterior ao 25 de abril, penso que é este o momento de cada um dos portugueses, aglomerados nesses milhões, provar que as suas escolhas (princípios) são de facto, racionalmente (ambíguo, não?), do melhor que o país tem.
Esqueçamos então um clube campeão da UEFA, esqueçamos então o clube campeão da Europa, (e que dificuldade, está tão presente!) esqueçamos então o clube campeão do mundo! Esqueçamos as políticas que tentaram nos tirar da fossa, e que tentaram fazer o país vestir um pouco mais de roupa (sim, porque puseram-no de tanga!), mas relembrando sempre os bombistas que minaram Santana Lopes.
Tanto barulho! Tanta folia! um crédito para ver a esquerda levantar o país; mais um crédito para ver o benfica consolidado e(!) campeão da europa, quiçá do mundo (dois/três créditos então,vá...). Veremos no que dá...e boa sorte Portugal!!

By: Sean Legal

When you look at me

am i incomplete?

by fiona bacana

Domingo, 22. Mai, por volta das 21h

Pronto, será que agora podemos deixar de ser um país de gente ineficaz e improdutiva?

by fiona bacana

Obrigada Sr. Dr...

«As pessoas nunca esquecem, começam é a lembrar-se menos vezes».

by fiona bacana

Sunday, May 22, 2005

O CHOQUE TECNOLÓGICO (Transcrição de escuta telefónica)

(22h27. A liga a B) - Prof. Mariano Gago? Tás bom, pá? É o Zé Sócrates. Oh, pá, ajuda-me aqui. Comprei um computador, mas não consigo entrar na Internet! Estará fechada? - Desculpa?.... - Aquilo fecha a que horas? - Estás a gozar, ou quê? Ok, não estás... Hmmm...meteste a password? - Sim! Quer dizer, copiei a do Freitas. - E não entra? - Não, pá! - Deixa-me ver... qual é a password dele? - É uma série de estrelas pequeninas, cinco, acho eu... - Pooooooo....Bom, deixa lá agora isso, depois eu explico-te. E o resto, funciona? - Também não consigo imprimir, pá! O computador diz: "Cannot find printer"! Não percebo, pá, já levantei a impressora, pu-la mesmo em frente ao monitor e o gajo sempre com a porra da mensagem, que não consegue encontrá-la, pá! - (incompreeensível)....Vamos tentar isto: desliga e torna a ligar e dá novamente ordem de impressão. (22h30.Fim da chamada) (22h32. A liga novamente a B) - Mariano, já posso dar a ordem de impressão? - Olha lá, porque é que desligaste o telefone? - Eh, pá! Foste tu que disseste, estás doido ou quê? - (incompreeensível)...Dá lá a ordem de impressão, a ver se desta vez resulta. - Dou a ordem por escrito? É um despacho normal? - Oh, Zé...poooooooo....Eh, pá! esquece....Vamos fazer assim: clica no "Start" e depois... - Mais devagar, mais devagar, pá! Não sou o Bill Gates... - Pois não...(incompreensível) Se calhar o melhor ainda é eu passar por aí...Olha lá, e já tentaste enviar um mail? - Eu bem queria, pá!, mas tens de me ensinar a fazer aquele circulozinho em volta do "a". - O circulozinho...pois.... Bom...vamos voltar a tentar aquilo da impressora. Faz assim: começas por fechar todas as janelas. - Ok, espera aí... - .Zé?...estás aí?... - Pronto, já fechei as janelas. Queres que corra os cortinados também? - Não, quero que te sentes, OK? Estás a ver aquela cruzinha em cima, no lado direito? - Não tenho cá cruzes no Gabinete, pá!... - Pooooooo....poooooooo....Zé, olha para a porra do monitor e vê se me consegues ao menos dizer isto: o que é que diz na parte de baixo do écran? - Samsung. - Eh, pá! Vai para o.... (22h37. B desliga) - Mariano?... Mariano?...'Tá lá?...Desligou... (22h37. A desliga. Fim de transcrição)

Friday, May 20, 2005

Crashei

What i've got is yours to take.
What i am is yours to make.
It's all yours to make it mine.

by fiona bacana

Tuesday, May 17, 2005

Dos toranja - 'segundo'

'Confiar' na crueldade do dedilhado.
'Laços', devolve-me a sonoridade palmiana. 'Podes vir amanhã acreditar no mesmo deus....'
'Ensaio', 'agonia a escorrer nas paredes. 'Torna-se evidente que ...FALAS DEMASIADO ALTO PARA QUEM ESTÁ TÃO LONGE.'
'Música de filme' parece mesmo de banda sonora de um filme de Teresa Vilaverde.
Batida de 'ciclo' fica, bate, martela.
'Quebramos os dois'...tiago bettencourt só com piano. Um registo já visto em 'esquissos', igualmente abstracto, aquela coisa que nos deixa de olhos esbugalhados, com vazio e vácuo.

Mas...'Confiar' é o verdadeiro par de estalos psicoterapêutico.

by fiona bacana

Porquê? Eu explico-te porquê

«Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos
Porque os outros calculam mas tu não.»

«Porque»
Sophia de Mello Breyner

by fiona bacana

Sunday, May 15, 2005

Da Solidão

Solidão não é a falta de gente para conversar, namorar, passear ou fazer sexo...
Isto é carência.
Solidão não é o sentimento que experimentamos pela ausência de entes queridos que não podem mais voltar...
Isto é saudade.
Solidão não é o retiro voluntário que a gente se impõe, às vezes, para realinhar os pensamentos...
Isto é equilíbrio.
Tampouco é o claustro involuntário que o destino nos impõe compulsoriamente, para que possamos rever a nossa vida...
Isto é um princípio da natureza.
Solidão não é o vazio de gente ao nosso lado...
Isto é circunstância.
Solidão é muito mais do que isto.
Solidão é quando nos perdemos de nós mesmos e procuramos em vão pela nossa alma.


Francisco Cândido Xavier

"Esperança não é fazer de conta que nunca há qualquer tristeza É saber simplesmente que os nossos problemas ficarão para trás no amanhã."

By: Grimm Stormberg

Corgo, Praia do

Vidros altos, fortes. Mar bravo, vento intenso. Um café e o conforto de que afinal só é preciso uma sms e andar uns kilómetros para estar com quem se gosta.

O mar bate, vai e volta, e nós estamos aqui. Com mais cabelos brancos, com mais rugas ('ruuuugggggaaaaaaaaaaaaaaasssss, as minhas primeiras rugas', ai alexandra lencastre, se eu pudesse ter as tuas rugas!....), teoricamente mais crescidos, com mais responsabilidades. A parte fantástica de tudo isto é que é puramente ilusório. Somos igualmente infantis quando nos rimos, até doer a cara, das piadas do 'balas e bolinhos'.

Moço... : )

by fiona bacana

Wednesday, May 11, 2005

O Enterro

Saindo do supermercado, um homem se depara com uma inusitada procissão de funeral. Primeiro, vinha um caixão preto. Depois, um segundo caixão preto. Em seguida, um homem sozinho levando um pitbull na coleira.Finalmente, atrás dele, uma longa fila indiana, só de homens.
Sem conseguir conter a curiosidade, ele se aproxima delicadamente do homem com o cachorro e diz:
- Meus sentimentos por sua perda. Eu sei que o momento não é apropriado, mas... eu nunca vi um enterro assim... o senhor poderia medizer quem faleceu?
- Bem... no primeiro caixão está a minha esposa.
- Sinto muitíssimo! O que aconteceu com ela?
- Meu cachorro... ele a atacou...
- Que tragédia!... e o segundo caixão?
- Minha sogra... ela tentou salvar a filha...
Fez-se um silêncio consternado e pungente. Os dois homens olham-se nos olhos.
- Me empresta o cachorro?
- Entra na fila...
:)

by: Sean Bacana

Are you drowning or waving?

Alguém chamar-lhe-ia 'pós-operatório'.
Adormeço por volta das 2 depois de 11h e meia de trabalho.
Depois de, mais uma vez, aceder à queda da imortalidade de gente que passou a ser parte da minha vida sem eu perceber muito bem porquê ou como.
Telefono e falo. Conversa de 'como foi o teu dia'. Jantar um dia destes, para acabar a conversa que ficou a meio pela tua necessidade de rigor inconsequente (face ao contexto) e os meus ataquinhos de menina armada ao complexo (quando também não havia necessidade disso, provavelmente uma fuga). Já te disse e volto a dizer: quero amar-te. Ajuda-me a não ser estúpida.

E depois vem o telefonema vindo do mundo real. Eu entendo o que queres dizer. O 'sais de um fdp e metes-te noutro?' abanou profundamente. Eu sei que não me queres ver magoada. Mesmo descontando o efeito espelho que vês nele (assusta sempre, não assusta?), eu sei, 'racionalmente', que tens razão. É curioso: presa por ter cão e presa por não ter. Tu dizes que eu acredito demasiado. Ele diz que eu sou estúpida porque não acredito nele.

«Eu tenho 28 anos...eu tenho 28 anos!O que é que eu estou a fazer à minha vida?». Ecoou na minha cabeça a noite inteira. Vira de um lado, vira do outro. São 6 da manhã e não consigo dormir. Siga para duche. Saio às 7 de casa, desnecessariamente. Vou para o spot dos surfistas, deve já haver algum sítio onde possa tomar o pequeno-almoço. As ondas altas, frias e escuras sempre me apaziguaram. Leitor de mp3 em riste, volume no máximo, «maybe i will find you in another place, maybe i will find you with somebody else...the game is set and too much players again...and here we are...in front of them again». Os olhos começam a pesar. Escrevo no livrinho preto que a luísa fez o favor de introduzir na minha vida. Pode ser que me ria disto daqui a uns tempos.

Para já, sinto só que cada dia acarreta decisões que, por estar na vertigem da vida, podem ser decisivas, determinar um rumo que pode ser irreversível. Não há fórmulas, não há regras, não há manuais. Pode ser isto que faz a magia da vida, mas que é lixado, lá isso é. Bem vistas as coisas, a diferença, ao longe, entre o esbracejar por socorro e o dizer adeus, não é grande.

by fiona bacana

Monday, May 09, 2005

«Songs were made to make you cry»

Obrigada.
Obrigada Sónia, Nuno, Miguel e John.

Obrigada por me terem vindo as lágrimas aos olhos, bloqueadas há demasiado tempo.

Na fase em que a tentação é deixar que a rotina se instale, tipo cansaço de dar murros em ponta de faca, é regenerador encontrar algo, seja efémero ou então não, que nos faça emocionar num desterro com mais pó que ar, com mais 40 mil pessoas à volta.

Obrigada por ‘cube’. Obrigada por ‘5 minutes of everything’.

E Sónia, estás a dominar o palco como nunca…

by fiona bacana

«Só para que saibas, 'cube'»

‘Só para que saibas’ que te desejo uma boa viagem…e que espero que consigas o que sempre afirmaste não querer. Vais talvez então perceber que o 'fazer' alguma coisa na vida pode ser tão importante como 'ser' alguma coisa na vida.

«Please stop. Don’t walk, don’t talk, this time I must be strong enough. No, it’s not enough, so I’ll raise my head up high and lift my voice high and do it with pride. This time I’ll make things right, this time I won’t look back, time will not go back, I’ll find myself this time.»

The gift, ‘cube’.

by fiona bacana

«Do lua(r)» (o fim de tudo é UM recomeço)

Se consegui aquilo que queria, então porquê este enjoo de tristeza?

Ajuda-me. Porque eu devo ser mesmo estúpida: tu falas e eu não te compreendo. Mutismo afectivo ou dislexia emocional, venha o diabo e escolha. Eu quero acreditar em ti, dar-te a minha mão e deixar-me levar. Quero a tua segurança. Não me deixes estragar isto com os meus ataquinhos de menina armada a nórdica.

by fiona bacana

Do 2.20 (TGV)

«Custa-me ouvir-te falar assim de ti própria.»

E, irónico, também eu ouvi alguém dizer-me precisamente isto.
Na altura, senti que eram os bons olhos da pessoazinha que a levava a tamanha aberração. O que gostava em mim reflectia-se na sua incapacidade e intolerância para lidar com o meu esquema mental dizimador de mim própria. Ela chamava-me isso. Eu chamava-lhe madrinha.

Como ela dizia: tu não precisas de inimigos, és a principal inimiga de ti própria. Nem tens nada a recear na vida, porque mais ninguém tem o potencial de te fazer mal como tu tens o talento para te auto-destruires.

Concordei moderadamente. Mas sempre senti que a avaliação não era objectiva (ou o quão objectiva se pode ser nestas coisas) e dei o desconto com um sorriso enternecedor, ainda que descrente.

Mas contigo é diferente. Que te sintas mal ao ponto de não teres ar para respirar, compreendo. Compreendo que sintas, pior do que sozinha, só. Que sintas o que todos nós sentimos a uma determinada altura: angustiados, revoltados, feridos, sentidos pelo sentimento de termos sido enganados….isto afinal não é o que nos venderam! Não há um testo para cada panela, nem é garantido que alguma vez cheguemos a sentir o que toda a gente foi ensinada a achar: os happy ends não abundam.

Tudo isso eu compreendo. Custa-me ver-te assim, porque faz de toda a gente à tua volta impotente, mas compreendo. E não é ver-te a perder a inocência que me custa, porque não é muito diferente de perder a virgindade: é por um bem maior.

Agora o que me custa mesmo é ver-te a falar assim de ti própria. Porque, mesmo não sendo a objectividade o meu forte (simplesmente porque para mim é uma falácia), sou capaz de me distanciar e perceber que pior do que o tempo de vida que perdes, é estares a criar uma ideia de ti própria claramente inferior e desajustada.

Tu não és assim, tu não és o que dizes. Estás é a aprender a sê-lo. Ao ponto de começar a fazer parte de ti própria. Irónica, amargurada e, pior do que tudo, começas a ficar confortável nessa pele…e estás a acreditar nisso. A acreditar no que te fazem sentir, para te manterem, instrumentalmente, nessa situação. Porque é assim que tu te vais ficando aí, como se quer…menininha obediente, com desafio q.b. (mas tudo muito limitado) e auto-desvalorizante. Só assim te manténs à mãozinha de semear.

by fiona bacana

Sunday, May 08, 2005

Memória de um Louco

A meia noite o sol brilhava no horizonte, um velho preto com sua cabeleira clara, sentado numa pedra de madeira, contemplava de olhos fechados a beleza da natureza. Ao seu lado direito o cego lia o jornal sem letra de cabeça pra baixo. Atrás, um jacaré voava com grande velocidade e um pouco adiante, um elefante descansava a sombra de um pé de couve. A esquerda um mudo que dizia: o mundo é uma bola quadrada que navega em um copo d`agua. Era não noite, o sol brilhava entre as trevas de um dia claro, sentado em pé numa pedra de madeira, calado dizia: prefiro a morte do que perder a vida! Longe dali bem perto, num bosque sem árvores, onde os pássaros pastavam alegremente pelo ar e as vacas saltavam de ramo em ramo a procura de seus ninhos, um careca enquanto penteava sua linda cabeleira loira dizia: Os quatro profetas do mundo são três Moises e Elias!!

By: Sean Bacana

Friday, May 06, 2005

Sexta-Feira 13 de Queima

Que seja 6 de Maio, mas quando é Sexta-Feira de Queima...tudo se transforma. Desde a visão do Estudante, como o arrepio do Finalista. Ok, Sábado é o último dia, mas a Sexta é a sexta, pois claro! Não que as coisas se tornem sombrias, se bem que a clarividência esbate-se, mas tornam-se sentidas, por estarmos tão próximos do fim.
Eu cá só me regozijo, ainda me faltam uma ou duas. Na verdade é engraçado servir uns copos e olhar nos olhos de cada pessoa que é servida. Como as intenções são tão diversas!! Como as vivências divergem! Ao fim de uns tantos copos servidos, ao fim de umas poucas palas, tudo se torna mais linear..bastante mais convergente e uniforme. Ninguém é imune aos copos servidos. E quando a luz do dia raia, o efeito já está para além da resposta. Por eles eu passo, e caminho lentamente. Uns corpos pesados, outros caídos. Por fim, é Sexta. Sexta-Feira de Queima das Fitas....

by: Sean Bacana

Hoje já é 6ª!

«Esta é só uma noite para me vingar
do que a vida foi fazendo sem nos avisar
foi-se acumulando em fotografias
Em distâncias e saudades
numa dor que nunca acaba
e faz transbordar os dias»

Vou voltar a ser impune! Por uma noite que seja, mas vou voltar a ser impune!

by fiona bacana

Thursday, May 05, 2005

De um sol abrasador em serralves - amor e matemática

«A geometria dos triângulos amorosos. O frio calculismo das traições. A matemática do sexo, com seus problemas sem solução. A diminuição de um sentimento, a soma de dois desejos. A divisão de um coração, a multiplicação das culpas. A paixão elevada à última potência. A raíz quadrada do ódio, o fraccionamento das emoções. O ímpar que há nos pares e o paradoxo do amor infinito. »

Nota do editor de «Aritmética», de Fernanda Young

Não poderia ter vindo mais a propósito...pois não, Madalena?

by fiona bacana

Estalo do dia

«A sombra da neurose te persegue há quantos anos?»

Fernanda Young
«Aritmética»

MEN!!!

"Respect the Cock, Tain the Cunt!"

Quote by Frank T. J. Mackey (Tom Cruise)
in "Magnolia"

Nunca mais é 6ª

Queima das Fitas e The Gift.
Junta-lhe vodka com limão.
Junta-lhe o voltar a ver as alminhas que comigo entraram no «prisma inverso da ascenção».
Não podia ser melhor.

É, nunca mais é 6ª.

«Next time you'll have time to ask why
L-O-V-E is a hard hard thing to keep
Then you'll understand what I'm saying»

11:33 The Gift

by fiona bacana

Wednesday, May 04, 2005

Do Livro I ao Livro V

Que cansaço de livros, parecem que as letras dançam. Estudo, estudo, estudo, avanço por cada página. Nem sempre o conhecimento se prende, mas o que interessa é avançar!!
São os marcadores, os post-its, as canetas que dão colorido a preto e branco. Um artigo ou Artigo um: " Fontes Imediatas " (da saberdoria???). Página por página avançamos à "Intransmissibilidade"(testamentária). O Livro acaba na sucessão, como se morresse. Acaba. Mas o estudo não! Resta recomeçar. Desta vez as letras não dançam, mas sim...os livros!!

By(bye): João Pedro Marafusta

Para quê a Queima, quando se sai encharcado??(Msg da Noite)

"Que bebedeira o meu pé apanhou!!! Caiu cerveja e chegou um pito a casa"
quote by "Bidón"

Vacina anti-perda

fev.03

É como uma praga: começa por bisavôs, tios distantes. Apanha dois ou três amigos pelo caminho. É mesmo difícil lidar com esta ideia. Encaixar. Aceitar. Ter fair play para compreender. A tarefa mais difícil do que chamamos vida é perder pessoas - real ou simbolicamente. É que é um tipo de dor que não passa. Não é amenizado pela experiência nem passa arquivando o assunto. Fumam-se mais cigarros, trabalha-se até mais não poder, inventam-se 1001 projectos para tentar esquecer. Bebe-se mais, muito mais que a conta. Entupimo-nos de medicamentos e nada, mas o que se obtém é tão somente um vício e pequenas doses de consolo. Por falar em medicamentos, não há uma vacina para isto?... Cientistas e laboratórios, esqueçam clonagens e joguetes afins, unam-se neste desígnio: vacina anti-perda. Seria êxito garantido....não?...não pode ser?!...pronto.

Mas então o que fazer? O que fazer quando vemos as barreiras da nossa mortalidade a caírem, uma por uma? É um tipo de dor que não passa - apenas se transforma: negação em revolta, revolta em dor, dor em saudade. É 'ter' uma pessoa, sem a 'ter' em tempo algum, porque não somos tangíveis. Tentamos todos os dias esquecer uma verdade insofismável: o ser humano, vangloriado pela sua complexidade e nobreza da amplitude de sentimentos, afinal é dízimo da sua glória. Glória esta facilmente dizimável, óbvio.

Dizem que temos de estar preparados para a inevitabilidade da perda. Quem criou o mundo e as suas leis de inevitabilidade fez um jogo muito perigoso. Crescemos na ilusão de que tudo na vida está ao nosso alcance. Mentira. Nós é que estamos ao alcance da vida. Mais claramente: à sua mercê.

Para mim é certo: por muita gente que se perca, nunca aprendemos a lidar com isto, nem com o sentimento de impotência de não controlarmos quem sai da nossa vida. Na melhor das hipóteses, aprendemos a aceitar que não sabemos lidar nem sabemos perceber.

by fiona bacana

Tuesday, May 03, 2005

Do fuso horário

Afinal qual é a grande diferença agora? Não estamos sob o mesmo meridiano, é isso? Não temos o mesmo fuso horário, é isso? É isso que te incomoda? Mas já há quanto tempo o meu lado solar (sim, diz que existe) é o teu lado lunar e vice-versa?

Páro. Respiro fundo. Não, por aí não.

Não quero imaginar aquelas americanazinhas, taradas como só as americanas púdicas conseguem ser, a trepar por ti acima.

Dá-me a volta ao estômago. Fico enovoada, os olhos pesam ao tentar abanar a cabeça, na esperança de perder, esmagar, destruir a imagem mental que me invadiu.

Antes não era tão difícil. O sentimento de posse apaziguava-me, porque sóbria e consciente, sabia a diferença entre corpo e alma.

Mas dizem que é com estas pequenas derrotas que nos apercebemos que...perdemos a guerra. Espero perdê-la rapidamente, já não dá para sentir tanta perda todo o santo dia.

Já não aguento as perguntas. O 'tu não comes?' incomoda, mas não mata como o 'tu não eras assim...'. O 'tu não eras assim' é que me mata. Talvez isso seja bom, talvez isso seja mau, mas para já resta-me o consolo de saber que me estou a perder...e que isso é meio caminho andado para me encontrar (verdade, patrícia?).

by fiona bacana

SMS do dia - Queima das Fitas, dia 2

«Que vidas patéticas as nossas, mano, com medo do que temos, com medo do que queremos. Será que alguma vez nos vamos desprender?»

Os outros têm casamentos, têm filhos, têm casa, têm saleiros, têm seguros de saúde para agregados familiares.

Nós temos a Queima das Fitas, o Marlboro e o L&M, o Jonhy Walker com água do castelo (e 2 pedras de gelo) e o vodka com limão. Temos as conversas existenciais às 8 da manhã. Temos o medo de não crescer nunca, temos o medo de ficarmos sozinhos. Começo a achar que o problema é nosso. Não são eles que são caretas, mano!Nós é que sofremos de um atraso desenvolvimental qualquer. Somos muito modernos, relações para quê, been there done that. Somos de um cinismo atroz.

Well, nevermind. Bebemos 1 shot e pode ser que passe.

by fiona bacana

Frase do dia

«Resurrect before it's too late»

by fiona bacana

Explica-me, chaga

Explica-me, chaga, onde foi que me perdi?

Quando é que me transformei de tal forma que fiquei irreconhecível, mesmo para ti (ou sobretudo para ti)?

Quando é que nos tornei mutuamente invisíveis, eu presa ao meu pânico de permanecer igual ('a vida segue lá fora', lembras-te?), tu perdida nessa incapacidade de gritares a quem amas?

E quando é que foi que tu descobriste os teus novos poderes? Fui eu que tos fiz criar? Fui eu que tos dei?

Quando é que foi, diz-me...que eu já não me lembro. Talvez aí eu chegasse ao ponto de viragem, aceitavelmente lamentável, e fosse capaz de exigir o que nunca exigi e não te fazer mal por isso.

Talvez a culpa não tenha sido tua. Fui eu que te fiz assim.

Hoje oscilo entre o bem que te desejo e a incapacidade de te ver. Não te desejo mal, é mesmo verdade. Aprendi a voltar a ver-te em fotografias. Aprendi a pensar novamente 'era bom que ela aqui estivesse'. Mas mentiria se dissesse que tenho vontade de te ver. No entanto, não tenho qualquer dúvida que te abraçaria se tal acontecesse.

«Quando eu cair espero ao menos que olhes para trás» (Ornatos Violeta).

O fim foi no dia em que, finalmente, fui capaz de te escrever isto. Quando fui capaz de, finalmente, dizer-te o quão desiludida, perdida, insultada, magoada estava. Nada voltaria a ser igual.

Mais um episódio da era da mortalidade. Guardo a fotografia do último dia da nossa outra vida. Um sorriso profundo, estrutural. Mas ambas certas que aquele abraço seria, provavelmente, o último.

by fiona bacana

Verdades vindas da Nova Zelândia

«Nunca vai haver um momento certo para as pessoas erradas saírem da nossa vida»

Obrigada, carlitxa, pela companhia na procura das poucas certezas que ainda nos sobram na vida.

By the way, quando voltas?! Miss you at fpceup!

by fiona bacana

Pai e filho

Continuo a achar que é para te poupar de alguma coisa que ainda não conseguiste perceber. Ou então não. Estás só perante a altura, inevitável para todos e que só se diferencia no tempo de chegada, de perceberes que até ele é falível. Os únicos santos que conheço têm todos pés de barro....

by fiona bacana

« - Oi pai. Sou eu. Eduardo.
Um silêncio já esperado teve lugar.
- O que acontceu? Que horas são?
- Não sei. Não aconteceu nada. Só resolvi te dizer que eu vou escrever sobre você.
- Sobre mim?
- É.
- Onde?
- Num livro.
- No tal livro da Mariana?
- É?
- Eu já sabia. O prefácio, não é?
- Hum-rum. Mas eu quero te avisar que vou escrever mesmo, falando a verdade.
- A verdade?
- É.
- Você quer dizer que vai falar de mim, é isso?
- Não. Quero dizer que quero contar a verdade. Contar, por exemplo, como você foi generoso, ao me encaminhar na literatura, chamando-me de ‘mais um palhaço na família’.
- Hum. Eu queria te poupar.
- Hum. Poupar de quê, posso saber?
- Da dor.
- Ah, da dor.
- É, da dor.
- E alguma coisa dói no homem de gelo?
- Homem de gelo?
- Sim. Achou cafona?
- Achei, mas tudo bem.
- Hum.
- Dói. Dói muita coisa.
- Por exemplo?
- Você quer um exemplo?
- Quero. De algo que tenha doido em você. »

Fernanda Young, «Aritmética»

Do supermercado de comunicações

Longo caminho percorreste. Das doc martens, calças rasgadas e camisa de flanela aos quadrados ao fatinho em cor escura com risquinhas mais claras, tudo muito standard. Vá lá, consegues ainda manter uma ou outra marca distintiva, um relógio com as curvas de um rabo em contra fundo, só para meter nojo. Ou a pulseira que no verso tem escrito ‘fuck you all’, guardada religiosamente desde os tempos da peste negra, vulgo guerra 14-18 – e que utilizas em alturas estratégicas. É esta a pulseira que te dá a calma que toda a gente estranhiza. ‘Não estás nervosa?’. Não, na realidade não estás. Sabes o que isto é. Em terra de académicos, quem tem um bocadinho de síntese é rei. Chamam-lhe supermercados de comunicações…

Não é falta de humildade. Percebo, de facto, que percorri um caminho bem sinuoso. E não por ser absolutamente geniosa. E não pela capacidade de sacrifício. É pela obsessão pelo conhecimento. As mesmas características que me fazem acordar a meio da noite a ponderar variáveis. A procurar ansiosamente o bloco de notas que guardo na mesinha de cabeceira. Ou as mesmas características que me fazem ter uma taquicardia, 8 da manhã, vinda da noite. Por causa de alguma coisa que alguém me disse, acidentalmente, e sem qualquer tipo de intenção de contribuir para o meu postulado científico.

Esta brincadeira está a ficar cara de mais. Já olho ao espelho e, entre a sensação de crescimento, sinto-me a prostituir. Como é que vou para uma sala com 50 pessoas e faço aquela postura de supra sumo da barbatana? Logo eu, que não sei a ponta de um corno e ao menos tenho consciência disso. Mas como é que ninguém ainda descobriu?!

E confirma-se. A minha ansiedade é directamente proporcional à percepção de controlo. Parece DAH, não parece? Não, é tudo menos DAH. Eu fico ansiosa, DEPOIS das comunicações.

DEPOIS?!

DEPOIS.

DEPOIS, que é quando eu sinto que já não há nada a fazer. Que prática sou, hein?

by fiona bacana

Friday, April 29, 2005

Da irreversibilidade

A3 Braga-Porto. Noite cerrada.

« -Não podes ir um bocado mais devagar?
- Desculpa, pensei que estavas a dormir...estavas tão calada.
- Dormir? Tu sabes que eu não consigo dormir em viagem, num carro.»

Há coisas na vida que quando mudam, mudam para sempre. Depois das pessoas que perdi, nunca mais deixei de olhar para um carro como uma carrinha funerária. E nunca mais consegui fechar os olhos, por 2 segundos que seja.

by fiona bacana

Do Mozart, do Ralph e da Albi

«Tu

Tu és um saco de pulgas.
Tu nunca tiveste um minuto de trabalho.
Tu lambes a cara de desconhecidos só com a única intenção de me envergonhar.

Por vezes, tresandas como uma manta velha, mal cheirosa e húmida.

Não és apenas daltónico, tu nem sequer sabes distinguir uma carpete de um sofá.

Tu finges que achas a palavra 'não' incompreensível.
Tu insistes em partilhar o teu desafinado latido com a vizinhança inteira.

Tu és a coisa mais preguiçosa, suja, teimosa e presunçosa que conheci em toda a minha vida.

MAS EU ACHO QUE ÉS PERFEITO.»

(Ode ao cão, Pedigree Pal)

Emociono-me a olhar para os meus 3 cães. São de uma aceitação incondicional, amam-me porque sim, porque sou eu. Nada mais. Onde é que no mundo se encontra uma coisa assim?

by fiona bacana

Wednesday, April 27, 2005


Foto do Dia Posted by Hello

Astros (Moon and Back)

Entro em casa e penso num banho quente de emersão. Pouso as coisas como quem se livra de correntes. Suspiro. Olho pela janela da sala e deparo-me com o Sol. Um Sol vermelho, daqueles que te dizem que o dia apesar de cansativo foi bom, que foi lindo, que o céu esteve azul, que a lua esteve sempre lá, sem se dar por ela. Na verdade ela esteve sempre por cima das minha cabeça, ou nas costas. Eu olho pelos ombros e não dou por nada! Perdi-me compenetrado no pôr do sol e o tempo passou. Há estrelas. Há uma noite fantástica e o banho ficou para trás. Sinto-me submerso, ecstasiado. Através do sofá subo a janela e me sento. Observo as pessoas e nada sobre elas me ocorre. Apenas eu. Eu. Sorrio. Abano com a cabeça porque as imagens passam, correm, jorram. Martini com gelo e limão num copo de cocktail pela extravagância. Sinto os meus olhos brilharem com a luz da lua e subo ao céu sentado, ainda. Vejo os astros e quase os toco! Que loucura!....que viagem......, que sensatez! Que copo vazio. Um banho de emersão. Emergi!

Friday, April 22, 2005

Eu sabia

Sabia que ia acontecer.
Sabia que um dia acordar e iria finalmente perceber que tu não estavas ao meu lado.
Sabia que ia perder o meu norte, o meu sul.
E sabia que a partir desse dia, nada seria igual.
O meu mundo hoje parou porque eu não sei SER sem ti.

De nada adianta o que fumo, o que bebo, o que tomo, o que faço durante o dia, o que sonho durante a noite, porque nada me devolve a ti.
De nada me adianta ler o que me escreveste e lembrar o que disseste, porque só torna tudo ainda muito maior. E, é verdade, «o amor é uma doença quando nele julgamos ver a nossa cura». Tu não és a minha cura, mas és a minha doença e eu já não sei viver de outra forma.

Eu sei, tenho de seguir a minha vida sem ti. E sei que é o melhor para nós, porque 'nós' já não existimos, o futuro não nos deixa.

Talvez um dia eu consiga lidar com isto, se eu conseguir um dia, um só dia em que não faça o ponto de comparação. Já que perdi o 'amor da minha vida', talvez consiga o 'homem da minha vida'. E sim, talvez um dia eu consiga seguir outros caminhos. Mas, pelo menos para já, tudo me parece impossível sem ti.

by fiona bacana

Wednesday, April 20, 2005

D' A intérprete

Sean Penn e Nicole Kidman. Dois actores inevitavelmente Hollywood mas que têm inevitável qualidade. E digo inevitável porque gostaria de não gostar deles. Lá está, por serem muito Hollywood. Mas a verdade é que são bons, 'I am Sam' fala por si próprio e 'Eyes Wide Shut' vive muito de Nicole Kidman.

Mas não quero dar uma de crítica de cinema.

É só engraçado, para não dizer, surpreendente, irónico, como um filme sobre questões políticas é sobre tudo menos questões políticas.

É a realidade da perda. A inevitabilidade da perda. Transmitir a alguém uma perda.

Já me tinha esquecido (e isto pode parecer muito paradoxal) o quão difícil foi dizer ao meu pai que o pai dele tinha morrido. Revivi, naquela sala de cinema, o oscilar entre o dever da tarefa e o estado de embutimento em que estava. Parecia que não era real.

E, depois, a minha mãe agarra-me a mão, como sempre faz quando há uma parte do filme que é assustadora. E o que me veio à cabeça foi: quanto mais tempo eu vou ter este luxo de ter a minha mãe a dar-me a mão num cinema?

E chorei. Se calhar não foi por acaso que aconteceu num cinema.

by fiona bacana

Habemus Papam

A nomeação do Cardeal Ratzinger como o novo Papa só confirma que o Papa Bento XVI será um Papa de transição. Menos mal. Ao menos dura pouco tempo.

Foi uma oportunidade perdida de capitalizar o trabalho e carisma de João Paulo II. Não a nível teológico, mas a nível político. Foi uma oportunidade perdida de adaptar a Igreja Católica aos novos tempos. Ratzinger é um 'ultra-conservador'. Não sei como será como político, como será ou se será sequer capaz até de continuar o diálogo inter-religioso tão bem dinamizado por João Paulo II.

Como é que eu posso olhar para Ratzinger se, para mim, João Paulo II era semi-progressista?

Esperar que não seja verdade o que dizem.

Que Ratzinger não seja 'o inquisidor dos tempos modernos'.

Que não seja verdade que, 'na actual Igreja Católica ninguém pode ser considerado mais polémico que Joseph Ratzinger pelas suas posições intransigentes sobre a investigação teológica, a homossexualidade, o aborto e o diálogo inter--religioso'.

Que não seja verdade que, 'vendo o fascismo em acção, o Ratzinger de hoje acredita que o melhor antídoto para o totalitarismo político é o totalitarismo eclesiástico'.

Que não seja verdade, QUE NÃO SEJA VERDADE, que Ratzinger 'acredita que se deve negar a comunhão a quem defende o aborto, conselho que não hesitou em enviar, por carta, ao cardeal Theodore McCarrick, de Washington'.

Que não seja verdade 'que o Vaticano enviou uma carta assinada por Ratzinger, reforçando que o documento "Crimine solicitationes", de 1962, deveria continuar a ser aplicado. Este documento, da autoria de João XXIII, dá instruções aos bispos católicos de todo o mundo para «encobrir» casos de abuso sexual, porque se não o fizerem correm o risco de serem expulsos da Igreja. '

by sherley bacana
excertos de reportagem sobre o Cardeal Ratzinger in 'A Capital'

Tuesday, April 19, 2005

Das fitas e dos adeus (ou até qualquer dia)

Quando disse 'até já' à minha casa mãe (e a sempre mui nobre e leal FPCEUP continuará sempre a ser a minha casa, esteja onde estiver!), uma das músicas da minha banda sonora na época era esta que vos cito. Quem passou pela ascenção à mortalidade (leia-se acabar o curso), percebe certamente as minhas palavras. Até hoje, escrevo isto nas fitas de quem acho que merece.

by fiona bacana

«Ladies and Gentlemen of the class of ’99: (ok, eu acabei em 2000...)

If I could offer you only one tip for the future, sunscreen would be it. The long term benefits of sunscreen have been proved by scientists whereas the rest of my advice has no basis more reliable than my own meandering experience…I will dispense this advice now.

Enjoy the power and beauty of your youth; oh, never mind; you will not understand the power and beauty of your youth until they have faded. But trust me, in 20 years you’ll look back at photos of yourself and recall in a way you can’t grasp now how much possibility lay before you and how fabulous you really looked….You’re not as fat as you imagine.

Don’t worry about the future; or worry, but know that worrying is as effective as trying to solve an algebra equation by chewing bubblegum. The real troubles in your life are apt to be things that never crossed your worried mind; the kind that blindside you at 4pm on some idle Tuesday.
Do one thing everyday that scares you

Sing

Don’t be reckless with other people’s hearts, don’t put up with people who are reckless with yours.

Floss

Don’t waste your time on jealousy; sometimes you’re ahead, sometimes you’re behind…the race is long, and in the end, it’s only with yourself. Remember the compliments you receive, forget the insults; if you succeed in doing this, tell me how.

Keep your old love letters, throw away your old bank statements.

Stretch

Don’t feel guilty if you don’t know what you want to do with your life…the most interesting people I know didn’t know at 22 what they wanted to do with their lives, some of the most interesting 40 year olds I know still don’t.

Get plenty of calcium.

Be kind to your knees, you’ll miss them when they’re gone.

Maybe you’ll marry, maybe you won’t, maybe you’ll have children, maybe you won’t, maybe you’ll divorce at 40, maybe you’ll dance the funky chicken on your 75th wedding anniversary…what ever you do, don’t congratulate yourself too much or berate yourself either – your choices are half chance, so are everybody else’s.

Enjoy your body, use it every way you can…don’t be afraid of it, or what other people think of it, it’s the greatest instrument you’ll ever own.

Dance…Even if you have nowhere to do it but in your own living room.

Read the directions, even if you don’t follow them. Do NOT read beauty magazines, they will only make you feel ugly.

Get to know your parents, you never know when they’ll be gone for good. Be nice to your siblings; they are the best link to your past and the people most likely to stick with you in the future.

Understand that friends come and go,but for the precious few you should hold on. Work hard to bridge the gaps in geography in lifestyle because the older you get, the more you need the people you knew when you were young.

Live in New York City once, but leave before it makes you hard; live in Northern California once, but leave before it makes you soft.

Travel.

Accept certain inalienable truths, prices will rise, politicians will philander, you too will get old, and when you do you’ll fantasize that when you were young prices were reasonable, politicians were noble and children respected their elders. Respect your elders.

Don’t expect anyone else to support you. Maybe you have a trust fund, maybe you have a wealthy spouse; but you never know when either one might run out.

Don’t mess too much with your hair, or by the time you're 40, it will look 85.

Be careful whose advice you buy, but, be patient with those who supply it. Advice is a form of nostalgia, dispensing it is a way of fishing the past from the disposal, wiping it off, painting over the ugly parts and recycling it for more than it’s worth.

But trust me on the sunscreen.

Buz Luhrman, 'Don't forget to wear sunscreen'

Sunday, April 17, 2005

"..e o mundo lá fora, olha pra ti, não te podes esconder!! Vive!!"

“..a fazer tudo de uma vez pah, e eu quando vejo que o tempo tá a apertar pah, e que há aí palhaços pah, que falam falam falam falam falam falam pah, mas não os vejo a fazer nada pah, não é?, err.. eh pah, já me começo a…sei lá pah..começa-me realmente já..já a dar cabo da cabeça, né? eeee..pronto é pah, não sei, se calhar é do cansaço pah, err..pode ser também…pode ser que seja do cansaço, né? Oh pah, eu tenho calma pah! Este palhaço este mont`a merda aqui pah deve ter a mania da perseguição ò caralho pah, ò pah, eu pah já nem o vejo bem, meu. Eu já nem o ando a ver bem pah. É que eu já nem sequer consigo olhar direito pa ele pah. Err..é que eu não sei o que é que ele anda à procura pah, mas eu tenho a impressão que eu espirro com um bocado mais força que ele ddddd xcangalha-se todo o rapaz pah. Agora tava ali a falar pah eh pah, eu se há aqui alguém keu tou chateado pah eu tou chateado com o Telmo pah. Eu tou chateado é mem com o Telmo. Que é um gajo que faz atletismo que é faz isto que faz aquilo, é pah eu ainda não o vi fazer cem metros por ninguém pah! Eu ando aqui ando todo arrebentado caraças pah! Eu fiz quinze quilómetros fiz dezanove quilómetros e meio fiz quinze quilómetros e hoje fiz quinze quilómetros pah! E amanhã não há quilómetros pa fazer pah e ninguém se preocupa em fazer quilómetros hoje pah!..Atão mas só eu é que penso na..o-olha que que…fuoda-ssse! “

Marco in Big Brother I
LoL
:D
By: Milán Curguz

Recados

Making me better
trying to make the best out of me
turning me into the one
turning me on

marvellous, precious, really fine, fascinating
wonderful, better, beautiful, lovely, i'ts flowing

stronger, i can see that i've become
wiser, cant't forget the help i've won

love it, want it, i desire it
recriation, animation, no one can stop it
no one can stop me, i'm invincible, unbeatable

marvellous, precious, really fine, exhilarating
wonderful, better, beautiful, lovely, i'ts flowing

i have wings, i fly above your head and you can only
see my trace
live with it, you have to bare it
that's what i do and i don't regret it
i'm the whole thing, don't need anyone else 'cause it sets me free.


Para Fiona Bacana
;)

Termómetro Unplugged 2005


O maior concurso de bandas do país teve ontem a sua final no edifício da Alfândega do Porto, contando com as bandas finalistas Frequency, Gaita Folia, Mazgani, Mu, Refilom e Orquestrinha do Terror, tendo o concurso sido ganho pelos Mazgani.
Os Mazgani puseram-na em prática, ou pelo menos mostraram-nos como seria um ensaio conjunto à queima-roupa. São apenas três canções as que dão forma à maqueta "These Stones Used To Be", a mesma com que agora se dão a conhecer à sua terra natal, depois de terem sido destacados pela revista Les Inrockuptibles, que os incluiu no CD que foi oferecido com o número de Dezembro/2004 da publicação francesa. No alinhamento foram integradas 21 bandas europeias (finalistas de um total de 7000), em disputa pelo primeiro lugar do concurso CQFD (Ceux Qu’il Faut Découvrir), para divulgação de novos talentos.
Os Mazgani são portugueses, de Setúbal, mas foi depois do reconhecimento francês que começaram dar que falar em território nacional. Será que volta assim a confirmar-se a profecia de que nós, portugueses e portuguesas (como dizia/escrevia o outro) só damos valor ao que temos depois de alguém de fora o fazer primeiro? Andaremos nós mais atentos ao que escrevem os outros sobre nós, do que em escrever sobre nós próprios? Ou será que, também é possível, andamos simplesmente mais interessados em mostrar além-fronteiras o que valemos, do que em continuar a insistir em mudar dos destinos da nação musical? Adiante…
Dúvidas à parte, o certo é que os Mazgani com apenas três canções, nomeadamente "Bring Your Love", "These Stones Used To Be" e "Unageing Games", aconchegam o alento de quem prefere a simplicidade pop do formato canção, à grandeza de uma super produção feita de pormenores ostensivos. De quem prefere a modéstia de uma canção pela palavra, que nos conquista à primeira vista sem que saibamos explicar porquê.
Recorde-se que esta foi a 11ª edição do conhecido evento, que teve a seguinte lista de vencedores: Blind Zero (1994), Bad Legacy (1995), Silence 4 (1996), Feed (1997), Big Fat Mamma (1998), Slamo (1999), Rita Cardoso (2000), Stowaways (2002), Alla Polacca (2003) e Sinapse (2004) e agora, os Mazgani.
Posted by Hello

"Todos nascemos com uma doença mortal, que é a Vida"

(...)
"Comer da árvore do conhecimento significa, ao mesmo tempo, sermos capazes de entrar em conflito aberto com a Ignorância. E a Ignorância, como figura mitológica do nosso mundo interior, representa justamente aquilo com que nos confundíamos, o que nos assegurava o Paraíso, mas que excluía dele, ao mesmo tempo, a possibilidade da experiência do conhecimento. Por outro lado, conseguirmos levar a bom termo esse conflito aberto, é a condição para que mais tarde se possa ver na ignorância a companheira mais inspiradora e mais serena do conhecimento. Poderia dizer-se, de outro modo, que nascer é a única coisa arriscada da vida, e não acabamos nunca de nascer.
Se as portas do Paraíso estivessem sempre abertas, ninguém faria coisa nenhuma, os homens não poderíam progredir. Aqueles para quem as portas do Paraíso estão sempre abertas, estão nos hospitais psiquiátricos, que só servem para nos guardar dos loucos, são o «no man`s land» da cultura. São uma espécie de reconhecimento oficial de que aqueles que escolhem a fusão com o divino se excluem, por isso mesmo, do reino dos homens. São os que pensam que estão em contacto com Deus e que Dele são enviados à terra,
As portas do Paraíso são para se fechar, para depois cada um de nós pensar numa forma de as abrir, através da criação, através da poesia, através da ciência."


Carlos Amaral Dias
João Sousa Monteiro
in "Eu já posso imaginar que faço"

Friday, April 15, 2005

Da minha chaga

Diz sem querer poupar meu corpo: 'eu já não sei quem te abraçou'. Diz que 'eu não senti o teu corpo sobre o meu'.

NÃO VAI HAVER UM NOVO AMOR, TÃO CAPAZ E TÃO MAIOR. Para mim será melhor assim. Vê como eu quero e vou tentar, sem matar o nosso amor, não achar que o mundo é feito para nós.

(Manuel Cruz, Ornatos Violeta)

by fiona bacana

Thursday, April 14, 2005

Um dia tipo pedra: cinzento

«It's a beautiful world, but everyone's insane»

Meio mundo a 'lixar com ph' outro meio.
Matam-se animais pela luxúria.
Matam-se pessoas pelo direito à terra, pela alucinação da religião extremista.
Vivemos e morremos no medo de perder quem amamos.
O trabalho escraviza, trocaste a tua vida pelo lazer.
Vives preso a uma rotina que não tens coragem de confrontar.
Não escolhes a tua família e logo se vê no que dá a ausência de escolha.
Fodes quem amas, mas não amas quem fodes. E, se eu te amar, é meio caminho para tu me foderes.

Que nos sirvam de consolo as merdinhas de consolo que nos dão: o álcool que te dão para beber, a coca que te dão para fumar, as noites para te sentires vivo, como se mais morto não pudesses ser.

Então, se é assim como dizes, porque custa tanto morrer? Afinal começamos a morrer desde que nascemos...

by fiona bacana

Wednesday, April 13, 2005

Spend some time

«Now that I've met you, would you object to never see each other again?»

Aimee Man, 'Deathly'
Magnolia OST

by fiona bacana

Problema: Clube dos Poetas Mortos aos 14 anos

Teoria instantânea: pega no medo, analisa-o, coloca-o debaixo do microscópio. Vai para a rua, explicita-o o mais brutal e claramente possível, para todos verem. Maximiza-o. Extrapola-o, assim vulgariza-lo, tornando-o inferior às tuas próprias mãos.

E, um dia, esse nó na garganta, passa. Nunca mais esquecerás, mas passa.

by fiona bacana

Episódios de imortalidade

«If there’s a better place you can take me/a better life you can give me/ whatever place where i can start all over/ Then I’d never need what you gave me/never need you to save me/ and never feel like this life is over. »

A música estourava com violência nos headphones, como pedia ansiosamente desde manhã, espancando os neurónios na esperança que algum, um, só um, fosse capaz de alterar o ritmo e o tom parasitante e pária do raciocínio em trajectória de bilhar. A brutalidade da ingratidão, a ironia acintosa que comanda e formata os seus instintos, como as rajadas de vento em altura de tempestade tropical – o céu carrega-se da carga eléctrica que alimenta os olhos raiados de raiva, escurece com o cinza das memórias que ficaram lá longe mas que torturam quem de nada tem certezas, rugindo, maquiavelicamente, duas ou três frases debitadas com sofrimento. Não o sofrimento clássico do destempero, as mãos trémulas e os olhos entornados de água. São quase olhos fugidos, como se o olhar parado obrigasse a parar o pensamento e a parar o sentimento. É antes o sofrimento próprio de quem sabe que as palavras nunca chegam, nunca mostram o que podem, nunca dizem tudo. Sempre lhe pareceu um jogo inútil e de falsa complexidade: se a palavra nunca traduz o que se pensa, ou pelo menos tudo o que se pensa, é um jogo perdido. Não há vitória possível, as pessoas estão condenadas a não comunicarem e a, muito menos, conseguirem algo de produtivo com a comunicação.

Os toldes vermelhos, reparou novamente, condizem com o vermelho dos pacotes açucarados inchados. E com o seu maço de cigarros, caixa de estimação que vai consumindo avulso sem qualquer tipo de explicação. Não que esteja particularmente nervosa ou calma, mas parece que os dedos não conseguem fazer muito mais do que o trajecto da água para o café e deste para levar o cigarro à boca. Mimetizou esta anuência com um novo cruzar de pernas.

E voltou a olhar para o relógio, sabendo da inutilidade da coisa, até porque o tempo deixa de contar quando nos sentimos imortais - o tempo é uma corrida simplesmente inexequível porque seremos sempre jovens e já chega, para desafio, levar o dia até ao fim sem desgraças de maior. Talvez as pessoas devessem saber que não podemos ganhar ao tempo. Talvez, enfim, o desprezando, ganharemos poder sobre ele.

by fiona bacana

Sunday, April 10, 2005

Dez.04 : Shepperd's Bush



«You said: they love you or what?
I said: they don't love me, they love what I do... the only one who really loves me is you».

ani di franco 'you had time'

by fiona bacana

Saturday, April 09, 2005

Do ser 'blasé'...ou conversas francas de madrugada

Sabes, é que eu estou farta - muito farta. Não farta no sentido suicida da coisa, porque até disso estou farta. O glamour sórdido dos suicidas, eternamente grata a eles por demonstrarem que há uma opção, tem tanto de invejável como de patético. Estou farta do que não faz sentido, mas farta de sentir-me fascinada pelo que não tem sentido.

Se estou farta do que não faz sentido, então imagina o que me satura a lógica. A obrigação de manter um espírito científico (trago bisturis e lupas na carteira), é cansativa. Farta-me tentar saber mais, sabendo, no entanto, que me irrita a ignorância. Gostava que a lógica se pudesse calcular através de um equação bem definida. Uma equação regressiva, quem sabe. Ou uma pôrra de um gráfico. Bem, um gráfico, seria genial – uma curva sinosoidal e, pimba!, isto afinal está completa, irrevogavel e definitivamente desprovido de lógica. Eu sei, está aqui no gráfico que acabei de fazer na mão, caneta de feltro preta.

É, estou farta de ser atormentada pelo(s) sentido(s). Existencial, claro está. Estou farta do Camus, do Sarte e da sua compincha Simone (já reparaste como, ironicamente, o nome da mulher é tão pomposo? DE BEAUVOIR...), que chatice, sempre a fazerem-me puxar pelos neurónios, cansados como certamente sabes. Será que esta companhia de prezados intelectuais morreu mais feliz do que a maioria? Até do Nietzche eu estou farta. Tanto niilismo desespera-me, ao mesmo tempo que me faz procurar, incessantemente, o Super Homem. Estou farta de comprar excessivas doses ‘de nada’, em livrinhos de bolso de duzentas e tal páginas.
Estou farta de dizer a mim própria: serei mais feliz no dia em que conseguir conciliar Marx e Sarte. Bem visto! Na realidade, consoante os dias, compraria um pouco disto e um pouco daquilo: ‘P.f., queria 200 gr de angústia de Steinbeck e 250 gr da esquizofrenia de Pessoa....em papel de alumínio, sim...500 gr de alucinações do Kafka e, já agora, para os dias cinzentos, um pouco da leveza do Kundera’. Mas sabes, estou efectivamente farta de procurar neles as respostas.

Estou farta da imposição das necessidades básicas. Vamos ver se nos entendemos de uma vez por todas: comer é um acto nojento. Quase pornográfico, ingerir alimentos só para ser a testemunha silenciosa de um processo de putrefacção que dura sensivelmente 24 horas por dia.
Estou farta de TV, mas acordo com as notícias todos os dias. Óbvio, pufffff!!!!, estou farta de desgraças e por isso mudo de canal constantemente. Já não aguento o concurso ‘quem é o mais desgraçado de Portugal’. E depois de dizer isto fico com peso na consciência.

Estou farta de afogar as mágoas na minha selecção de cd’s. Filantropia, será? Estou farta da minha obsessão pela música, ouvi-la até saber de cor cada frase, cada métrica, cada microsegundo, só para ouvir aquela nota de fundo que o produtor deixou, intencionalmente, fechada a 7 chaves. Estou farta de mergulhar naquelas músicas que ninguém ouve, bebo-as como se fossem shots e fumo-as como se fossem coca. Já que o meu passado, como tu tão bem sabes, não me permite chegar mais perto do que isso. Hoje em dia tudo é mainstream. Já para não esquecer que tudo são vícios e dependências.

Para mais, estou farta do meu ginecologista: nada mais humilhante do que abrir assim as pernas para um tipo que eu não conheço de lado algum, sem bebida e sem preliminares (hmm, deve ser assim que as pessoas se sentem quando vão ao psicólogo).

E tudo isto para te tentar explicar, minha querida e velha amiga, o porquê de me achares tão...blasé. Era isto que querias?

by fiona bacana

Friday, April 08, 2005

Frase do dia

Tenho um amigo que diz : «enquanto não aparece a pessoa certa, divertimo-nos com as erradas».

Pois é, Pedro, mas o que eu faço é mais ao contrário: «enquanto nos divertimos com as pessoas certas, procuramos as erradas».

by fiona bacana

Notícia do dia

Perdoem-me a falta de crença na evangelização do sofrimento.

by fiona bacana

Wednesday, April 06, 2005

Do coma - da primeira vez que morri

Going back on memory lane: 5.nov.92

A primeira vez que morri tinha 16 anos. Um vazio inexplicável. Tornou-se por demais evidente por que razão nascemos sozinhos e morremos sozinhos. Uma sensação de abandono que haveria, para o bem e para o mal, servir de farol a todos os meus caminhos (e acreditem, bem sinuosos).

E, até hoje, esta continua a ser a banda sonora da primeira vez que morri.

by fiona bacana


«Got your mind in submission
Got your life on the line
But nobody pulled the trigger - They just stepped aside
They be down by the water
While you watch 'em waving goodbye

They be callin' in the morning
They be hangin' on the phone
They be waiting for an answer, but you know nobody's home
And when the bell's stopped ringing, it was nobody's fault but your own

There were always ample warnings
There were always subtle signs
And you would have seen it comin'
But we gave you too much time
And when you said that no one's listening
Why'd your best friend drop a dime
Sometimes we get so tired of waiting
For a way to spend our time

And "It's so easy" to be social
"It's so easy" to be cool
Yeah it's easy to be hungry when you ain't got shit to lose

And I wish that I could help you with what you hope to find
But I'm still out here waiting, watching reruns of my life
When you reach the point of breaking know it's gonna take some time
To heal the broken memories that another man would need...Just to survive

Coma in Use your Illusion I

Agradecimento do dia

Para as 8 meninas:

se soubessem o privilégio que sinto por ser testemunha do vosso crescimento...
se soubessem o impactante que é ver-vos a descamar, livrarem-se das vossas antigas peles, livrarem-se das máscaras...
se soubessem das vezes em que tive lágrimas nos olhos só de vos ouvir falar do que sentem e vivem e morrem e matam...
se soubessem do quanto me custa e me deixa impotente ver-vos passar do mundo em tons de rosa para uma infinitude de cinzas e pretos e brancos, mesmo sabendo que o processo é este, doloroso e infinito...
se soubessem das vezes em que sinto que cada uma, cada uma mesmo, tem partes de mim (presunção, eu sei...ou projecção inconsequente)...

Mas sobretudo se soubessem do orgulho que sinto cada vez que uma de vós dá um passo de confronto à tal realidade em que os dias se tornam mornos e em que a rotina (nos) acomoda...então aí talvez conseguissem perceber esta minha certeza (e como sabem, tenho poucas) de que conseguirão desafiar esta neoplasia existencial que a malta insiste em chamar de vida.

by fiona bacana

SMS do dia - parte II (Do caminho para a entropia)

Lua,
«choraria calmamente se me dissessem que tiraste o riso do meu olhar, a calma do meu corpo, a vaga do meu tempo. Porque assim, teria a certeza de que tinhas sido mesmo tu. E assim saberia. Saberia.»

by
fiona bacana

SMS do dia I - dos bancos da fpceup

sara:
«se me dissessem que o nosso banco tinha desaparecido, choraria impunemente. Eu ainda lá estou, mesmo sob a forma de fantasma. Tu não sei. Sei que lá estás como eu: IMORTAL. »

by
fiona bacana

Tuesday, April 05, 2005

Dos vossos olhos...

Quais horizontes que nos fazem ver que o mundo não pára, desde um ponto ao outro no nosso campo de visão, que nos fará desistir de cada passo? de cada batida de incentivo que nos enche de esperança a cada respirar?.. São as flores de um campo, um arco-íris, o espelho, o pensamento!! São os teu olhos... são as tuas lágrimas, é a tua fixação, é o brilho de cada raio de luz que emites..enfim, são os teus sentidos!!!!! De ti, de ti, de ti...são tantos!!!
É por cada um e é por todos, todos os dias.


By: João Miguel Leite Sá

Do Quase, mas "Eu `tou aqui"

"Quase que já fui, mas... ainda não sou!
Quase que cheguei, mas...ainda cá estou!
Quase não me aguentava, mas... foi uma fase!
Quase que lá estive, mas... falta o quase!"


Eu ‘tou aqui

Não tenho muito, mas o pouco que tenho é teu
Se mais ninguém te ouvir tu sabes quem te ouve sou eu
Quando tiveres triste, com falta de um amigo
Fecha os olhos não temas porque eu vou estar aqui contigo
Eu sei que pensas muitas vezes que queres fugir
Eu sei que gritas e não tens ninguém para te acudir.
Vida madrasta nada corre como a gente quer
Tens que enfrentar o destino para o que der e vier
Ao meu alcance faço tudo o que poder para ti
Peço desculpas pelos meus erros, sei que os cometi
Não vou julgar-te porque também eu posso ser réu
Não vou julgar-te porque quem te julga está no céu
Quero que saibas que podes contar com o meu amparo
Amizade pura é um sentimento cada vez mais raro
Conto contigo para fazeres o que faço por ti
E quando nada correr bem eu estou aqui

Se precisares de mim eu estou aqui
Quando quiseres falar eu estou aqui
Se te faltar um amigo eu estou aqui
Se precisares de alguém eu estou aqui

Tantas as coisas que juntos fizemos tu e eu
Custa a crer, mas a verdade é que o tempo correu
Nem sempre é fácil, às vezes frases magoam
Sem deixar mágoas porque amigos são os que perdoam
É quando se vê quem é amigo de quem, no mal e no bem
Sentindo desdém rodeado de gente sem nunca ter ninguém
Alguém para falar, sempre pronto a escutar
A mão que se estende, a mão que te ajuda a levantar
Quem te corrige quando tu não sabes o que é certo
Quem te dá água quando te perdes nalgum deserto
Sempre por perto, sempre pronto para chorar ou rir
Quem te conhece e sabe quando tu estás a mentir
Não sou perfeito, mas sabes que sou sincero
Nunca te esqueças de mim, aqui é tudo o que eu quero
E espero que nada, nem ninguém nos faça separar
Conto contigo, comigo podes sempre contar

Se precisares de mim eu estou aqui
Quando quiseres falar eu estou aqui
Se te faltar um amigo eu estou aqui
Se precisares de alguém eu estou aqui



in "Sempre o mesmo Boss AC"
in "Eu `tou aqui"
Boss AC
By: Secretary BD

A Picture of My Own

Breath it in and breath it out and pass it on it's almost out
We're so creative and so much more
We're high above, but on the floor
It's not a habit, it's cool I feel alive
If you don't have it your on the other side

The deeper you stick it in your vein
The deeper the thoughts there's no more pain
I'm in heaven, I'm a god I'm everywhere, I feel so hot
It's not a habit, it's cool I feel alive
If you don't have it your on the other side
I'm not an addict (maybe that's a lie)

It's over now, I'm cold, alone
I'm just a person on my own
Nothing means a thing to me
Oh, nothing means a thing to me

Free me, leave me
Watch me as I'm going down
Free me, see me
Look at me I'm falling
And I'm falling.........

It is not a habit, it is cool I feel alive I feel.......
It is not a habit, it is cool I feel alive
I'm not an addict.

By: Fredrich Van Schnossell
K`s Choice - "I`m not in Addict"

Adivinha do dia

O que há de comum entre os Estados Unidos da América, China, Vietname e o Irão?

São o top-four das execuções por pena de morte (dados da Aministia Internacional).

1º China - 3400 execuções
2º Irão - 159
3º Vietname - 64
4º Estados Unidos da América - 59.

E, num esforço colectivo de memória:

1) Os Estados Unidos da América apoiaram o Iraque na guerra contra o Irão;
2) Os Estados Unidos da América estiveram em guerra com o Vietname;
3) Os Estados Unidos da América apresentaram uma moção de censura na ONU contra a França por estes estarem a ponderar o levantamento do embargo à China;

E viva a coerência...

by fiona bacana

Música do dia

«Eu nasci sem entender
a forma certa de viver
Até que a vida me ensinou...a aprender

O que eu quis mostrar ao mundo
era tão forte e tão profundo
eu quase me afoguei na emoção»

Ornatos Violeta
«O.M.E.M»

by fiona bacana

Monday, April 04, 2005

«Days like these i don't know what to do with myself»

«Tenho de continuar a aturar o adolescente em mim. Tenho de continuar a aturar todos os que estão em mim, porque nunca tive coragem de crescer abandonando quem fui. De sufocar com as minhas mãos os que devia deixar para trás, moribundos. Fui acumulando quem sou. Por isso esses gritos desesperados em linguagem adolescente (...). Fui-me conservando a mim próprio pelo respeito de nunca saber quem era, o que seria, de ignorar o que se estava a passar, o que por mim passava.
Sou quem fui, quem serei, o mesmo adulto enquanto criança, a mesma criança enquanto adulto e a aparência física é só o estranho disfarce que tem que ser.»

Pedro Paixão 'Remorso de sobrevivente'

Deve ser por isso, vítor, que aquela professora (no sentido simultaneamente estrito e lato da palavra), olha para nós e continua a saber quem somos. Não por alguma incompetência nossa, porque já somos mais fdp, mais vendidos, menos ingénuos por consequência...mas porque simplesmente nos conheceu quando éramos tão lineares na nossa confusão, tão claros nos nossos zigue-zagues, tão previsíveis num caminho indefinido.

É, prefiro pensar que é mérito dela. E que não sendo só 'aquilo', seremos sempre muito mais 'aqueles fins de tarde' do que os angustiados insatisfeitos, muito cools, em que nos tornámos.

Vá, temos de ir para os copos.

by fiona bacana

Friday, April 01, 2005

Frase do dia

«Sejamos realistas: exigemos o impossível»

Frase de mural.

by
fiona bacana

Da ciência, da vida e da morte, do futuro - as células estaminais

Bem sei que existem dimensões mais estruturais a tratar para o presente e futuro de Portugal (perdoem-me a falta de patriotismo quando não digo 'o nosso país'). O défice orçamental, o (des)emprego, a Saúde, a Educação - tudo para tentar recuperar um país de ingovernáveis que ainda sente e se ressente de uma política cega de estilo contabilidade de mercearia, tão ao gosto dos partidos de direita. (mas tudo vale desde que tenhamos os estaleiros de Viana do Castelo a fazer submarinos e as OGMA a produzir...balas.)
Dizia eu então que tenho consciência que este pode não ser o tema mais premente da actualidade mas, mais uma vez, Portugal equivale-se a um país de 3º mundo - não há legislação no que diz respeito à investigação em células estaminais (ou células-tronco). Sem recorrer ao jargon científico e assumindo que o meu conhecimento é reduzido e posso estar a incorrer em imprecisões, as células estaminais são células indeferenciadas (portanto, antes da sua 'especialização' para funcionarem de determinada maneira em determinado órgão) que advêm, por exemplo, do sangue do cordão umbilical. Agora, reparem neste avanço da ciência: se nós colocarmos estas células em pessoas doentes com leucemia, linfoma, tumores, imunodeficiências, tal permite a regeneração das células doentes. As células estaminais vão adquirir a sua nova função, tornando-se células saudáveis. Mais: presentemente em investigação (a Suiça é pioneira a nível mundial), encontra-se a possibilidade de aplicar estas células em doenças neurovegetativas ou em lesões neuronais (paralisias, por exemplo...).
Sei que as questões da Bioética são basilares na sociedade contemporânea, sei que são debatidas e devem sê-lo. Mas espero que os arautos da moralidade, numa altura em que se vão começar a discutir as questões formais sobre a investigação neste domínio, não se esqueçam que as questões éticas devem assentar num primado: mais do que a evolução da qualidade de vida dos cidadãos , estamos a falar de vida e de morte de pessoas que nos são próximas. E, quem já passou pela experiência, sabe que se recorre a todas as ferramentas. Não deixemos que uns senhores de meia idade (respeitáveis certamente, mas que deixam os seus valores pessoais interferir na vida de milhões de pessoas) se arroguem o direito de dizer qual é a extensão da esperança de vida que as pessoas doentes podem ter.

Informações: http://www.crioestaminal.pt/oquesao.htm
(trata-se do site da única empresa portuguesa a trabalhar nesta área. Descontando o discurso comercial, procurem informação sobre o presente e o futuro da investigação.)

by
fiona bacana

Sunday, March 27, 2005

Da ausência

Um pássaro a motor leva-te e assim torna-se, ainda mais uma vez , tão claro (como se fosse preciso): a realidade é crua na forma como nos mostra como o sonho se esfarela perante a insistência de um ponto de convergência de vida. Há relações que não são reformuláveis. Ponto. Talvez tu, talvez um dia, alguém parecido contigo diferente de ti.

by fiona bacana

"Quero dizer-te uma coisa simples: a tua ausência dói-me. Refiro-me a essa dor que não magoa, que se limita à alma; mas que não deixa, por isso, de deixar alguns sinais - um peso nos olhos, no lugar da tua imagem, e um vazio nas mãos. Como se as tuas mãos lhes tivessem roubado o tacto. São estas as formas do amor, podia dizer-te; e acrescentar que as coisas simples também podem ser complicadas, quando nos damos conta da diferença entre o sonho e a realidade. Porém, é o sonho que me traz a tua memória; e a realidade aproxima-me de ti, agora que os dias correm mais depressa, e as palavras ficam pressas numa refracção de instantes, quando a tua voz me chama de dentro de mim - e me faz responder-te uma coisa simples, como dizer que a tua ausência me dói."

Nuno Júdice, Ausência

Friday, March 25, 2005

Lanterna (song of the day...)


If there's something strange
In the neighborhood
Well who ya gonna call?
Ghostbusters

If there's something weird
And it don't look good
Well man who can ya call
Ghostbusters

Who, I ain't afraid of no ghost
Who, I ain't afraid of no ghost

If you're seeing things
Running through your head
Well who ya gonna call
Ghostbusters

An invisible man
is under you bed
Now who can you call
Ghostbusters

Who, I ain't afraid of no ghost
NO Who, I ain't afraid of no ghost

If you're all alone
Pick up the phone
And call...
Ghostbusters

YEAH YEAH YEAH YEAH YEAH

You fat dopes and freaky ghosts
Now, who ya gonna call...
Ghostbusters

Who ya gonna call...
Ghostbusters
BUSTED!

by Geléia!
(New staff member...)
Posted by Hello

Tuesday, March 22, 2005

Por falar em poesia...

ou sobre o que é a psicoterapia...
bxz,
fiona bacana


A fábrica do poema
by Adriana Calcanhoto

SONHO O POEMA DE ARQUITETURA IDEAL
CUJA PRÓPRIA NATA DE CIMENTO ENCAIXA PALAVRA POR PALAVRA,
TORNEI-ME PERITO EM EXTRAIR FAÍSCAS DAS BRITAS E LEITE DAS PEDRAS

ACORDO;E O POEMA TODO SE ESFARRAPA, FIAPO POR FIAPO
ACORDO;O PRÉDIO, PEDRA E CAL, ESVOAÇACOMO UM LEVE PAPEL SOLTO
À MERCÊ DO VENTO E EVOLA-SE,
CINZA DE UM CORPO ESVAÍDO DE QUALQUER SENTIDO
ACORDO, E O POEMA-MIRAGEM SE DESFAZ
DESCONSTRUÍDO COMO SE NUNCA HOUVERA SIDO.

ACORDO! OS OLHOS CHUMBADOS PELO MINGAU DAS ALMAS
E OS OUVIDOS MOUCOS,
ASSIM É QUE SAIO DOS SUCESSIVOS SONOS:
VÃO-SE OS ANÉIS DE FUMO DE ÓPIO
E FICAM-ME OS DEDOS ESTARRECIDOS.
METONÍMIAS, ALITERAÇÕES, METÁFORAS, OXÍMOROS
SUMIDOS NO SORVEDOURO.

NÃO DEVE ADIANTAR GRANDE COISA PERMANECER À ESPREITA
NO TOPO FANTASMA DA TORRE DE VIGIA
NEM A SIMULAÇÃO DE SE AFUNDAR NO SONO.
NEM DORMIR DEVERAS.

POIS A QUESTÃO-CHAVE É:SOB QUE MÁSCARA RETORNARÁ O RECALCADO?

Monday, March 21, 2005

Concurso de Poesia

Um caco...
Caiu um copo de cristal
com coca-cola já quente
que caco!

Espichou no chão, cheio de cotão
E sujo chapinhado o soalho
..caraças, que coisa encardida então
Cada verso para escrever é o caralho!

A estória dos versos é simples. Lembrei-me da palavra "Caco!" e só me apetecia escrever qualquer coisa sobre ela. Lá pintei uma folha qualquer com a dita palavra. E fui escrevendo o primeiro verso com aquilo que me vinha à cabeça e tudo o que saiu, saiu com toda a naturalidade. Uma folha limpa e sem rabiscos..
Já o segundo verso não foi assim. Queria dar o som do copo a caír "Txiiii" já que tinha feito uma primeira quadra com o "c" do "Crack". A segunda frase, bem saiu com dificuldade, mas depois disso...o caldo entornou. Os outros versos não saíam, talvez nunca venham a saír. E já que nada saía, toca a praguejar...como sempre! LoL :D Então, numa de discurso à Nuno Markl:
Concurso de Versos: Vá amiguinho! Ajude-me a conseguir acabar os versos. Quem conseguir acabar os versos, começando pela parte "E sujo chapinhado o soalho..." (que é a parte onde acaba alguma dignidade desta coisa a qual eu não me atrevo a chamar de poesia), ganha um frigorífico topo de gama em formato JPG!!! Vá, participe...Mostre-nos a sua veia de poeta/poetiza que há dentro de si!
;)

Sean Bacana

Das pedras graníticas da Ribeira

Foi bom, foi muito bom. Ir à «trilogia» de bares da Ribeira e sentir que nada mudou. A música é a mesma, embora se trate de um sábado e não uma eterna 5ª feira. Olhava para as paredes e parece que via os episódios todos outra vez. As figuras, quase hologramas, tipo fantasma. Fantasma no bom sentido da palavra. Ali voltei a ver-me a dançar. 'Chemicals between us'. Voltei a ver os nossos mini-eus, ou verdadeiros eus, será? Tarefa desenvolvimental, identidade - intimidade. Decidi que o meu nome deveria fazer parte daquelas paredes e...pimba, escrevi mesmo (peço desculpa à gerência).
E depois, à saída, aquela pedra granítica, aquela chuva miúdinha. Foi mesmo uma viagem no tempo, voltar ao tempo em que não havia tempo, a aura da imortalidade que nos tomava a todos sem excepção. E em plena descamação.

by fiona bacana

Refrão do dia

Perdoem-me estar a ser tão radio friendly (ainda por cima abomino todas as músicas destas pessoazinhas), mas este refrão ecoa na minha cabeça insistentemente...

bxz,
fiona bacana

«Oh simple things, where have you gone
I'm getting old and i need something to rely on
So tell me when, you're gonna let me in
I'm getting tired and i need somewhere to begin

And if you have a minute
why don't we go talk about it somewhere only we know
this could be the end of everything
so why don't we go somewhere only we know»

Somewhere only we know
Keane

Saturday, March 19, 2005


Dá que pensar, não dá?? Posted by Hello

umA carta.

Oi!!

Realmente espetei-me. Porque realmente a quimica existe... mas acho que não passa muito disso, hoje. Sabes, estou melhor agora que estou sozinho. Realmente nunca pensei que me sentiria bem, acho que já me exigia a mim próprio um espaço, uma liberdade. Não que me prendesses. Nunca. Só que finalmente entrei num lago de águas limpidas que me podem lavar o corpo para depois saír da água e poder, mais tarde, quem sabe, aventurar-me um pouco. O que me resta são saudades tuas..ainda esta noite passei-a toda contigo, sem sequer dares conta. Foi engraçado, não estavas nem triste nem chateada. Abraçavas-me ao colo como se me entendesses e me confortasses. Por saber que és quem és, deixou-me um sorriso nos lábios e largou-se a sensação de saudades :)
Acertaste exactamente na tua última frase do grande parágrafo. Gosto de ti como pessoa para admirar o resto da vida, o que não implica a pessoa companheira que se admira ao acordar. É o que eu sinto pq realmente te admiro. És alguém tão linda!!!:) Quero muito ser teu amigo mas talvez fosse bom dar-te um espaço para que recuperes o teu fôlego.
Tinha dúvidas quanto a se estava a tomar a decisão correcta. Se me sentisse mal, estaria errado. De contrario, estaria certo. Nos primeiros dias estava errado. A dar as tais curvas (pq qd se manda ir dar uma curva, é o eufemismo de se mandar à merda, n? Estive realmente na...curva.). E dúvidas quanto aos meus sentimentos. Acho que nunca te admirei tanto como agora:) mas aquela paixão que houve em mim...:/
Quando der para irmos ao café, ao nosso café, diz, tá?
Beijos,...
Duarte Mendes

Das 'Memórias das minhas putas tristes'

Não, ainda não comprei o último (e pelos vistos mesmo o último) livro de Gabriel Garcia Márquez.
Quando hoje passava por uma livraria, cenas de um filme passado há muito assaltaram-me a memória. Foi por tua culpa, Andreia. Puseste-me a pensar sobre se não teremos feito parte de um projecto qualquer no colégio, do género 'lavagem cerebral para adolescentes indulgentes'.
Mas, dizia eu, o título do livro remeteu-me imediatamente para aquela gente cuja fotografiazinha consta desse instrumento hediondo, verdadeira criatura do demo, chamada anuário. E lembrei-me daquela fotografia, 9º ano e 14 anos e qualquer coisa. Camisas brancas e um ar de quem vivia em permanente êxtase existencial. Acontecia sempre alguma coisa, sentia-se sempre alguma coisa. E lembrei-me de como carinhosamente nos tratávamos: de puta. Puta Sandra, Puta Joana, Puta Sara.
Se isto fosse um guião de uma história, seria a altura em que eu vos dizia que acho que temos uma marca geracional. Todos fomos obrigados, amargamente obrigados, a constatar a violência do óbvio, rotundo e factual: nem o pedro é jogador de futebol, nem eu vivo num loft em manhatan. Não uso óculos de massa grossa e raramente bebo café por uma caneca com o meu nome.
Algumas de nós já casaram, algumas de nós até já tiveram filhos, mas acho que nenhuma de nós conseguiu ainda lidar com o que perdemos, por muito que tenhamos ganho entretanto (carreira, família, prestígio, autonomia).
E, posto isto, páro esta minha hemorragia e vou-me arranjar para um jantar de uma outra matilha, a quem me referirei mais dia menos dia.

fiona bacana

Da corrosão do carácter

É com frequência assinalável que me interrogo o que nos leva a estimar alguém (e digo estimar para não entrar em discussões estéreis sobre o reportório emocional humano, um dia lá chegaremos). Poderia dizer que são os seus valores, a sua educação, mas estimo pessoas em quem vejo, sem a mínima dúvida ou angústia, traços de profunda desonestidade ou simples desconsideração séria e profunda para com outrem. Portanto, não é a integridade que, pelo menos para já, me move. Dá-se a coincidência de estas pessoas exercerem em mim um qualquer fascínio, porque na realidade dá-me gozo ouvi-las falar. Perdoo-lhes o mau carácter, porque até nas suas corrosões apresentam uma espécie de código de ética absolutamente instantâneo (só juntar água a ferver). Se calhar foi de ter torcido sempre pelos índios nos filmes, quando era pequena.
Poderia, então, dizer que é o interesse que aquela pessoa me merece. Mentira. Estimo pessoas absolutamente chatas e sem mudanças, cujas vidas estão sempre na mesma, não são carne nem são peixe, casam e têm filhos porque sim, como se lhes perguntassem por que razão escolhem esquerda em vez de direita, pergunta à qual respondem com um simples encolher de ombros. São uns robozinhos adoráveis. Mas prezo-os e valorizo-lhes a sua fidelidade canina. São, no entanto, as primeiras pessoas que procuro quando preciso de um ben-u-ron e estou com febre.
Poderia dizer, então, que é pela gratidão. Mas as pessoas que mais amo já me faltaram, e não as amo menos por isso. Já me morreram, e já as matei por isso, mas não as amo menos. Más línguas poderiam dizer, agora, 'pelo contrário'.
Não sei. Mas este texto que se segue explica bem o que procuro (ou não...) nas alminhas que me rodeiam.

THE INVITATION
by Oriah Mountain Dreamer

It doesn't interest me what you do for a living. I want to know what you ache for, and if you dare to dream of meeting your heart's longing.

It doesn't interest me how old you are. I want to know if you will risk looking like a fool of love, for your dream, for the adventure of being alive.

It doesn't interest me what planets are squaring your moon.

I want to know if you have touched the center of your own sorrow, if you have been onpened by life's betrayals or have become shriveled and closed from fear of further pain.

I want to know if you can sit with pain, mine or your own, without moving to hide it or fade it, or fix it.

I want to know if you can be with joy, mine or your own, if you can dance either wildness and let the ecstasy fill you to the tips of your fingers and toes without cautioning us to be careful, to be realistic, to remember the limitations of being human.

It doesn't interest me if the story you are telling me is true. I want to know if you can dissappoint another to be true to yourself; if you can bear the accusation of betrayal and not betray your own soul; if you can be faithless and therefore trustworthy.

I want to know if you can see beauty even when it's not pretty, every day, and if you can source your own life from its presence.

I want to know if you can live with failure, yours and mine, and still stand on the edge of the lake and shout to the silver of the full moon, "Yes!".

It doesn't interest me to know where you live or how much money you have. I want to know if you can get up, after the night of grief and despair, weary and bruised to the bone, and do what needs to be done to feed the children.

It doesn't interest me who you know or how you came to be here. I want to know if you will stand in the center of the fire with me and not shrink back.

It doesn't interest me where or what or with whom you have studied. I want to know what sustains you, from the inside, when all else falls away.

I want to know if you can be alone with yourself and if you truly like the company you keep in the empty moments.

Frase do dia - parte 2

«Gostava de saber porque te amo nesta forma estranha de te não ter amado nunca»
virgílio ferreira

Frase do dia

"Tens um medo tão grande de te iludir a ti próprio que recusarias a mais bela aventura do mundo para não te arriscares a uma mentira."
Jean Paul Sartre

Thursday, March 17, 2005

Da minha última viagem

Fosse eu competente nestas coisas da comunidade virtual bloggista, em vez de texto, hoje colocaria tão somente uma fotografia. Fotografia da minha última viagem a Inglaterra. As escadas traseiras de uma rua fantástica em Sheppeder's Bush. Até conseguir fazê-lo, aqui vai mais um texto, do inevitável Pedro Paixão:

«Não sei para o que vim. Sei por que tive de vir: para escapar ao que me sufocava. Como se não houvesse outro lugar, outra cidade. Como um estilhaço de ferro é atraído por um íman. Agora devo esperar que algo aconteça, sem ter a mínima certeza de que vai acontecer, com a angústia acrescida de que algo aconteça sem que eu dê por isso, de falhar o inesperado (...) É preciso, creio, distinguir o que se sabe do que não se sabe; e o que não se sabe do que nem sequer se sabe que não se sabe. »

fiona bacana

Wednesday, March 16, 2005

Da razoabilidade

Da razoabilidade à vertigem de morte vai um passo. Um só passo.
O eco da palavra razoável é assustadoramente mortal. No dia em que esta palavra saiu da minha boca mais do que uma vez no mesmo dia, sabia que tinha envelhecido. Já nada tem o seu próprio valor, sem ter que ser pesado, medido, tido em consideração face aos seus prós e contras, o seu valor de mercado, a sua relação qualidade-preço, a sua vantagem competitiva.
A impulsividade é genuína. O equilíbrio advém de uma racionalidade inconcebível. A racionalidade dói e sempre magoará um impulsivo. A um instintivo, tirarem o prazer de um acto inconsequente soa a compromisso intolerável.
O mundo dos adultos prostitui. Mata o que há de genuíno. Preferiria, five by five, a vertigem da emoção à ausência desta. No fundo, um «campeonato de jogar dados no próprio peito».

fiona bacana

Monday, March 14, 2005

Frase do dia

«A apatia não é mais do que uma defesa contra a ansiedade ligada ao agir.»
(Costa, M.E., 1996)

Saturday, March 12, 2005

Prof. Diogo, Prof. Cavaco

Um Governo com tantos independentes!! Há um ou outro que para além de independentes, são soltos. O novo Ministro dos Negócios Estrangeiros que da ala centro-direita passa para a ala esquerda, por exemplo. Aquilo que mais me questiono, é que, dizia o Prof. Freitas do Amaral que em alturas difíceis, o país se deveria unir. Mas não entendo como é que é capaz de dar-se ao luxo de surpreender o país com tal mudança e ocupar uma pasta que de longe não tira o país da crise. Parece-me claro que uma aposta nacional no investimento nos países recém chegados à União é positivo. Mas até que ponto essa intervenção será efectiva por parte deste ministro? Será que o país se deve reunir em torno do Ministério dos Negócios Estrangeiros para que a dita "Salvação Nacional" se consuma? Não me parece.. parece-me inoportuna esta repentina viragem à esquerda do Professor, e creio que tanto este como o Prof. Cavaco (ambos líderes históricos dos dois partidos de Direita, e sem menosprezar a Nova Democracia ou PPM) deveríam recolocar-se nos seus devidos "postos" para a Salvação Nacional dos seus partidos políticos, esses sim, a necessitarem de novo impulso. Estar com aqueles que se projectam como vencedores é um papel fácil, e nada de novo traz ao país. O estímulo a uma oposição séria, de responsabilidade, de contrução, devem ser impulsionadas por estes líderes. Creio que nem um nem outro devem recusar o papel importante que tiveram na história recente do país, esquecendo ou trocando esses mesmos papéis.

Não tá fácil...

Que fim de semana negro: O F.C.P. levou 4 secos e um Governo PS tomou posse. Crise profunda no país, sem dúvida! Batemos no fundo ao ver um Benfica líder (ok, é justo). O problema é que se o Dragão cai na próxima semana ante o SCP, temo pelo pior..é só o Benfica tomar-lhe o lanço! De qualquer forma,isto de misturar política e futebol nunca deu certo...

João Thiago

Friday, March 11, 2005

Toma lá

Que cena, tipo, tu montas um cenário. Certo? Ou vê as cenas como um preparado de cozinha. Sei lá, como quiseres. A pintura sai borrada, e de repente na tua própria comida os sabores estão todos errados. E sabes o resultado? Tens de engolir com isso tudo! Anda lá pah, cada um tem o que merece e estas são daquelas frases que partem um gajo todo. E uma gaja também, isto é geral. Das duas uma: ou mastigas e te lixam os dentes e actuas porque o Grande Público está à espera e te torturas em palco, ou engoles e tens uma congestão dos diabos e vazas do palco com direito a tomates na cara,uma grande vaia e o inevitável reembolso! E no fim lembras-te: quem foi que montou o cenário? Não és nenhum artista nem cozinheiro, e pões-te em campos que não são nada teus!!! Toma lá que já comestes...


Nat Fontes

Noite torna-se a Vida

E quando amanhece? o Dia aparece e tudo é claro, por mais chuvoso e perdido. Está tudo lá, a luz, a água, o cheiro a terra, o movimento,..
Há muito que anoiteceu, não há sons senão o das folhas que caem com a brisa que teima ser fria e vira arrepio... Não há nada. Só há certezas, daquelas que não se querem certas.
As horas avançam e não há sinais de amanhecer, será que o Dia se perdeu?


Leo Fernandes

Thursday, March 10, 2005

Música do dia

The word written will never be the word read.

Ani Di Franco
«you had time»

how can i go homewith nothing to say
i know you're going to look at me that way
and say what did you do out there and what did you decide
you said you needed time and you had time

you are a china shop and i am a bull
you are really good food and i am full
i guess everything is timing
i guess everything's been said
so i am coming home with an empty head

you'll say did they love you or what
i'll say they love what i do
the only one who really loves me is you
and you'll say girl did you kick some butt
and i'll say i don't really remember
but my fingers are sore and my voice is too

you'll say it's really good to see you
you'll say i missed you horribly
you'll say let me carry that give
that to meand you will take the heavy stuff
and you will drive the car
and i'll look out the window and make jokes
about the way things are...»

Tuesday, March 08, 2005

Frase do dia

«Quem não me rói os ossos, não há-de comer-me a carne.»

Máxima enviezada do ditado popular ou... a lição de moral de uma estória ciclíca, absoluta e interminável que, como todas as histórias cíclicas, caminha para a entropia.

Sunday, March 06, 2005

Do quase, do tudo, do nada

Inicio aqui a minha hemorragia de textos. Não têm relevância estilística a maior parte deles. Confesso que a contundência das emoções, que para mim é o primado, às vezes é incompatível com a excelência estilística tanto prezada pelos críticos. Por isso, o que orienta a minha selecção de textos é o seu potencial emocional.

E pronto, dito isto, deixo o primeiro texto do dia.

Quase... (Luiz Fernando Veríssimo)

«Ainda pior que a convicção do não e a incerteza do talvez é a desilusão de um quase. É o quase que me incomoda, que me entristece, que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga, quem quase passou ainda estuda, quem quase morreu está vivo, quem quase amou não amou. Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos, nas chances que se perdem por medo, nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cór, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz. A paixão queima, o amor enlouquece, o desejo trai. Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor, sentir o nada, mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio termo, o mar não teria ondas, os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza. O nada não ilumina, não inspira, não aflige nem acalma, apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Não é que fé mova montanhas, nem que todas as estrelas estejam ao alcance, para as coisas que não podem ser mudadas resta-nos somente paciência porém, preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer. Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; pros amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma. Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance. Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar.»